domingo, 27 de março de 2016

Ser alguém para ter alguém

"Por muitas vezes sentimos uma solidão imensa, uma enorme vontade de ter alguém ao nosso lado, alguém que compartilhe cada momento do nosso dia, alguém para dividir as alegrias, as conquistas, os sucessos, os desalentos e fracassos.
Colocamos nesse alguém toda nossa expectativa! Quando realmente eu encontrar essa pessoa tudo será diferente!

O que esquecemos ao longo desta busca é que temos que ser alguém por completo, alguém curado, que aprendeu com a vida, que aja de forma madura, para então ter alguém de fato e nunca transferir para o outro nossos problemas internos.
O amor exige um imenso trabalho conosco mesmos e, por incrível que pareça, também uma luta contra o nosso eu pessoal.
A plenitude de um amor saudável é a fusão de duas vidas em uma única direção, numa coligação de desejos, sentimentos e de destino.

Uma das coisas mais importantes quando amamos alguém é desenvolver a compreensão. Esta compreensão é adquirida pela observação constante com o coração aberto; nesse momento não há espaço para críticas.

Os relacionamentos começam dentro de nossa mente, então, o que dizer de alguém que possui crenças errôneas arraigadas... do tipo: "todo homem (mulher) não presta"? Por sintonia energética, ela encontrará homens (mulheres) que condizem com o que foi projetado. Se a pessoa que está predisposta a amar novamente não se curar de algo muito dolorosa vivido, ela viverá novamente uma energia semelhante, por isso que o amor começa dentro de você! A expressão de sua totalidade é um dos fundamentos do amor. Amar não é se anular para fazer o outro feliz. 

Um dia ouvi, em caso relatado em meu consultório, que a pessoa dizia: "sempre fiz o que ele quis, cortava o cabelo da maneira como ele queria, usava as roupas que lhe agradavam, fazia os cursos que seriam importantes para acompanhá-lo no diálogo.... E mesmo assim... Tudo terminou...."

Disse-lhe: então, sabe o que aconteceu? Você nunca esteve em pé ao lado desta pessoa, você se ajoelhou a seus pés e ele nunca lhe enxergou de fato, porque você nunca mostrou ser você mesma!

Algumas pessoas vivem o amor do tipo: será que estou agradando? Devo falar isso agora? Será que o outro está de bem com a vida hoje? Amar é sentir-se pleno e autêntico; e pleno a cada momento é poder expressar-se sempre em nossa totalidade, sem receios.
O espaço de convivência entre duas pessoas deve ser tal que os dois possam buscar alternativas juntos, à medida que dificuldades surgirem e aprenderem a viver tudo com muito amor.

Em virtude de experiências vividas ao longo de nossas vidas, que nos trouxeram experiências de rejeição, adquirimos uma forma de pensar que sempre faz com que o outro seja o senhor da situação, ou seja, o outro pode nos fazer felizes ou nos fazer sofrer. Um destaque importante a ser colocado, é o seguinte: o outro é o que é, pela sua história de vida... e não porque está com você.
Uma crença errônea é que o outro será nosso apoio sempre, nos fará felizes em cada momento e resolverá nossos problemas, sejam eles espirituais, financeiros, emocionais ou de saúde.

Amar dá certo para quem não depende do amor do outro. Se os dois passam por um momento de dificuldade, que tal contar com outra pessoa nesse momento? Como uma amiga... Ela lhe ouvirá! Quando somos ouvidos, nos sentimos importantes e nossa auto-estima e poder pessoal se reestruturam e as soluções aparecem. Então, este outro pode ser alguém que você escolha naquele momento, e não alguém que se encontre em situação similar. Somente pessoas inteiras e conscientes podem criar um relacionamento inteiro. 

O ciúme é um sentimento que demonstra inferioridade, nos sentimos menos que o outro... portanto, queremos diminuí-lo e manipulá-lo a fim de tornar o outro igual a nós, mas... por que nesse momento não aproveitar a oportunidade para crescer e se tornar igual ao outro?
A confiança é a sustentação de qualquer relação de amor e precisa ser recíproca. Nossos segredos mais íntimos, nossos medos, nossas dúvidas, nossas inseguranças e fraquezas, nossos desejos e fantasias, sempre estão guardados no mais íntimo de nosso ser e confiar em alguém significa permitir que este alguém nos descubra por inteiro.

Será que você está preparado e curado, pronto para viver uma grande amor?
Há alguns anos atendi uma pessoa em meu consultório de aproximadamente 50 anos, muito bonita e muito bem conservada para a idade, realmente uma mulher que chamava a atenção, como costumam dizer os homens.
Ela então começou a relatar que havia me procurado pois nunca dava certo em seus relacionamentos, todos os últimos relacionamentos não haviam passado de 4 meses, e isto a assustava, será que o problema estava com ela? Ou será que ninguém mais queria um compromisso sério e duradouro? 
Outro ponto que ela me colocava era o fato de ser muito bem sucedida e querer encontrar alguém igual; mencionou também seu grau de crescimento espiritual, se dizia conhecedora de muitas técnicas, que cuidava muito de si mesma e que queria alguém igual.

Analisei cada palavra pronunciada e lhe disse, então: você provavelmente não quer ninguém a seu lado! Ela fez uma cara de espanto e disse: isso é o que mais quero!
Sugeri que iniciássemos o atendimento a fim de analisar onde se encontrava o bloqueio que fazia com que ela colocasse mil empecilhos para que os relacionamentos não fossem adiante, além de 4 meses.
Primeiro  analisei o momento atual; conclui que a situação era de equilíbrio, realmente ela era uma pessoa centrada.
Parti, assim, para uma análise mais detalhada e encontrei um bloqueio energético gerado há 9 anos que havia desestruturado sua energia na época.
Ela começou a chorar e revelou que justamente nesse ano fora traída por seu marido com sua melhor amiga.

A amiga era americana e estava trabalhando na mesma empresa que ela, por um dado período de tempo.
Achava a amiga muito sozinha por não conhecer ninguém no Brasil, e a convidava para tudo. A amiga vivia pratícamente dentro de sua casa e a situação propiciou o acontecimento... O marido e a amiga ficaram juntos e ela descobriu tudo, depois de alguns meses, por um telefonema de uma ex-funcionária do marido.
Aquilo havia lhe abalado de tal forma, que ela pensou que iria acontecer algo com sua saúde. Entrou em profunda depressão; enfim, houve uma completa desestruturação em sua vida. Pensou na época e jurou para si mesma nunca mais confiar em ninguém! Uma traição dupla!

Fiz o trabalho  necessário e lhe disse: desfizemos os bloqueios energéticos; você o trouxe para a consciência verbalizando todo o ocorrido e tal situação não mais voltará a se repetir.
Quando iniciar um novo relacionamento, não mais terá a sensação de que situação similar possa acontecer novamente. Ela me olhou com o olhar um pouco desconfiado e eu lhe disse: só vivendo uma situação similar você sentirá o que estou lhe dizendo.
Passaram-se uns 2 anos e ela me ligou querendo marcar novo atendimento.

Quando chegou ao consultório, disse: só vim aqui pessoalmente para lhe agradecer e lhe dizer que estou vivendo um novo relacionamento com uma pessoa maravilhosa que conheci e pude, neste período todo, ter absoluta certeza que aquele sentimento vivido no passado não mais voltou e que quero estar plena e inteira nesse relacionamento."

 Maria Isabel Carapinha
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domingo, 20 de março de 2016

Um manual de vida com frases do filósofo George Ivanovitch Gurdjieff


Nascido em 1866, George Ivanovich Gurdjieff foi um professor, escritor e compositor armênio, que ensinou aos seus alunos a filosofia do autoconhecimento com o que aprendeu em suas viagens pela Rússia, Afeganistão, França e outros países

Gurdjieff tinha uma personalidade misteriosa, carismática, um senso crítico afiado e uma bagagem cultural que atraia a atenção de muitos, orientando-os para a evolução espiritual e humanitária.

Os 83 conselhos de Gurdjieff foram compartilhados no livro de Alejandro Jodorowsky, “O Mestre e os Magos”, no Capítulo 9. Trata-se de um romance em que o autor supostamente encontra a filha de Gurdjieff, Reyna D’Assia, e entrega a ela os 83 conselhos.

O texto faz parte do legado de Gurdjieff através da visão de Jodorowsky.

São dicas sobre como se relacionar com o mundo, com as pessoas e internamente, com seus próprios desejos.

Uma visão clara e sábia sobre viver livremente, mas com responsabilidade sobre si e os outros.

1. Fixe a atenção em si mesmo, seja consciente em cada instante do que pensa, sente, deseja e faz.

2. Termine sempre o que começar.

3. Faça o que estiver fazendo da melhor maneira possível.

4. Não se prenda a nada que com o tempo venha a te destruir.

5. Desenvolva sua generosidade sem testemunhas.

6. Trate cada pessoa como um parente próximo.

7. Arrume o que desarrumou.

8. Aprenda a receber, agradeça cada dom.

9. Pare de se autodefinir.

10. Não minta, nem roube, pois estarás mentindo e roubando a si mesmo.

11. Ajuda seu próximo sem deixá-lo dependente.

12. Não deseje que te imitem.

13. Faça planos de trabalho e cumpra-os.

14. Não ocupe muito espaço.

15. Não faças ruídos nem gestos desnecessários.

16. Se não têm fé, finja ter.

17. Não se deixe impressionar por personalidades fortes.

18. Não te apropries de nada nem de ninguém.

19. Divida de maneira justa.

20. Não seduza.

21. Coma e durma estritamente o necessário.

22. Não fale de seus problemas pessoais.

23. Não emita juízos nem críticas quando desconhece a maior parte dos fatos.

24. Não estabeleça amizades inúteis.

25. Não siga modas.

26. Não se venda.

27. Respeite os contratos que firmaste.

28. Seja pontual.

29. Não inveje os bens ou o sucesso do próximo.

30. Fale só o necessário.

31. Não pense nos benefícios que virão da tua obra.

32. Nunca faça ameaças.

33. Realize suas promessas.

34. Coloque-se no lugar do outro em uma discussão.

35. Admita que alguém te supera.

36. Não elimine, mas transforme.

37. Vença seus medos, cada um deles é um desejo camuflado.

38. Ajude o outro a ajudar-se a si mesmo.

39. Vença suas antipatias e aproxime-se das pessoas que você deseja rejeitar.

40. Não reaja ao que digam de bom ou mau sobre você.

41. Transforme seu orgulho em dignidade.

42. Transforme sua cólera em criatividade.

43. Transforme sua avareza em respeito pela beleza.

44. Transforme sua inveja em admiração pelos valores do outro.

45. Transforme seu ódio em caridade.

46. Não se vanglorie nem se insulte.

47. Trate o que não te pertence como se te pertencesse.

48. Não se queixe.

49. Desenvolva a sua imaginação.

50. Não dê ordens só pelo prazer de ser obedecido.

51. Pague pelos serviços que te prestam.

52. Não faça propaganda de suas obras ou ideias.

53. Não tente despertar, nos outros em relação a você, emoções como piedade, admiração, simpatia, cumplicidade.

54. Não tente chamar a atenção pela sua aparência.

55. Nunca contradiga, apenas cale-se.

56. Não contraia dívidas. Compre e pague em seguida.

57. Se ofender alguém, peça desculpas.

58. Se ofender alguém publicamente, peça perdão publicamente também.

59. Se perceber que falou algo errado, não insista no erro por orgulho e desista imediatamente dos seus propósitos.

60. Não defenda suas ideias antigas só pelo fato de ter sido você quem as enunciou…

61. Não conserve objetos inúteis.

62. Não se enfeite com as ideias alheias.

63. Não tire fotos com personagens famosos.

64. Não preste contas a ninguém, seja o seu próprio juiz.

65. Nunca se defina pelo o que possui.

66. Nunca fale de você sem conceder-se a possibilidade de mudança.

67. Aceita que nada é teu.

68. Quando pedirem a sua opinião sobre alguém, fale somente de suas qualidades.

69. Quando você ficar doente, em lugar de odiar esse mal, considere-o como seu mestre.

70. Não olhe dissimuladamente, olhe fixamente.

71. Não esqueça seus mortos, mas dê a eles um lugar limitado que lhes impeça de invadir a sua vida.

72. Em sua casa, reserve sempre um espaço ao sagrado.

73. Quando você realizar um serviço, não ressalte seus esforços.

74. Se decidir trabalhar para alguém, trate de fazer com prazer.

75. Se você tem dúvida entre fazer ou não fazer, arrisque-se e faça.

76. Não queira ser tudo para teu cônjuge; admita que busque em outros o que você não pode dar.

77. Quando alguém tenha seu público, não tente contradizê-lo e roubar-lhe a audiência.

78. Viva dos seus próprios ganhos.

79. Não se vanglorie por aventuras amorosas.

80. Não exalte as suas fraquezas.

81. Nunca visite alguém só para preencher o seu tempo.

82. Obtenha para repartir

83. Se você está meditando e um diabo se aproxima, coloque-o para meditar também.
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Ao encontrar o Grupo Gurdjieff em Curitiba, não pensei duas vezes para nele ingressar. Muitos não permanecem, uma vez que olhar para as próprias mazelas, não é para qualquer um. É necessário coragem, disciplina, dedicação, além de ocupar o "seu lugar" e aproximar-se de sua missão aqui e agora.
O maior ganho é aprender a olhar-SE, sem atribuir ao "outro"os seus problemas e suas dificuldades.
O relaxamento e os movimentos sagrados são o coroamento deste trabalho ímpar onde permaneci por 20 anos.
Após todos estes anos pude sentir meu crescimento pessoal e o desenvolvimento da percepção sobre mim e sobre o próximo.
E, embora estas frases pareçam muito simples, se conseguir segui-las a vida será outra. Mas não trata-se de conseguir ou não...trata-se de esforçar-SE, perceber-SE e corrigir-SE no exato momento em que ocorre a contradição do que se mostra com aquilo que penso que é.
Uma excelente semana para vocês... porque a minha será mais uma de buscas, de constatações (às vezes muito duras) daquilo que sou!
Taís.

domingo, 13 de março de 2016

O poder da Gratidão



"Quando resolvi escrever sobre Gratidão fui pedir ajuda ao nosso amigo “Aurélio”. Ele nos diz: 

Gratidão. s.f. 1. Qualidade de quem é grato. 2. Reconhecimento por um benefício recebido; agradecimento, reconhecimento.

Dentro da psicologia, apenas quando desenvolvemos a capacidade de ter gratidão conseguimos estabelecer troca de amor nas relações. Porque gratidão é capacidade de reconhecer que alguém nos deu algo generosamente.
Em que momentos nos percebemos gratos? Quais benefícios reconhecemos como tais e agradecemos?

Normalmente apenas agradecemos aquilo que consideramos positivo e a nosso favor, e que, realmente, nos beneficiou de alguma forma objetiva. Quando não conseguimos o que queremos maldizemos a sorte ou a pessoa que não nos quis dar o que requisitamos. Quanta lamúria e quanta culpa jogada nos ombros dos outros ou das situações! 
Esquecemo-nos que estamos no caminho do crescimento e da evolução. Esquecemos que viver dá trabalho. Esquecemos que “virar gente grande” exige-nos auto-responsabilidade e que tomemos para nós a direção da nossa própria vida.

Deus... coitado... deve estar com dor de ouvidos de tanto ouvir lamúrias e pedidos. A pessoa pede ajuda a Deus, faz promessa, procura seguir seus ensinamentos, tudo para conseguir d´Ele alguma graça ou que a sua vontade seja feita, sim... que a vontade da própria pessoa seja feita. 
Aí quando a pessoa consegue o que “pediu” vai lá “agradecer” a Ele; se não consegue, lá vai a pessoa se lamuriar e pedir de novo. Deus não tem nada a ver com os equívocos e mal entendidos que fazemos aqui na Terra.

Deus nos deu livre arbítrio! Isto significa que temos liberdade de escolha. Ter liberdade de escolha significa pagar o preço
pelas escolhas que fazemos; significa assumir as conseqüências de toda e qualquer atitude que tomemos. E para que usemos sabiamente o nosso livre arbítrio devemos, antes de mais nada, ter gratidão no coração. 
Devemos, primeiramente, agradecer a Deus por nos ter dado a Vida e seu Sopro Divino que nos dá a inteligência – o que nos distingue dos outros seres vivos.

Todo ser vivo tem a inteligência que leva à perpetuação da espécie, mas nós, seres humanos, somos o único ser vivo que consegue dar significado para a própria vida, o que nos leva à evolução, que vai além da simples adaptação ambiental e subsistência.
Ter a inteligência que nos faz distinguir situações e dar-lhes significados permite-nos fazer escolhas – se queremos ou não viver tais situações. Isto é livre arbítrio.

Devemos agradecer aos nossos pais terrenos, que nos deram seus genes, nos geraram e cuidaram de nós para que
sobrevivêssemos no início de nossa existência. Pois, é bem sabido que se não houvesse alguém nos amando não sobreviveríamos vinte e quatro horas! Alguém nos amou, nos protegeu e cuidou da nossa sobrevivência logo que ao nascer. Então, devemos ser gratos a essa ou essas pessoas.

Devemos ser gratos às pessoas que no decorrer de nossa vida nos deram seu amor, sua amizade e que, de alguma forma, apostaram em nós.

Devemos ser gratos àquelas pessoas que perderam seu tempo nos ensinando alguma coisa – qualquer coisa – que nos foi útil dentro do nosso processo de desenvolvimento, só porque gostavam de nós. 

Até aqui é fácil tornarmo-nos gratos e agradecer do fundo do coração a ajuda, orientação ou o amor recebido. Porém, o benefício recebido nem sempre vem de acordo com que nosso ego deseja!
Entretanto, também devemos ser gratos quando não recebemos a ajuda que precisamos, o que nos levou a lutar com grande dificuldade – muitas vezes, sozinhos – nos desdobrando em dois, três... muitos... até conseguir o que queríamos. Nesta situação buscamos forças, só Deus sabe de onde, mas, conseguimos! E, acabamos por nos descobrir criativos, fortes e corajosos – qualidades que nem imaginávamos que tivéssemos.

Devemos ser gratos àqueles que não só não apostaram em nós, como também mostravam com escárnio ou desdém (às vezes, implícito) o descrédito sobre a nossa capacidade ou sobre a nossa pessoa. 

Isto exigiu sempre uma força interior tremenda e uma crença gigantesca em nós mesmos; e apesar de ter momentos em que fraquejávamos – mas, só por um momento – para em seguida, nos levantar e seguir em frente, pois buscávamos (e encontrávamos!) a fé sobre nós – que tanto precisávamos – em nós próprios. 
E acabamos assim por descobrir que nós estávamos certos sobre nossos sonhos e projetos.
Eu sempre digo que passar por uma situação difícil qualquer não é para que simplesmente soframos, mas sim para que a resolvamos; para isto temos que buscar recursos internos – às vezes esquecidos, às vezes, até mesmo, desconhecidos de nós próprios – e usá-los para enfrentar e resolver tal situação.

Os erros que cometemos ou as situações difíceis em nossa vida são possibilidades de ajustar as coordenadas para que possamos ir redirecionando o caminho que percorremos até que possamos alcançar nossas metas de vida.

Por isto, ter gratidão no coração é saber olhar a vida – sempre – como possibilidade de crescimento e evolução e
agradecer à vida como tal. Nem sempre a oportunidade de crescimento e evolução vem fácil, facilitada. Muitas vezes somos testados! Então, precisamos buscar nossas forças, lá no fundo da nossa essência (onde está a centelha divina!) e apostar que somos maiores que aquela situação que se nos apresenta. Se a situação está difícil devemos ter claro para nós mesmos que somos maiores e que temos força interior suficiente – e muito mais – para superá-la.
E ter gratidão no coração é saber receber o que a vida nos dá, seja bom ou ruim. 
O que é bom devemos nos dar ao direito de usufruir e o que é ruim devemos buscar dentro de nós a capacidade de transformá-lo.

Portanto, devemos ter gratidão no coração a priori - pois tudo, seja bom ou ruim – está a serviço do nosso crescimento e desenvolvimento como indivíduos, proporcionando expansão e ampliação de consciência sobre quem somos."

Maria Aparecida Diniz Bressani
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Quando a sensação de gratidão é revelada a quem somos gratos, todos se beneficiam. O efeito dura mais do que seria de esperar: pesquisadores descobriram que as pessoas que escrevem bilhetes de agradecimento a quem não agradeceram direito elevam seu nível de felicidade e melhoram as suas relações interpessoais até seis meses.
"Se você guarda a gratidão para si num diário, ela o fará feliz; mas, se você revelar a quem o ajudou, há a probabilidade de vocês dois ficarem mais próximos", explica Jo-Ann Tsang - professora de Psicologia na Universidade Baylor, no Texas.
A falta de gratidão é uma das causas da ausência de prosperidade em qualquer setor de nossas vidas: emocional, financeira, familiar, social etc...
Então...vamos praticar a gratidão? Nas pequenas coisas para iniciar, depois podemos fazê-la um hábito, e, com certeza, o mundo a sua volta ficará muito mais generoso!
Taís

domingo, 6 de março de 2016

A Oração – Bert Hellinger



"Em seus primórdios, a oração era um pedido de socorro de alguém que se encontrava em grande necessidade e perigo, sem saber ir adiante, da mesma forma como pede socorro uma criança extraviada de seus pais. O sentimento nas duas situações é basicamente o mesmo. Também na oração nos sentimos desamparados como crianças e buscamos a proteção e ajuda de alguém que vela por nós e nos ama, como os pais amam seus filhos. Assim, Deus é para nós, o mesmo que os pais são para uma criança. Esse tipo de oração pressupõe, portanto, uma imagem de um Deus semelhante à imagem do pai ou da mãe, um Deus pessoal que podemos tratar com familiaridade.

Pouca coisa se altera nessa situação básica, quando essa imagem é sublimada e imaginamos Deus como soberano, rei ou juiz. Achamos que pertencemos a ele e que ele nos pertence, por isso, o chamamos de “meu Deus”, crendo que Ele cuida de nós, com bondade ou punindo, proporcionando ou exigindo, às vezes, de modo imprevisível.

A nossa experiência atual é a de que esse Deus se afastou de nós, não nos responde mais. Calou-se. A imagem de um Deus pessoal já não se sustenta. Em face de nossas experiências recentes, como a dos campos de concentração nazistas, quando falamos de Deus sentimo-nos desconfortáveis com essa imagem ou nos
envergonhamos de tomar essa palavra nos lábios. Por isso, não admira que ela seja frequentemente evitada, mesmo nas igrejas. Quem ousa, ainda hoje, demonstrar a existência de Deus ou falar de suas propriedades? É igualmente difícil proclamar, hoje, que Deus se revelou pessoalmente.

Isso significa o fim da oração? – Não. Ela apenas fica diferente, pois sentimos que, afinal de contas, existimos e que somos dirigidos e protegidos de muitas formas, inclusive milagrosas. Percebemos a atuação de poderes, mesmo sem poder compreendê-la ou captá-la. Essa experiência é hoje ainda mais profunda. Apenas renunciamos a influenciar esses poderes, recorrendo a orações ou a outros meios, mas podemos entregar-nos a eles, confiar neles, obedecer-lhes, concordar com o movimento que originam, sem desejos próprios, sem medo do declínio e da morte. Assim percebemos, de chofre, que através de nós atua algo poderoso que, ao mesmo tempo, nos acalma e satisfaz profundamente. Nossa entrega a esse movimento é sentida por nós como uma oração, especialmente quando é devota, maravilhada e agradecida.

Muitas vezes a oração também é uma prece por outras pessoas, o pedido de algum bem ou de ajuda para elas. Com frequência sentimos que essa oração opera milagres e ela não desaparecerá com a transformação ou, até mesmo, com a extinção das imagens de Deus. Pelo contrário. Ela também nos educa para a solidariedade humana, bem melhor que a chamada oração de súplica. Ela é o amor que, de certa forma, envolve o outro, ama-o como ele é, confia-o ao movimento das forças que determinam seu destino e que estão em harmonia com ele. Assim, a oração pelo outro basicamente acompanha a entrega ao movimento que nos arrebata e com ele se dilata, até formar uma poderosa corrente."

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Neste momento de grandes mudanças em nosso Brasil podemos orar, cada um de seu jeito, com suas crenças, mas orar...
Não esquecendo também que a gratidão é uma forma de oração e que temos muito a agradecer, apesar de tudo que esta acontece. 
E vamos caminhando com fé neste 2016, onde, se meu ser transforma-se e torna-se melhor, com certeza tudo a minha volta também será melhor!
Tais