domingo, 30 de dezembro de 2018

Posso me "livrar" das minhas dificuldades com a Constelação ?????

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"Você acha mesmo que um programa de desenvolvimento pessoal ou uma Constelação Familiar vai livrar alguém da gigante-realidade (por vezes insistente em ser dura, complexa e cheia de curvas)?


Vai deixar tudo limpinho, rosa, azul, asséptico, com trilha sonora tocando de fundo e tudo mais?

Eu mesma não tenho essa crença pueril aqui comigo. E não consigo vender tal promessa; falta-me estômago e cérebro.

Talvez o primeiro grande serviço da Constelação Familiar seja apresentar um mundo menos ilusório e anevoado para quem faz contato com essa filosofia.

Não. Eu não vou lhe salvar de seu destino, de sua complexidade, de sua família cinza e torta.

Não porque eu possa e não queira, mas porque não é um projeto possível. Eu lido com a terra e não com os deuses.

Eu posso ir como você até a sua família, porém. Durante a sessão a gente visita seu povo e os olha nos olhos - como eles são. Isso eu faço junto com você.

Os assassinos, os chatos, os bêbados, os insuportáveis. A gente vai lá e olha todos eles dizendo: vocês também!

Eis aí o resultado que muitos de nós, por vezes, não querem notar e sim afastar de si por medo de "contaminação".

Tal diagnóstico (no momento da sessão) já é o resultado, já é o caminho, já é a medicina, já é o colírio.

Entendo que tenha dor aí, que tenha pânico, que tenha cegueira em vários os sentidos. Mas, em algum momento a gente vai precisar conversar sobre o real e se relacionar com ele.

Não. Eu não sou uma consteladora-de-fé que quer salvar o mundo e que visa, no pós-sessão, oferecer o sobrecéu para o ajudado sentar-se em verdes paragens depois de cruzar o vale de lágrimas.

Sou uma consteladora-secular (por assim dizer). Compreendo, por causa de Bert Hellinger, que as tais Leis Sistêmicas existem grudadas em mim tal qual meu nariz e que eu não tenho acesso ao botão de liga-desliga delas.

Essas leis me compõem, fazem parte. Não há como amputá-las.

Uma delas diz, por exemplo: "respeite os que lhe antecederam, senão ferrou".

E o que pode ser feito depois de ler tal coisa?

Ou testa em si mesmo ou observa a vida de outros pra economizar seu tempo (ou quiçá, talvez, a sua própria jornada já lhe ofereça uma boa amostra).

Vai lá e viva desmerecendo seus anteriores, põem no forno pra assar uns 15 anos e vê o estrago. Se passar do ponto, tipo uns 25 anos, a coisa toda vira carvão. Se você tiver filhos reverbera neles. Pode testar. É batata. Aqui no meu consultório vejo casos e mais casos, dia após dia.

Estou colocando medo em você agora e estou lhe chantageando? Ou estou contando o que a gente vê na lida diária?

A Constelação Familiar nos aponta um lugar mais falível e menos onicompetente.

"Há limites" ela sussurra, "há limites, há leis".

Apenas os deuses ignoram as leis (ou quem se acha como eles).

Mas dessas leis aqui gente, nem Gilmar .... ops. Voltando.

Eu poderia dizer, então, que a gente entra numa Constelação se achando deus e que no pós-cf a gente sai bem pó mesmo: homens e mulheres, filhos de outros homens e mulheres comuns (nada de especial).

Eu não ajudo ninguém a fugir desse complexo da vida diária, é o oposto disso que nos faz grandes e enriquecidos: ir ao encontro do que é. Esse é o incentivo favorito dos meus atendimentos, textos, vídeos, vida.

Encorajo-me constantemente a fincar pé no real. Vivo a Constelação na minha carne e não só como carreirista (ou algo assim).

Por isso convido quem me procura que avance-vinculado, sem sonhos insanos, nas leis.

Assim funciona a nossa reforma de dentro. Pra frente e vinculado. Pra frente e vinculado. Presentes (em movimento)."



Isabela Couto- Psicanalista e Consteladora

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Lembro-me uma vez que uma cliente me ligou 1 mês após a constelação e disse:

"O que você fez naquela constelação só arruinou a relação com meu marido, que já não era boa...."

A cliente procurou-me para constelar a relação de casal, mas como o "campo" mostra o essencial...apareceu uma outra coisa que tinha prioridade no sistema familiar... e que tinha uma implicação direta com a questão da filha.

Aí conversamos um pouco e acabei por perguntar se nada havia acontecido de positivo, a qual respondeu.

"Ah... minha filha está falando, pois não falava quase nada apesar dos praticamente três anos."

Oi???????

Perguntei o que ela queria, e sugeri uma sessão para que ela pudesse perceber com mais clareza tudo que estava acontecendo, e a mesma respondeu:

"Quero constelar novamente . Essa história de sessão, eu não preciso, pois já tenho uma terapeuta e estou "cheia" de ficar falando. Eu quero constelar..."

Perguntei à ela quem era a terapeuta:ela ou eu...

Disse também que ela poderia refletir sobre o que conversamos, mas que nova constelação não era indicada.

Então... é assim...

Este texto de hoje retrata muito bem as "imaginações", "mágicas" que , em geral, as pessoas fazem sobre a constelação . 



Cada um com aquilo que é seu...como é...do jeito que é...

As três leis que regem os relacionamentos- segundo Bert Hellinger- podem ajudar na compreensão daquilo que se passa em toda nossa grande alma (família atual e ancestrais) através dessas publicações feitas no blog:


https://taispsi.blogspot.com/2015/01/leis-sistemicas-1a-hirerquia.html

https://taispsi.blogspot.com/2015/01/leis-sistemicas-2-o-pertencimento.html

https://taispsi.blogspot.com/2015/02/leis-sistemicas-3-dar-e-receber.html

Boa semana
Tais

domingo, 23 de dezembro de 2018

Tim Tim!!!!!

A imagem pode conter: uma ou mais pessoas e texto
Queridos amigos, leitores e clientes Os mais sinceros desejos de Boas Festas, juntamente 
Gratidão pelo ano especial que tivemos juntos e pela confiança em mim depositada.
Como sugestão segue link de matéria publicada com enfoque nos encontros familiares que normalmente ocorrem nesta época.
https://taispsi.blogspot.com/2016/01/familia-prato-dificil-de-preparar.html?m=0
Um grande e caloroso abraço 
Tais

domingo, 16 de dezembro de 2018

Abusado ou abusador: em que lado estou?


Há poucos dias atrás, estive participando de um curso avançado em tantra, onde tive a oportunidade de revisitar um lugar de muita incompreensão na minha história pessoal: abusos, sexualidade e prazer. Por que é tão difícil olhar para os abusos que vivenciei? Vou falar de mim: há um lugar de vergonha. Muita vergonha. Culpa e prazer. O permitido e o proibido. Todos sabemos que, quando nos deixamos levar por ele, o sexo é uma energia quase incontrolável, que nos toma e nos conduz a um lugar muito além dos certos e errados. Nas vezes em que acessei ter sido abusado, não creio que as pessoas envolvidas estavam querendo fazer “o mal”. Mas acabaram fazendo, afinal, na época eu não tinha como reagir. Como impedir. E não havia um consentimento, um entendimento. Ficou só o registro – que eu havia apagado durante anos da minha memória, de algo que foi ruim, mas talvez também tenha sido bom.


E esses ecos do passado me afetaram totalmente – no sentido de limitar minha capacidade de sentir prazer, de me entregar nas relações afetivas e permitir alçar os vôos magníficos que a sexualidade saudável proporciona.


Bem… falei tudo isso porque, novamente, vivemos um momento em que denúncias de abusos contra pessoas que estão num lugar de cuidadores, guias, líderes, treinadores e terapeutas estouram por todos os lados. Sendo um terapeuta, e também reconhecendo o meu lado abusado (e abusador!), senti vontade de falar um pouco sobre este assunto.


O abusado é um abusador em potencial – os padrões se repetem


Dando uma rápida busca pela internet, vi alguns depoimentos de psicólogos envolvidos nos trabalhos de acolhimento às pessoas em situações de abusos, onde eles garantem que aqueles que abusam foram também abusados na infância, principalmente os homens. A psicóloga Mery Oliveira, do Núcleo Forense do Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, diz: “apesar de não ser regra, são frequentes os casos em que meninos molestados invertem o papel na adolescência e na fase adulta.”


Aqui entramos na questão das repetições de padrão, que a constelação familiar sistêmica tanto demonstra como verdadeira. Inconscientemente, acabamos adotando os mesmos comportamentos que nos levam à dor, ao sofrimento, como forma de “pertencer” ao sistema de origem. Nos atraímos ao comportamento daquele que foi excluído: seja o abusador, ou o abusado. No fundo, estamos gritando para que a dor seja vista.


Alguns de vocês poderiam dizer: e você? Não se tornou abusador? Eu posso dizer que tive uma educação extremamente moralista, que acabou me restringindo na sexualidade. Embora tivesse desde a adolescência dificuldade de lidar com a sexualidade de uma forma mais tranquila, não tive o impulso (ou talvez a coragem) de me expor nesta área. Adotei um comportamento de repressão, ao invés de extroversão sexual e também por causa disso, fui buscar auxílio de terapia e caminhos espirituais, o que acabou me direcionando para trabalhos de cura. Mas também abusei de outras formas, como comento mais para frente.


Os que foram feridos, buscam se curar… e muitos, tornam-se curadores


Não somente na minha história, mas observando centenas de pessoas que passam pelos meus trabalhos e cursos, vejo que é quase uma regra: pessoas muito feridas, traumatizadas, buscam incessantemente a cura. E é frequente que desejam se tornar terapeutas, psicólogos, líderes espirituais, coaches, etc. Principalmente conforme vão curando suas dores, percebem que podem auxiliar no processo de muitos.


Porém, os padrões não desaparecem por encanto. As marcas dos traumas, inevitavelmente renascerão, conforme vamos trabalhando com traumas de outras pessoas. Pela lei da ressonância, nós, terapeutas, atrairemos pessoas que passam por problemas que têm sentido com a nossa história pessoal. E se têm aprendizados ainda não efetuados, é uma possibilidade que a gente caia diante desta prova. Podemos nos perder. E isso não é somente um privilégio do assunto sexo, mas relacionado a diversas outras áreas: com o corpo, com a saúde mental, financeira, relacionamento afetivo, vícios, etc.


O próprio terapeuta, possivelmente, não enxergará o processo. Pode ser que use os argumentos mais plausíveis, embasados em correntes de pensamento x ou y, possuindo as melhores das boas intenções, para justificar suas atitudes. Mas ele estará disseminando a dor. E essa é a prova de que algo está errado.


Não confie em milagres… confie em si


Todos nós, terapeutas que estudamos aquilo que fazemos, temos ótimos argumentos. Sabemos muita coisa. Temos bastante experiência e muitas pessoas realmente recebem benefícios através das técnicas que propomos. Porém, o trabalho é sempre do cliente mesmo. Não é a constelação familiar que fará algum milagre. Recebi dias desses um comentário de alguém que dizia estar decepcionado com a constelação. Embora não o conheça, entendo o ponto de vista. Acredito que muita expectativa foi colocada sobre o poder da constelação. Como se ela, por si só, faria uma mudança. Às vezes, esta expectativa é jogada sobre o terapeuta. O líder espiritual. O conselheiro. O médium. O guru. O coach.


Infelizmente, a nossa inabilidade emocional e a perda do bom senso abrem portas para todos os tipos de abuso: sexual, financeiro, moral, profissional, espiritual. E como terapeuta de constelação familiar, tenho que dizer que as primeiras relações de abuso que sofremos estão relacionadas aos nossos pais. Somos abusados em casa, de diversas formas, perdemos a confiança naqueles que deveriam nos proteger, alimentar, incentivar, amparar, afagar… e partimos pelo mundo buscando substitutos para estes pais. Às vezes, os abusos em casa são tão velados, que achamos que estamos sendo bem tratados. Achamos que a manipulação que a família nos impõe é sinal de cuidado. É preciso aprender a distinguir o que é amor verdadeiro – que liberta, e o que é apego e manipulação.


De que forma também abusamos?


Percebi que, da mesma forma que fui manipulado na infância – literalmente, para satisfazer o desejo de outros, cresci e aprendi a manipular os outros, para que satisfizessem os meus desejos. Teci relações, sejam de amizade, amorosas ou profissionais, buscando sempre ser aprovado. Ser visto. Validado. Querido. Queria ganhar, e somente para mim. Usufrui de muitas coisas conquistadas nestas relações, mas eu dei muito pouco. Estava fechado para o outro, afinal, eu não queria me expor a novos abusos. E embora não tenha abusado ninguém, sexualmente falando, abusei de outras formas – tenho plena consciência disso. Ao fechar meu coração e limitar o meu amor, minha compreensão, eu estava, sim, abusando. Com isso, acabei atraindo novas situações de humilhação. Abandono. Rejeição. Não conseguia viver em prazer comigo mesmo, e com o meu corpo, porque o prazer depende, literalmente, do fluir da energia sexual em meu sistema. E isso eu não permiti.


Gostaria, por isso, de deixar esta pergunta, para você que realmente busca se conhecer e quer abrir seu coração para viver uma vida de prazer:


– de que forma também eu abuso?


Evite a fácil tendência de, diante das notícias dos dias de hoje, julgar, culpar e condenar aqueles que abusam. Se tantos abusos estão se mostrando, sistemicamente existe muita dor para ser integrada, em todos nós. E principalmente naquele que se sente atingido por estas notícias. Existe abusador e abusado dentro de nós. Está na hora de olharmos para eles.
Alex Possato
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Achei oportuno o momento para que publicasse algo nesse sentido.
Já ha um ano iniciei esta abordagem aqui mesmo no blog (https://taispsi.blogspot.com/2017/06/lealdades-invisiveis-e-auto-sabotagem.html) no intuito de proporcionar a possibilidade à alguns, de tornarem-se conscientes de que somos os  nossos pais e a nossa ancestralidade...
Pelas leis dos relacionamentos que regem nossa vida, toda exclusão dentro do sistema familiar ( família atual e antepassados),pelos mais diversos motivos (separações, suicídios, guerras, vícios etc ), permanecem  aguardando que a família de um lugar dentro do sistema familiar a que ele tem direito. E, enquanto isso não acontece, algum descendente, através das mais variadas situações ( doenças, dificuldades , etc) nos obrigarão a olhar para esta exclusão.
A constelação familiar proporciona esta oportunidade de nos tornarmos conscientes, incluindo tudo aquilo que aconteceu em nosso sistema familiar, com amor.
Uma excelente semana, com inclusões...
Tais


domingo, 9 de dezembro de 2018

Como pode manifestar-se em mim, "algo" de meus antepassados?

Resultado de imagem para imagem constelação familiar
"Como a memória transgeracional passa de uma pessoa para outra... Como ocorre toda esta dinâmica????



Não sabemos. Esse ''saber'' extraímos diariamente da experiência e não da análise cartesiana. É observável pelos efeitos. Mas não sabemos sobre os mecanismos (passo-a-passo).

Assim como a Lei da Gravidade. Só conhecemos a gravidade pelos efeitos (objetos caindo). Mas nem os físicos conseguem explicar a gravidade em sua completude. Pela observação conhecemos suas forças, contudo.

Por isso encaixamos as Constelações Familiares nas palavrinhas empírico e FENOMENOLOGIA (observamos fenômenos naturais da consciência sapiens).

Mesmo sem explicar tim tim por tim tim como funciona um smartphone, usamos um todos os dias. Mesmo sem entender tim tim por tim tim o funcionamento do carro, usamos um todos os dias.Mesmo sem saber muito bem como funciona a consciência sapiens, usamos a nossa todo santo dia. Estamos mergulhados na consciência arcaica e no nosso psiquismo (mesmo que racionalmente não nos expliquemos muito bem e vivamos conflituados).

Há teorias, entretanto, que tentam abarcar esse fenômeno de consciência sapiens.

Os espiritualistas põem na conta dos espíritos ou de forças divinas. Os estudiosos do subatômico põem na conta da quântica. Os biólogos põem na conta dos campos mórficos. Os antropólogos/ sociólogos põem na conta da história de nossa espécie e de toda psicologia sapiens aí envolvida na evolução (consciência de grupo, por exemplo). E devem haver muitas outras.

Enfim, mas no fundo não se explica esse fenômeno que vemos na Constelação Familiar cartesianamente. Há hipóteses como eu disse; mas por hora nos resta apenas observamos fenomenologicamente e vivenciarmos empiricamente (via experiência) o ''como'' lidamos com nosso dia-a-dia e nossas questões humanas.

Ainda estamos na mudança. Impermanência."

Isabela Couto - https://isabelacouto.com/atendimento-cf-e-psicanalista/
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Os escritos da Isabela são como luvas, que se encaixam perfeitamente nas dúvidas dos clientes.
Eu como psicóloga, há uns anos atrás colocava a Constelação Familiar como uma forma de psicoterapia. Hoje isso está em transformação.
Antes eu as auxiliava com uma psicoterapia - e recebia pessoas doentes tanto física como emocionalmente. E nisto inseria a constelação e obtinha bons resultados.
Antes eu percebia o cliente como alguém que estava mal, um 
"necessitado", digamos assim.
Hoje não mais. A partir do momento que estudei sobre as Leis do Amor segundo Bert Hellinger (http://taispsi.blogspot.com/2016/09/as-ordens-da-ajuda-segundo-bert.html), passei a estudá-las profundamente e percebi que ao "ferir" essas leis, naturalmente vamos para algum tipo de dificuldade ou sintoma.
A constelação nos mostra, através dos representantes, que a ela está em conexão com o campo sistêmico do cliente ( sua família de origem, antepassados ...) , assim como em conexão com os movimentos da alma. E ela nos mostra a resposta.
Eu sou , dentro do sistema do cliente que trouxe uma questão, a menos importante, pois , na ordem, eu cheguei depois da família dele.
E assim posso seguir, facilitando esta descoberta de Bert Hellinger chamada Constelações Familiares.
Boa semana e fiquem no amor e no respeito por toda sua ancestralidade.
Tais

domingo, 2 de dezembro de 2018

Fluindo com o Rio da Vida

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A cada instante de nossa vida podemos escolher entre a flexibilidade ou a rigidez. Se vamos fluir com a correnteza ou nadar no sentido contrário a ela, opção que nos trará certamente muito cansaço e dor.

A imagem que associa o correr de nossa existência com a de um rio fluindo calmamente, tem sido utilizada por muitos Mestres, inclusive Buda, pois ela é perfeita para demonstrar que existe um ritmo na natureza, que é constante, mas relaxado e sem pressa.

Nós, seres humanos, ao contrário, estamos sempre tentando apressar o curso dos acontecimentos, ansiosos por ver nossos desejos satisfeitos o mais rápido possível.

Não percebemos que esta atitude, ao invés de atrair o que desejamos, parece afastar ainda mais de nós a concretização de nossas metas. Aprender a fluir com o rio da vida de modo tranqüilo e confiante é uma lição essencial, para quem busca a paz interior.

Quando percebemos, finalmente, que a entrega e a confiança são as armas mais eficazes para trazer a nós o que precisamos, nos surpreendemos ao constatar como uma descoberta tão simples, pode se ocultar de nós, por tanto tempo.

Enquanto vivemos sob o domínio da mente racional, que acredita poder determinar o ritmo dos acontecimentos de acordo com a nossa vontade, seguimos ignorando esta harmonia oculta, que rege a existência.

Ela não segue nenhum ditame determinado pelo ego, mas tem sua fonte na infinita sabedoria da criação. Tomar consciência desse mistério é a chave que nos ajudará a fluir de modo confiante e sereno, com a corrente da vida.

" O trabalho do meditador: encontrar o fio.

O mundo está em constante fluxo, ele é como um rio. Ele flui, mas por trás de todo esse fluir, mudança e fluxo, deve haver um fio comum que mantém tudo unido. A mudança não é possível sem algo que permaneça absolutamente sem mudar. A mudança pode existir somente junto com um elemento imutável, ou as coisas se desintegrariam.

A vida é como uma grinalda: não se percebe o fio que corre através das flores, mas ele existe e as une. Se o fio não estivesse presente, as flores cairiam cada uma para um lado; haveria um amontoado de flores, e não uma grinalda. E a existência não é um amontoado, é um padrão muito bem enredado. Mudanças estão ocorrendo, mas algum elemento imutável mantém uma lei cósmica por atrás de tudo. Essa lei cósmica é chamada de sadashiva, o Deus eterno, o Deus atemporal, o Deus imutável. E este é o trabalho do meditador: encontrar o fio.

Existem somente dois tipos de pessoas. 

Um deles é o que fica muito encantado com as flores e se esquece do fio. Ele vive uma vida que não pode ter qualquer valor durável ou significativo, porque tudo o que ele faz se desvanecerá. Hoje ele o fará, amanhã se dissolverá. Será como fazer castelos de areia ou lançar barcos de papel. 

O segundo tipo de pessoas procura o fio e devota toda a sua vida àquilo que sempre subsiste; esse nunca será um perdedor... É uma grande aventura além do tempo, além do espaço; e esse além existe dentro de você."
OSHO, Believing the Impossible before Breakfast.
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Para completar esta  trago algo de Bert Hellinger (do livro - No centro sentimos leveza, Bert Hellinger, Cultrix, p.53) , dentro do contexto das Constelações Familiares e Organizacionais - sobre "acolher" tudo o que nos acontece, da forma que é... independente de nossos conceitos de "bom ou ruim". Afinal , nas constelações podemos perceber que "tudo está a serviço de algo maior, e, portanto, tudo está certo". 
Acolhendo desta forma a vida torna-se mais leve e ela (a vida) pode fluir...como um rio... sem precisarmos usar da "força" pra ser como nosso ego quer!
Liberdade 

"Um discípulo perguntou a um mestre: “Diga-me, o que é a liberdade?”

“Que liberdade?”, perguntou-lhe o mestre. “A primeira liberdade é a estupidez. Lembra o cavalo que relinchando derruba o cavaleiro, só pra sentir depois o seu pulso ainda mais firme.

“A segunda liberdade é o remorso. Lembra o timoneiro que, após o naufrágio, permanece nos destroços em vez de subir no barco salva-vidas.

“A terceira liberdade é a compreensão. Assemelha-se ao caule que se balança com o vento e, por ceder onde é fraco, permanece de pé.”

“Isso é tudo?”, perguntou o discípulo.

O Mestre retrucou: “Algumas pessoas acham que são elas que buscam a verdade de suas almas. Contudo, é a grande Alma que pensa e procura por meio delas. Como a natureza, ela pode permitir-se muitos erros, porque está sempre e sem esforço substituindo os maus jogadores. Mas àquele que a deixa pensar ela concede, ás vezes, certa liberdade de movimento. E, como um rio que carrega um nadador que se deixa levar, ela o leva até a margem, unindo sua força à dele.” "

Boa semana, lembrando que teremos grupo de Constelações, neste sábado - 8 de dezembro - em Curitiba.
Você é meu convidado para conhecer/participar deste  trabalho que está  a serviço da Vida. Segue abaixo as informações.
A imagem pode conter: oceano e texto


domingo, 25 de novembro de 2018

Constelação Familiar - a cura de um sintoma

mulher-cidade
Em um estudo extraído do livro de Stephan Hausner ( referência sobre o livro e o autor estão ao final do estudo) a cliente relata sua sessão de Constelação familiar e como o sintoma existente regrediu até seu desaparecimento.

"A paciente alemã vive a 18 anos em Barcelona e está casada com espanhol. Eles têm um filho de 4 anos. Há muito tempo ela não tem certeza se deve ou não separar-se do marido e voltar para Alemanha.

Nessa situação tensa ela desenvolve uma infecção crônica dos seios maxilares e frontais, que vem resistindo a ingestão de vários antibióticos. Em 2 de fevereiro de 2005, a paciente precisou ser operada porque a inflamação estendeu-se os canais auditivos, com um sério risco de encefalite.

A cirurgia e uma subsequente terapia intravenosa com penicilina impediram a progressão da enfermidade, sem que se obtivesse a cura. Em março de 2005, os sintomas voltam a agravar-se e a paciente comparece a um seminário de constelações em Barcelona, sentindo forte dores de cabeça e uma crescente sensibilidade à luz.

Decidi fazer a constelação da doença com a inclusão do conflito atual da paciente. Os sintomas regrediram duas horas depois da Constelação, e a paciente enviou-me um agradecimento. Posteriormente pedi-lhe que escrevesse um relato pois já não me lembrava bem dos detalhes da Constelação. Eis o relato da paciente:

Explicação:
Nesta introdução, Stephan Hausner estabelece qual a questão que está sendo trazida pela cliente e quais são suas primeiras percepções de como proceder com a constelação. Em seu livro, ele deixa claro sua posição – que também seguimos – de que a Constelação Familiar é um auxílio e não substituto para o tratamento tradicional, conduzido por especialistas. Dessa forma, ele acredita que quando possível, a Constelação de doenças e sintomas de saúde liga o paciente com o estado interno de cura, otimizando os resultados conquistados pelo tratamento tradicional.

A volta para casa

A questão original que eu esperava esclarecer com a ajuda de uma constelação era se eu deveria ceder ao meu crescente desejo de retornar à Alemanha e, em caso afirmativo, como poderia dar esse passo.

Devido a uma nova piora do meu estado de saúde, releguei minha intenção ao segundo plano. Assim, quando fui informada de um seminário de constelações para doentes, espontaneamente me inscrevi para ele.

Durante a participação no grupo, piorou muito o meu estado físico, e minha questão ficou reduzida ao intenso desejo de curar-me, inclusive permanecendo na Espanha, se fosse preciso.

Antes de fazermos a constelação, descrevi inicialmente minha atual situação de vida e você me interrogou sobre acontecimentos especiais na minha família de origem. Tenho uma irmã mais nova e uma meia-irmã apenas um ano mais velha do que eu.”

Um caso na Suécia

“Meu pai e minha mãe se conheceram muito jovens, foi o seu primeiro amor.

Quando já tinham seu relacionamento firme há vários anos, meu pai viajou com uns amigos, uns soldados americanos que depois da guerra ficaram estacionados perto de sua cidade. Foram passar o natal na Suécia, onde dois americanos tinham namoradas firmes.

Os soldados regressaram um dia antes do meu pai, e le teve com uma das mulheres um “encontro” único que marcou seu destino, porque essa noite foi concebida minha meia-irmã.

Quando meu pai soube da gravidez, não admitiu a idéia que poderia ser o pai da criança. Achou natural presumir que o pai deveria se o americano com quem a mulher se relacionava. Para ele sempre foi claro que devia permanecer com a minha mãe.

Sua “escapada” permaneceu em segredo até que minha meia-irmã, então com 36 anos, procurou seu verdadeiro pai e o encontrou.

Desde então, mantenho regularmente um bom contato com essa meia-irmã, embora não muito frequente, porque ela mora nos Estados Unidos e nós na Europa.”

A constelação

“Em primeiro lugar, fui solicitada a escolher representantes para mim e para a doença. As representantes se rodeavam, mas minha representante manifestamente se afastava da doença e recusava o contato com ela.

Depois de algum tempo você me pediu que acrescentasse representantes para a Espanha e a Alemanha.

Minha representante se aproximou imediatamente da representante da Espanha e se apoiou nela pelas costas. Então a representante da doença deu três passos para trás.

Explicação:
É comum durante o atendimento da Constelação, a postura dos representantes mostrarem aspectos profundo da relação do cliente com coisas que vemos como inanimadas ou que não imaginamos uma correlação direta. Neste caso, é interessante notar como a cliente estava conectada com a Espanha (um país que, ao final da descrição deste caso você compreenderá que tinha uma ligação com a história de sua família). Vemos, em muitas constelações como, muitas vezes, os descendentes de pessoas que imigraram ainda se mostram conectados com acontecimentos e raízes que ficaram lá no país de origem.

Você não confiou nessa retirada da doença, e precisei introduzir representantes para minha mãe e meu pai e ainda, nos passos seguintes, para a mãe da minha meia-irmã e, finalmente, para minha meia-irmã.

A representante de minha mãe não sentia ligação com nenhuma das pessoas consteladas. Minha mãe tinha perdido o pai aos 2 anos de idade e sua representante parecia estar presa a este trauma prematuro.

Entregar a quem pertence

O representante do meu pai não deixava transparecer seus sentimentos por ninguém e olhava para a imagem da constelação com um olhar desafiador. Minha meia-irmã e a mãe dela estavam com muita raiva dele.

Nesse ponto tive de entrar pessoalmente na constelação, e fui colocada a uma certa distância da minha meia-irmã.

Imediatamente comecei a chorar, sentindo uma mistura de alívio e alegria de vê-la, mas também tristeza por causa de sua longa ausência.

Foi ainda colocada junto de nós uma representante da minha irmã mais nova, e você nos virou, afastando-nos do nosso pai, o que me proporcionou muito alívio. Eu tinha dado um lugar a minha meia-irmã, tomando o lugar do meu pai, por assim dizer, e assumindo uma responsabilidade que cabia a ele.”

Explicação:
É possível perceber aqui a dinâmica da quebra da ordem no sistema, que é quando alguém de uma geração posterior tenta compensar algo feita por alguém de uma geração anterior. Nesse caso, a cliente se dá conta que toma uma questão que era de seu pai para si, em um movimento que ela experimenta como um peso para sua vida.

Lealdade e arrogância

“Percebi então que deveria abrir mão dessa responsabilidade e entregá-la a meu pai, pois ele precisava carregar isso sozinho. Eu me virei várias vezes na direção dele, e imediatamente voltei a sentir a lealdade que me era familiar.

Mesmo sabendo que o certo era afastar-me, era difícil para mim deixá-lo “só” com essa responsabilidade.

Como imagem final lembro-me apenas de que nós, as três irmãs, ficamos juntas e com uma boa ligação, a uma certa distância do nosso pai e representante da doença formavam um grupo separado que olhava com interesse.

Explicação:
A frase da cliente “mesmo sabendo que era certo me afastar, era difícil para mim deixá-lo só” mostra as forças que atuam nas crianças dentro do amor e da lealdade familiar, que Bert Hellinger fala em seus textos e que se mostra verdadeiro na vida dos clientes. A cliente em questão não é mais uma criança, porém percebemos em nossa experiência que na alma a postura interna é a mesma: desejamos resolver os problemas de nossos pais.

Já não me lembro onde ficavam os representantes da Alemanha e da Espanha. O que entretanto jamais esquecerei foi quando você disse que eu teria ido para a Espanha para salvar a minha vida, e caso a deixasse, deveria fazê-lo com uma profunda gratidão.

No mesmo dia minhas dores de cabeça cessaram e o meu nariz começou a escorrer. Assim continuou por duas semanas e depois disso fiquei de novo curada.

Nessa época decidi voltar com meu filho para a Alemanha. Combinei com meu marido um tempo de separação. Mantínhamos regularmente um bom contato e começamos a fazer terapia de casal.

Hoje vivemos juntos na Alemanha e temos mais um filho. Durante essa gravidez houve um leve retorno da sinusite frontal e maxilar, que entretanto foi possível controlar com um tratamento homeopático.”

Resultados

“Um resultado importante e duradouro para mim foi ter reconhecido,com a ajuda do seminário de constelações, que o meu difícil relacionamento com a minha mãe decorre, entre outras causas, da minha lealdade para com meu pai.

Essa lealdade foi rompida no momento em que entrei na constelação e olhei nos olhos da minha meia-irmã. Sinto que foi realmente importante e salutar para mim ter conseguido sem remorsos uma boa relação com minhas irmãs e ter podido deixar o peso com os meus pais.

Somente dois anos depois da constelação vim a saber, de repente, que a história da minha meia-irmã começou na Espanha.

Explicação:
Essa é a força que move nossa vida. As muitas “coincidências” que movem a Constelação Familiar e que também foram abordadas por Anne Ancelin na Psicogenealogia. 
Devemos compreender que “a gente não sabe que sabe”. Essa afirmação da cliente deixa isso claro. O quanto estamos expostos ao campo da nossa história familiar, e como ele atua no nosso movimento na vida.

Seis meses antes da viagem à Suécia, meu pai e seus amigos conheceram as suecas quando desfrutavam das férias de verão em Tossa, um lugar a apenas 80km de Barcelona.

Os dois americanos começaram então a namorá-las, e no natal do mesmo ano, meu pai viajou com eles para a Suécia. Será essa a origem do desejo de ir para a Espanha desde menina?”"

Fonte:https://iperoxo.com/2018/04/03/sinusite-um-estudo-de-caso/?fbclid=IwAR1lKCaVyykPf1mEfPt3pYC0-gUadbYWnurD_2mlfAfp98eIOiOmE_EgFRA
Stephan Hausner é um dos maiores especialista em Constelação Familiar de sintomas e doenças. Seu livro “Constelação Familiar e o caminho da cura” é referencia no estudo dos processos que investigam a origem dos sintomas em nossa saúde. Ele é Alemão, nascido em Munique em 1963 e atua profissionalmente desde 1988. Formou-se em Constelação Familiar com Bert Hellinger. 


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Importante destacar que , na maioria das vezes, ignoramos em âmbito consciente, o que se passa em nossa vida. A Constelação acessa, através do "campo", os emaranhamentos aos quais estamos vinculados.
E na verdade o cliente sempre tem as repostas - ele apenas não sabe que sabe - ou seja, não está consciente. 
Nós terapeutas facilitamos através das  constelações, para que o inconsciente se mostre, podendo assim, incluir aquilo que está excluído, desequilibrado ou em desordem no sistema familiar do cliente.
Excelente semana, agora "de posse" dessas informações que podem abrir muitos caminhos para as soluções em sua vida.
Taís 
(Psicóloga - CRP 08/1336 e Consteladora Sistêmica Familiar e Organizacional)

domingo, 18 de novembro de 2018

Como olhar para o aborto? Homem e mulher...

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Cliente:E quando seu aborto foi contra a sua vontade, com apenas 15 anos, e fruto de um estupro? Como vou dizer que sou mãe de um filho de um homem que me violentou?

Terapeuta:Oi. Entendo a grandeza de sua questão. A Constelação Familiar nos propõe olharmos para a REALIDADE como ela é. 

O não-dito, o não-olhado, o evitamento, as exclusões; tudo são fatos. É impossível ignorá-los - ao menos é isso que tem se revelado na nossa experiência como sapiens. 

Superficialmente até conseguimos esconder algo assim por algum tempo, mas depois tudo vem fortemente à tona. É como tentar segurar uma bola cheia de ar debaixo da água. Temos algum êxito por algum tempo (mas só isso). Passado alguns poucos minutos, o músculo começa a dar sinais de fadiga e fica trêmulo. Até que a bola cheia de ar e as leis da física nos vencem. 

Com a vida-consciencial não é diferente. Há leis aí. A nossa vida psíquica, pouco diversa do exemplo da bola, é cheia de ''outro-ar'' que chamamos de consciência-arcaica. 

A consciência arcaica é inconsciente (ou seja, age sem nos apercebermos e pouco se importa com nossos comandos e quereres). Ela é tipo um rim que funciona independente de nosso arbítrio, entende? É algo forte e natural. E, assim como o rim tem uma função orgânica para manter tudo funcionando direitinho, a consciência arcaica também tem lá suas funções para manter o grupo vivo. 

Uma dessas funções parece ter a ver com o que chamamos de Lei do Pertencimento (uma lei natural dentro da nossa consciência). 

Se houve uma vida gestada naquele sistema ela precisará ser contabilizada (em que circunstâncias for). 

A inclusão acalma a consciência-arcaica e ela volta a dormir (deixando-nos em paz). 

Essas leis que moram na nossa consciência são insubmissas aos nossos desejos e às nossas justificativas, tais como ''mas foi estupro''. Dito assim parece duro e áspero, mas é como funciona essa espécie de órgão natural e psíquico que Bert Hellinger chama de consciência arcaica.

Esconder uma cidade luminosa no alto da montanha é impossível. Fato é fato e contra eles não há argumentos. 

Desse evento em sua adolescência aconteceu uma vida. Esse episódio precisa ser metabolizado (assimilado) em todo seu aspecto por mais dolorido que seja; isso, claro, caso se busque mais leveza e paz na alma (na medida do que lhe for possível, obviamente). 

Então, respondendo você, baseado na CF, eu diria: olhe para a realidade. 

Há um filho, há um estupro, há um aborto, há você em meio a isso tudo. Olhe e vá dizendo a si mesma e aos poucos ''do jeito que foi, eu tomo''. 

Se é fácil? Claro que não. Mas essa é a sua biografia e a sua história. Aí ganha-se força. Plantada na realidade.

Isabela Couto - Psicanalista e Consteladora
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Para facilitar o entendimento, um pouquinho sobre a consciência moral e consciência arcaica: o que é e suas consequências.

As constelações familiares colocam em equilíbrio a consciência arcaica e a consciência moral em relação aos excluídos.

Temos uma consciência moral que regula o que preciso fazer para pertencer, sendo isso plenamente consciente ou não. Podemos experimentá-la como boa ou má conforme nos sentimos culpados ou inocentes. Ela exige a exclusão.

E temos também uma consciência arcaica, primitiva mesmo, da era do surgimento do homem, onde os grupos necessitavam ser coesos para assegurar a sobrevivência. Ela não tolera exclusões. Essa lei sistêmica atua na alma até hoje. Isso nós vemos nas constelações familiares. Quando alguém foi excluído no sistema, a pressão de uma outra "instância" faz com que ele seja mais tarde representado por uma outra pessoa na família. Portanto, considerando o processo em seu conjunto, a exclusão é impossível. Assim, a consciência arcaica não tolera exclusões.

A moral exige que alguém seja excluído, porém, o excluído permanece no campo, por exigência da consciência arcaica. Por isso ele vem a ser representado no campo. Isso se manifesta na constelação, na medida em que outro membro da família tem os mesmo sentimentos do excluído ou chega mesmo a repetir o destino dele, esse é o enredamento, que aparece quando se faz uma constelação. Aí se manifesta o poder do campo e a impotência da moral.

A consciência arcaica também exige hierarquia. As pessoas fracassam, morrem e adoecem quando infringem essa hierarquia.

Pelos efeitos das constelações podemos ver como a cegueira da consciência moral é a causa dos enredamentos, eles se tornam visíveis e são resolvidos. A volta à consciência arcaica é um reconhecimento. Tornamo-nos conscientes de que algo foi reprimido, excluído. Isso muda algo no campo, por exemplo, na família ou para o indivíduo, sem que com isso se abandone o campo. Assim instala-se a paz e a liberdade.
(baseado no livro Um lugar para os excluídos – Bert Hellinger)
Podemos sempre incluir todos ( sem exceção) da nossa família, em nosso coração, com amor...
Boa semana
Tais

domingo, 11 de novembro de 2018

Semelhante atrai semelhante

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"Somente uma pessoa amorosa, aquela que realmente é amorosa; pode encontrar o parceiro certo.

Essa é minha observação: se você está infeliz você irá encontrar alguém também infeliz. Pessoas infelizes são atraídas pelas pessoas infelizes. E isso é bom, é natural. É bom que as pessoas infelizes não sejam atraídas pelas pessoas felizes; senão elas destruiriam a felicidade delas. Está perfeitamente bem.

Somente pessoas felizes são atraídas pelas pessoas felizes. O semelhante atrai o semelhante. Pessoas inteligentes são atraídas pelas pessoas inteligentes; pessoas estúpidas são atraídas pelas pessoas estúpidas.

Você encontra as pessoas do mesmo plano. Então a primeira coisa a lembrar é: um relacionamento está fadado a ser amargo se este surgiu da infelicidade.

Primeiro seja feliz, seja alegre, seja festivo e então você encontrará alguma outra alma festiva e haverá um encontro de duas almas dançantes e uma grande dança irá surgir disso.

Não peça por um relacionamento a partir da solitude, não. Assim você estará indo na direção errada. Então o outro será usado como um meio e o outro lhe usará como um meio. E ninguém quer ser usado como um meio! Cada indivíduo único é um fim em si mesmo. É imoral usar alguém como um meio.Primeiro aprenda como ser só. A meditação é um caminho para ficar sozinho.

Se você puder ser feliz quando você está só, você aprendeu o segredo de ser feliz. Agora você pode ser feliz acompanhado. Se você é feliz, então você tem alguma coisa para compartilhar, para dar. E quando você dá, você obtém; não é de outra maneira. Assim surge uma necessidade de amar alguém.

Geralmente a necessidade é de ser amado por alguém. É a necessidade errada. É uma necessidade infantil; você não está amadurecido. É uma atitude infantil.

Uma criança nasce. Naturalmente, a criança não pode amar a mãe; ela não sabe o que é amar e ela não sabe quem é a mãe e quem é o pai. Ela está totalmente desamparada. Seu ser ainda está para ser integrado; ela ainda não está reunida.

Ela é somente uma possibilidade. A mãe precisa amar, o pai precisa amar, a família precisa banhar a criança de amor. Agora ela aprende uma coisa: que todos têm que amá-la. Ela nunca aprende que ela precisa amar. Agora a criança irá crescer e se ela permanecer presa nessa atitude que todo mundo tem que amá-la, ela irá sofrer por toda sua vida. Seu corpo cresceu, mas sua mente permaneceu imatura.

Uma pessoa amadurecida é aquela que chega a conhecer a necessidade do outro: que agora tenho que amar alguém.

A necessidade de ser amado é infantil, imatura. A necessidade de amar é maturidade.

E quando você está preparado para amar alguém, um belo relacionamento irá surgir; de outra maneira não.

"É possível que duas pessoas num relacionamento sejam más uma para com a outra"?

Sim, isso é o que está acontecendo por todo o mundo. Ser bom é muito difícil. Você não é bom nem para si mesmo.

Como você pode ser bom para outra pessoa?

Você nem mesmo ama a si próprio! Como você pode amar outra pessoa? Ame a si mesmo, seja bom para si mesmo.

Os seus assim chamados santos têm lhe ensinado a nunca amar a si mesmo, para nunca ser bom para si mesmo.

Seja duro consigo mesmo! Eles têm lhe ensinado a ser delicado para com os outros e duro para consigo mesmo. Isso é um absurdo.

Eu lhe ensino que a primeira e mais importante coisa é ser amoroso para consigo mesmo. Não seja duro; seja delicado.

Cuide de si mesmo. Aprenda como se perdoar, cada vez mais e novamente; sete vezes, setenta e sete vezes, setecentos e setenta e sete vezes. Aprenda como perdoar a si próprio. Não seja duro; não seja antagônico consigo mesmo.

Assim você irá florescer.

Nesse florescimento você atrairá alguma outra flor. Isso é natural. Pedras atraem pedras; flores atraem flores. Assim há um relacionamento que possui graça, que possui beleza, que possui uma bênção nele.

Se você puder achar um relacionamento assim, seu relacionamento crescerá para uma oração; seu amor se tornará um êxtase e através do amor você conhecerá o que é o divino."
Osho
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O Amor Próprio
Bert Hellinger nos ensina que devemos aceitar a vida como ela é.
Quando os pais dão a vida, agem de acordo com o mais profundo da sua humanidade, e dão-se enquanto pais aos seus filhos exatamente como são. Não podem adicionar qualquer coisa ao que são, nem podem deixar qualquer coisa de fora.

Pai e mãe, consumando o seu amor um pelo outro, dão aos seus filhos tudo o que são. Assim, a primeira das Ordens do Amor dentro do sistema familiar é que os filhos tomam a vida como ela lhes é dada. Uma criança não pode deixar qualquer coisa de fora da vida que lhe é dada, nem o desejo de que ela seja diferente vai mudar alguma coisa.

Aceitar nossos pais tal como são é um movimento muito profundo. Implica o nosso acordo com a vida e o destino, exatamente como nos são apresentados pelos nossos pais; com as limitações que são inerentes a isso. Com as oportunidades que damos a nós próprios. Com o enredo no sofrimento, má sorte e culpa da nossa família, ou sua felicidade e boa sorte, tal como pode acontecer.

Diante deste contexto, podemos nos olhar no espelho e ver que viemos de uma história de amor e que a partir dessa conexão podemos trabalhar o nosso amor próprio.

Vamos simplificar as relações? 
Este é um ótimo início... Boa semana

domingo, 4 de novembro de 2018

Constelação Sistêmica: os efeitos colaterais de acessar a luz


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"Quando alguém realiza uma constelação sistêmica, está, na realidade, trabalhando a mente, as emoções, o corpo e as energias envoltas na questão. Atingimos o inconsciente individual e também o inconsciente familiar coletivo. A base da constelação é a inclusão, e incluir uma emoção profunda irá, fatalmente, repercutir em todas as áreas onde esta emoção profunda estava agindo antes. Por exemplo, se uma dor inconsciente estava atraindo relações desastrosas, ao ser vista, incluída e deixada de lado, a tendência é que as relações se tornem mais harmônicas.

Porém, é importante entender que o ser humano é um ser holístico, integrado ao seu ambiente, ao corpo, às emoções, aos pensamentos e ao espírito, tanto seu, como de pessoas em sua volta. Assim, tudo o que vivíamos antes, quando identificados com uma dor do sistema familiar, deixará de ter sentido, após ter feito a constelação. Ou seja, os pensamentos fixos, as emoções antigas, relações pessoais e as sensações do corpo que estavam ligadas a esta dor, irão modificando.

A constelação, às vezes, provoca uma reação em cadeia. Não é em todos os casos, mas pode ser que os pensamentos fiquem confusos, sonhos ocorrem, abertura da mediunidade e percepção extrassensorial, questões físicas e pequenas doenças… É um processo que no xamanismo costuma-se dizer “limpeza”.

Eu gosto de usar o termo “afinação do instrumento”. Veja bem, querido. Se estávamos acostumados a dores inconscientes, nossa mente só ficava pensando em problemas, sofrimento, se perdendo em emoções como raiva, medo, angústia, insegurança… O corpo, sem dúvida, está afetado por estas emoções e pensamentos, e os órgãos físicos que processam a energia emocional da raiva, medo, etc., são também afetados. Subitamente, não existe mais a exclusão da dor, e ela deixa de atuar no sistema. É como você vivesse anos e anos carregando uma tonelada nas costas, subindo um morro, e de repente, não está mais com o peso e sente-se num caminho plano. Terá que acostumar a andar desta forma nova.

Pode parecer esquisito, mas estamos muito mal acostumados com o sofrimento. Nossa mente condicionou-se a ver as coisas difíceis, olhar para os obstáculos, sofrer com o problema próprio e dos outros, pensar demais e desnecessariamente, e quando não sentimos mais esta compulsão, temos muita dificuldade em readaptar-se à luz, que é o nosso estado natural.

O que é luz, especificamente? É a sensação consciente de que estamos sendo conduzidos, guiados e protegidos. É perceber o próprio talento e dar credibilidade a ele. É projetar o sucesso pessoal. É ansiar por uma relação excelente e mover-se em direção a isso. É estar bem com o próprio corpo. Estar com a mente em paz e a intuição aflorada. As emoções vistas, sob controle. O vigor físico em ordem. Como um velho instrumento mal usado e empoeirado, aos poucos ele vai sendo limpo e afinado, para poder tocar a bela sinfonia que todo ser humano tem o dom de tocar.

Quando alguém faz uma constelação familiar sistêmica, está se abrindo para um renascimento. Renascer para uma nova forma de viver, de sentir o mundo, as pessoas e a sua relação com a vida. Os hábitos antigos deverão ser deixados. Mas percebo que isso é inevitável – querendo ou não, os hábitos que não fazem mais sentido vão caindo, um a um. O corpo vai solicitando ser cuidado. A alimentação pede por coisas mais naturais, saudáveis. As compulsões e vícios vão perdendo o sentido. As raivas internas, mágoas, ciúme, inveja, cobiça, insistência e teimosia em achar que está “dominando a vida” e outros aspectos mentais que refletem elementos sistêmicos que estavam excluídos dentro de nós, pedem por serem vistos e deixados… Esse é o processo que tenho visto. Em alguns casos, assim como na fitoterapia, aquilo que precisa ser expurgado vem à tona… e assim podemos deixar estes sintomas partirem.

Muitas pessoas estão firmando neste caminho. Um caminho diferente. Vivendo a mesma vida, aparentemente, mas com uma qualidade totalmente diferente. Lembro-me de uma música, que diz assim: “Todo mundo quer viver de amor, mas é preciso aprender… voarás, voarás”. 

Perseverança, meu caro, se você está passando por um processo assim. As nuvens irão se dissipar, e em breve, você verá o céu azul novamente… Continue andando. Há muito o que fazer. E não se engane: se você já está acessando este “céu azul”, é seu trabalho levar, do seu jeito, com seus próprios recursos, mais pessoas para presenciarem o mesmo céu que se mostra deslumbrante para você…"
Alex Possato
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Se ficamos em paz com o nosso destino, existirá uma mudança enorme em nossa vida.
Com essa postura, também podemos lidar diferentemente com doenças, morte, acidente, destino difícil, tanto como atingidos, submetendo-nos, ou como terapeutas  que assistem essas pessoas. 
Quando fazemos isso com a postura de concordar com tudo, tal como é, e fizermos isso de ser humano para ser humano, fizermos o que pudermos e nos for permitido e estivermos conscientes desses limites, então se origina a paz... consequência natural daqueles que aceitam... tudo o que é...como é! 
Afinal, aquilo que passou não podemos mais mudar.
Boa semana.
Taís

domingo, 28 de outubro de 2018

O aborto - O que vem depois?

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Por ser a constelação familiar um método fenomenológico, os conceitos, julgamentos e valores culturais não se faz presente. A observação é o instrumento de compreensão do que se revela. O aborto é um fato.

Quando dentro de um sistema ocorre um aborto, não é levado em consideração as causas ou motivos do aborto. Não se busca um culpado. O aborto é um fato, isso é suficiente, desnecessário saber se ocorreu espontaneamente ou se foi provocado.

A constelação familiar compreende o abortado como um membro da família que tem o direito de pertencimento. Culturalmente os abordados são excluídos do sistema, não se faz menção a eles ao falar dos filhos e são desconsiderados como pessoa.

Para a constelação familiar basta a consciência da gravidez para se afirmar que houve um aborto, não sendo necessário meses de gestação ou que essa tenha se tornado de conhecimento público.

Quando o abortado é excluído, ocorre o desrespeito a lei do pertencimento. Geralmente alguém que nasce depois vai seguir o abortado e então essa pessoa passa a ter dificuldade que pode se revelar como depressão; doenças, hiperatividade, rebeldia, dentre outros aspectos.

É o amor inocente que busca resgatar o excluído, porém isso não é o suficiente para restabelecer o fluxo do amor.

A pessoa que segue o excluído, no caso o abortado, necessariamente não precisa fazer parte da mesma geração, pode ser alguém da geração seguinte.

O impacto do aborto na relação conjugal

O aborto gera sentimento de culpa e acusação entre os pais, e por muitas vezes a relação conjugal fica abalada e finda o casamento.

A culpa gera enfraquecimento espiritual que impede o culpado de ter novas atitudes e o aprisiona na condição de sofredor. É importante assumir a responsabilidade e aguentar as consequências.

O aborto como vínculo

O abortado é também a evidência de um vínculo entre um homem e uma mulher. Quando de uma relação sexual surge uma gravidez o vínculo aconteceu. E o aborto não desfaz esse vínculo, então se cada um segue seu caminho; quando casar-se com outra pessoa deverá lembrar de incluir essa pessoa a quem se vinculou anteriormente e o filho abortado.

A inclusão do abortado

O aborto é assunto que diz respeito apenas aos pais, por isso não é necessário contar aos filhos ou outras pessoas o que houve. O ato de contar aos filhos sobre o aborto não é suficiente para inclui-lo na família.

A inclusão é um gesto de amor que flui da alma e alcança o abortado. A inclusão pode ser alcançada através de uma constelação familiar ou de uma meditação acompanhada de uma vontade genuína.

Dicas e orientações

Se você teve um filho abortado, independente das circunstâncias e deseja inclui-lo na família você pode procurar por um serviço de constelação familiar.

Também é possível fazer a inclusão através de meditação "(para isso precisa estar consciente e segura)": imagine você, com a criança pequena no colo, pense no pai ou mãe dessa criança ao seu lado e diz a essa criança: – eu te dou um bom lugar em meu coração. Assumo a minha responsabilidade e por amor a você farei algo de bom. Você faz parte de nossa família.

Quando a inclusão acontece, você sente paz e a culpa ou sofrimento deixa de existir.

Se você está em outro relacionamento, diferente do que houve o aborto, é importante você lembrar-se que seu atual relacionamento não é o primeiro, o relacionamento que originou o aborto tem precedência e deve ser honrado!
Elane Pereira
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Para completar esta informação, busquei um este vídeo abaixo - link- da Isabela Couto. Um olhar esclarecedor e complementar.

⇓Ninguém Esconde Um Aborto, o que vem depois? 
(Uma experiencia pessoal da terapeuta)https://youtu.be/i-0Y2K6LO8c