domingo, 4 de setembro de 2016

Você tem paciência?

"Existem vários tipos de paciência e aqui abordarei primeiramente o “tipo de paciência Guru-Discípulo”. Ela se baseia no fato de que um discípulo não pode aprender sem um guru, e assim, se ninguém nos testar, não podemos desenvolver paciência. 

No século dez, o grande mestre indiano Atisha foi convidado para o Tibete para ajudar a revitalizar o Budismo. Esse mestre indiano trouxe com ele um cozinheiro indiano. O povo tibetano respeitava muita Atisha e lhe perguntou: “Professor, porque você trouxe esse cozinheiro desagradável da Índia? Porque não o manda de volta? Podemos cozinhar para o senhor; cozinhamos muito bem.” Atisha respondeu: "Ah, ele não é só um cozinheiro. Eu o trouxe porque ele é meu professor de paciência!"

Da mesma forma, se há alguém desagradável em nosso trabalho, que vive dizendo coisas irritantes, podemos olhar para essa pessoa como nosso/a professor/a de paciência. Existem pessoas com
hábitos muito irritantes, como ficar tamborilando os dedos, por exemplo. Se ninguém nos testar, como poderemos nos desenvolver? Se encontrarmos situações difíceis, como uma longa espera no aeroporto ou rodoviária por conta de um atraso, podemos usá-las como uma oportunidade de ouro para praticar a paciência: “Ah! Eu tenho treinado isso. Tenho treinado cultivar paciência e agora é minha chance para ver se eu realmente consigo colocar isso em prática.” Ou, se estivermos tendo dificuldade em conseguir algum formulário burocrático de alguma instituição, tomamos isso como um desafio. “É como quando eu treinei artes marciais por algum tempo e finalmente tive a chance de por em prática minhas habilidades. Estou encantado.” Da mesma forma, se estivermos treinando ser pacientes e tolerantes, e encaramos uma situação irritante, olhamos para ela com alegria: “Ah! Aqui está meu desafio. Vamos ver se consigo lidar com ela sem perder meu humor, sem ficar com raiva e até mesmo sem me sentir mal.”

Não perder a paciência é um desafio muito maior que uma luta de artes marciais. Isso porque o desafio está em nossas mentes, nossos sentimentos, não está só no corpo e no controle físico. Se alguém nos critica, devemos tentar olhar essa crítica como uma chance ver
onde nos encontramos em nosso desenvolvimento, ao invés de ficarmos com raiva. “Essa pessoa que está me criticando pode estar indicando coisas a meu respeito com as quais eu posso aprender. ”Dessa forma, devemos tentar tolerar a crítica e aprender a lidar com ela, mudando nossa atitude. Ficar muito chateados pode acabar causando mais embaraço do que alguém simplesmente nos criticando e gritando conosco.”

Paciência com a Natureza das Coisas
Outra forma de lidarmos com a raiva e desenvolver paciência é através da “paciência com a natureza das coisas”. É da natureza das pessoas infantis agir mal e rudemente. Se há fogo, sua natureza é ser quente e queimar. Se pusermos nossa mão no fogo e queimar, bom, o que esperávamos? O fogo é quente, por isso o fogo queima. Se atravessarmos a cidade na hora do almoço, bom, o que podemos esperar? É hora do almoço e o trânsito vai estar ruim – essa é a natureza das coisas. Se pedirmos a uma criança para segurar uma bandeja ou uma caneca de chá quente e ela derramar, bom, o que deveríamos esperar? É uma criança e não devemos esperar que crianças não derrubem as coisas. Da mesma fora, se pedíramos a alguém para nos fazer um favor ou fazer alguma coisa para o nosso negócio, fazemos um acordo, e ela não cumpre sua parte, bom, o que esperávamos? Pessoas são infantis, não podemos contar com os outros. Shantideva, o grande mestre indiano disse: “Se você quer fazer algo positivo e construtivo, faça você mesmo. Não confie em ninguém mais. Isso porque, se você confiar em outra pessoa, não há garantia de que ela não vá desapontá-lo.” É assim que podemos olhar as situações: “Bom, o que eu esperava? É da natureza das pessoas desapontar os outros, não há razão para eu ficar com raiva”.

Paciência da Esfera da Realidade
O ultimo método a se usar contra a raiva é chamado “paciência da esfera da realidade”, ver o que realmente está acontecendo. Temos a tendência de rotularmos os outros, nós mesmos e os objetos, como se tivessem uma identidade sólida. É como desenhar um grande círculo imaginário em torno de algumas características nossas e projetar
que são nossa identidade sólida: “Isso é quem eu sou; é quem eu sempre deverei ser”. Por exemplo, “Sou um presente de Deus para o mundo”, ou “sou um perdedor, um fracasso”. Ou então colocamos um grande círculo em volta de alguém e dizemos: “Ele é irritante. Ele não é bom, só causa problemas”. No entanto, se essa fosse a identidade verdadeira, sólida dessa pessoa, ela sempre teria que existir dessa forma. Ele teria que ter existido dessa maneira desde criança. E ela também teria que ser irritante para todo mundo; sua mulher, seu cachorro, seu gato e seus pais, porque ela seria verdadeiramente uma pessoa irritante.

Se conseguirmos ver que as pessoas não existem com um grande círculo em sua volta delineando concretamente sua identidade ou natureza, isso também nos fará relaxar e não ficar com tanta raiva delas. Vemos que o comportamento irritante de uma pessoa é só uma ocorrência passageira – mesmo que freqüente – e não constitui o modo como ela deve ser sempre."

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A paciência está muito ligada à raiva. Quando esta nos "toma", ficamos cegos, julgamos e a perdemos.
Quando você sentir raiva, volte-se para dentro de si mesmo e cuide dela o melhor que puder. E quando alguém fizer você sofrer, cuide de seu sofrimento e da sua raiva. Não diga nem faça nada. Qualquer coisa que você diga quando está com raiva pode causar ainda mais dano ao relacionamento.
No entanto, a maioria não faz isso.. Em vez de nos voltarmos para dentro de nós e cuidarmos da raiva, queremos ir atrás da outra pessoa para puni-la.
Se sua casa estiver pegando fogo, a coisa mais urgente a fazer é tentar apagar o incêndio e não correr atrás de quem o provocou. Esta não seria uma atitude sábia. Da mesma maneira, quando você sente raiva, se continuar a discutir com a outra pessoa, se tentar puni-la, você estará agindo exatamente como aquele que corre atrás do criminoso enquanto as chamas estão devorando a casa dele.
E em última análise a raiva contamina apenas a nós mesmos. Àquele que nos provocou atinge seu objetivo e nós carregamos algo que nos é absolutamente nocivo, pois altera nosso humor, ficamos desatentos, a percepção da realidade fica nebulosa e , por último ficamos doentes e impedidos de receber as vibrações do alto- que sempre nos indica o melhor caminho.
Vou indicar um vídeo fantástico sobre paciência como antídoto da raiva, com Jetsunma Tenzin Palmo,para que você ouça e reflita um pouco mais. Segue link (recorte e cole na barra de endereço):

https://www.youtube.com/watch?v=-TPmStsYZ5Q

Boa semana , com muita calma e paciência.
(A meditação nos ajuda...)
Tais

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