domingo, 28 de agosto de 2016

Da separação à alienação parental

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Numa tarde de domingo, tinha eu dez anos, quando a minha mãe se sentou ao meu lado no sofá da sala e começou a chorar, para me tentar contar que o meu pai ia sair de casa e eles se iam separar. Perante aquela informação, passaram-me muitas perguntas pela cabeça, mas fiquei calado pois a minha mãe não parava de chorar e senti-me na obrigação de tomar conta dela, abraçá-la e dizer que ia ficar tudo bem. Mas não ia…!

Que eles se iam separar não era novidade para mim, eu ouvia-os a discutir no quarto há meses e meses, com insultos e ameaças de separação. Depois de processar a informação que a minha mãe me tinha acabado de dar, primeiro, fiquei chateado pelo fato do meu pai não estar presente e não ter tido coragem para falar comigo sobre isso.

Segundo, o que realmente eu queria saber e ouvir era: “se fui eu o culpado? “; “o pai deixou de gostar de nós?”; “como iria ser a minha vida daí em diante ?”. As respostas a todas estas perguntas apareceram, gradualmente, muito mais tarde e não da melhor forma possível.
Aquilo que pensava ser um tormento de discussões que naquele dia teria terminado, era apenas uma ilusão porque a partir daí foi muito pior! No início, pequenas atitudes inconscientes, da parte da minha mãe, denunciavam o decorrer deste filme de terror. Atitudes como: no momento de ir para casa do meu pai, a minha mãe ficava agarrada a mim durante imenso tempo e dizia que se eu quisesse, ela ia buscar-me a casa do pai.

Sem ser propositado, era como se a minha mãe estivesse a dizer que o meu pai não conseguia tomar conta de mim e que eu não ia gostar de estar com ele.

Quando eu voltava da casa do meu pai, a minha mãe fazia-me muitas perguntas e todas as respostas que eu dava, ela contra-argumentava: “já vi que gostas mais de estar com o teu pai”. Estas pequenas atitudes, muitas vezes, inconscientes por parte da minha mãe, foram tomando proporções desmedidas. 
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As discussões pelo telefone aumentaram de tom, os insultos eram cada vez piores e agora já era sobre mim, tudo na minha vida servia de desculpa para eles discutirem, ainda mais do que antes da separação. Durante cerca de um ano, ouvia a minha mãe chorar, ouvia a minha mãe pronunciar frases do gênero: “o teu pai não quer saber de nós”; “o teu pai não paga nada, sou eu que pago tudo!”; “ele não quer saber de ti, só da namorada nova”; “o teu pai não gosta de ti e por isso destruiu a nossa família”. Frases como estas e outras bem piores repetiam-se vezes sem conta na minha cabeça.

À medida que o tempo foi passando fui construindo uma ideia totalmente errada e deturpada do meu pai. Não queria estar com o meu pai com medo de trair a minha mãe. Eu estava muito triste e confuso porque toda aquela informação negativa sobre o meu pai não correspondia à minha realidade.

Nos primeiros tempos que estive sozinho com o meu pai aos fins-de-semana, eu adorei: passeávamos muito, ele fazia-me rir e estava sempre bem disposto. Era uma sensação tão boa, que às vezes não queria voltar para casa, desejava ficar mais tempo com o meu pai. Este sentimento contrastava com toda a informação negativa da minha mãe. Eu simplesmente era criança e não percebia o que a minha mãe, por vezes também inconscientemente, me estava a fazer, a mim e a ela própria.

Eu vivi aquela tristeza com a minha mãe, como se o meu pai se tivesse separado de mim também, como se o meu pai me tivesse trocado. Chorei com a minha mãe, dormi com a minha mãe muitas noites para a acalmar, por fim assumi o papel de pai e tomei conta dela.

Ao final de um ano, a angústia apoderou-se de mim. Com esta ambivalência de pensamentos e sentimentos comecei a baixar as notas. Não tinha irmãos com quem compartilhar a minha dor, tinha medo de cães por isso não havia companhia animal e tinha acabado de mudar para uma escola nova onde ainda não tinha amigos porque passava os intervalos sozinho a pensar em inúmeras coisas horríveis sobre mim e sobre a vida.

Por fim, chegou o dia em que a minha mãe me levou a uma Psicóloga, que depois de avaliar o meu estado emocional resultante, segundo ela, de uma possível alienação parental, falou com a minha mãe. A minha Psicóloga deu uma oportunidade à minha mãe para mudar a sua atitude e me colocar de novo em contato com o meu pai. Foi um percurso longo, até tudo voltar a acalmar. Hoje tenho 18 anos e deixo vários conselhos a todos os pais que estejam pensando em  separar-se:
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No momento de separação: 
É importante que sejam os dois a falar; 
Nós não queremos saber com pormenor o motivo da separação. Precisamos, isso sim, de informação reduzida e simplificada; 
Queremos saber se fomos ou não os culpados; 
Precisamos de ouvir que a separação é definitiva e vocês já não vão voltar mais a estar juntos; 
Queremos ouvir que apesar de vocês se separarem um do outro, não vão se separar de nós e vão continuar a gostar de nós; 
Precisamos muito de saber como vai ser a nossa vida daí para frente: o que vai mudar?; quanto tempo vou passar com o pai?; como vão ser as férias e os aniversários?; 
Por último: queremos que estejam disponíveis para esclarecer qualquer dúvida que ainda possamos ter. 

Após a separação: 
Guardem para vocês todas as coisas más que pensam um sobre o outro. Para sermos felizes precisamos de construir uma imagem positiva dos dois; 
Quando falarem mal um do outro, com alguém ou ao telefone, tentem garantir que nós realmente não estamos ou não conseguimos ouvir; 
Não queremos servir de “espiões” da vida de cada um de vocês e por isso dispensamos perguntas detalhadas sobre o que fizemos em casa de cada um; 
Tudo o que está relacionado com o dinheiro, entendam-se! Quando somos pequenos, nós não precisamos saber se o pai ou mãe não pagam o que devem; 
Nós compreendemos a dor de vocês e até podemos ajudá-los nas tarefas de casa, mas vocês já são grandes para tomarem conta de vocês próprios emocionalmente, não precisamos de viver a tristeza de vocês. Temos o direito de viver a nossa própria tristeza e também, precisamos de tempo para nos adaptarmos a esta nova situação; 
Por fim, quando tiverem outra pessoa na vossa vida – namorada(o), antes de nos apresentarem, tenham a certeza de que há uma forte possibilidade de dar certo. Não precisamos de conhecer todos os namorados(as) de vocês porque: não vamos querer dar confiança a uma pessoa que não sabemos se vai ou não desaparecer da nossa vida; deixamos de confiar em vocês; e sobretudo, porque deixamos de acreditar no amor!
Joana Collaço- psicologa  -  www.psicologiasdobrasil.com.br

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Para esclarecer como as Constelações estão sendo realizadas no direito de família, achei conveniente postar este link de um vídeo com  Frederico Ciongoli  numa Palestra Vivencial, com o tema Constelação Familiar como técnica precisa para diagnóstico de Alienação Parental realizada no salão nobre da OAB / SP .
É um pouco longo mas é muito esclarecedor. Perceber a reação do pai diante do quadro que se forma ( com os filhos) é fantástico!



Os casos mais comuns de alienação parental associam-se à ruptura dos laços conjugais, em que existe um inconformismo do alienador em relação ao alienado quanto ao rompimento da relação de casamento. Daí decorre o vingança que lamentavelmente leva à prática de alienação parental.

As crianças alienadas apresentam distúrbios psicológicos como depressão, ansiedade e pânico. Também a tendência suicida pode manifestar-se nesses menores. Sua baixa autoestima evidencia-se, do que decorrerão outros problemas na fase adulta, como as dificuldades de estabelecer uma relação estável.

Por isso é de grande importância o combate à alienação parental, ensinando as famílias a reconhecer o lugar do pai e da mãe na vida de cada um, e permitir que os filhos possam ter em seu coração um bom lugar para ambos, pai e mãe.
Tais

domingo, 21 de agosto de 2016

Aceitar plenamente os pais - tomar a vida.

"Direi primeiro alguma coisa sobre as ordens do amor entre pais e filhos e, do ponto de vista da criança, isto é, do filho para com seus pais. Aqui menciono algumas verdades banais. Elas são tão óbvias que eu quase me envergonho de citá-las. Não obstante, são freqüentemente esquecidas.

O primeiro ponto é que os pais, ao darem a vida, dão à criança, nesse mais profundo ato humano, tudo o que possuem. A isso eles nada podem acrescentar, disso nada podem tirar. Na consumação do amor, o pai e a mãe entregam a totalidade do que possuem.

Pertence portanto à ordem do amor que o filho tome a vida tal como a recebe de seus pais. Dela, o filho nada pode excluir, nem desejar que não exista. A ela, também, nada pode acrescentar. O filho é os seus pais. Portanto, pertence à ordem do amor para um filho, em primeiro lugar, que ele diga sim a seus pais como eles são - sem qualquer outro desejo e sem nenhum medo. Só assim cada um recebe a vida: através dos seus pais, da forma como eles são.

Esse ato de tomar a vida é uma realização muito profunda. Ele consiste em assumir minha vida e meu destino, tal como me foi dado através de meus pais. Com os limites que me são impostos. Com as possibilidades que me são concedidas. Com o emaranhamento nos destinos e na culpa dessa família, no que houver nela de leve e de pesado, seja o que for.

Essa aceitação da vida é um ato religioso. É um ato de despojamento, uma renúncia a qualquer exigência que ultrapasse o que me foi transmitido através de meus pais. Essa aceitação vai muito além dos pais. Por esta razão, não posso, nesse ato, considerar apenas os meus pais. Preciso olhar para além deles, para o espaço distante de onde se origina a vida e me curvar diante de seu mistério. No ato de tomar os meus pais, digo sim a esse mistério e me ajusto a ele.

O efeito desse ato pode ser comprovado na própria alma. Imaginem-se curvando-se profundamente diante de seus pais e dizendo-lhes: "Eu tomo esta vida pelo preço que custou a vocês e que custa a mim. Eu tomo esta vida com tudo o que lhe pertence, com seus limites e oportunidades". Nesse exato momento, o coração se expande. Quem consegue realizar esse ato, fica bem consigo, sente-se inteiro.

Como contraprova, pode-se igualmente imaginar o efeito da atitude oposta, quando uma pessoa diz: "Eu gostaria de ter outros pais. Não os suporto como eles são." 
Que atrevimento! Quem fala assim, sente-se vazio e pobre, não pode estar em paz consigo mesmo.
Algumas pessoas acreditam que, se aceitarem plenamente seus pais, algo de mau poderá infiltrar-se nelas. Assim, não se expõem à totalidade da vida. Com isto, contudo, perdem também o que é bom. Quem assume seus pais, como eles são, assume a plenitude da vida, como ela é."
Bert Hellinger
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Sempre que publico algo desta natureza (sobre a ordem na família e aceitação dos pais como são), recebo muitos emails com críticas, como se fosse algo pessoal.
Mas esta é uma lei inexorável, é só observar... 
Devemos lembrar que normalmente são processos inconscientes, e que nos "tomam"queiramos ou não. Muitas vezes na aparência é um filho (a) dedicado(a), mas internamente existe uma arrogância de achar que sabe mais que os pais, ou  um  julgamento de seus atos. Mas, nós, enquanto filhos, não temos esse direito. Quebrar essa ordem corresponde a uma alteração em algo que é sagrado, conforme muito bem nos ensina Bert Hellinger neste texto acima e nas leis dos relacionamentos.
Nossa vida é continuidade da vida de nossos pais, queiramos ou não! 
Podemos experimentar internamente iniciar um agradecimento aos pais pela vida que recebemos... e à todos nossos ancestrais...e sentir a leveza que isso dá.
Bom dia !

domingo, 14 de agosto de 2016

Crise: Oportunidade para o Sucesso

 


Existe uma lei que direciona toda a nossa vida: a lei de equilíbrio e, em particular, a lei do equilíbrio entre dar e receber.

A um bom dar corresponde uma boa recepção. Ao dar chamamos de trabalho,  e a boa recepção chamamos de sucesso.

Quando começamos a perceber que os resultados esperados não chegam é quando entramos em crise.

A crise, portanto, se declara quando algo do passado interfere para se ir adiante. Por isso, toda crise é uma oportunidade para a liberação e mudança. Mas, é possível prosperar sem ser constantemente empurrado por uma crise ou pela necessidade de atualizar-me? 

A crise é uma crise de valores.

A moralidade, a fidelidade aos nossos valores e princípios são sempre um movimento em direção à morte, um movimento, um ir para menos, porque nos separam e nos movem para longe daqueles que não compartilham da mesma idéia , e acima de tudo, porque eles nos fazem sentir melhor do que eles, por isso, desprezá-los, no fundo é um sinal de que desejamos que eles desapareçam, - "tudo seria muito mais fácil se ... se todos fossem como eu." Nossos valores matam o amor em nós mesmos. Eles são armas mortais. E eles são puro vínculo com o passado que impedem a mudança, a criatividade ou a adaptação ao presente.

Os valores são grandes lealdades ao passado e graças a eles, a vida tem sido repetida de geração em geração, igual em si mesma. Toda vez que fazemos algo de bom, podemos repeti-lo e vamos criando justificativas, princípios e normas que continuam a operar tão bem, esquecendo-se de que a base do sucesso anterior foi a combinação perfeita para o nosso presente e suas necessidades.

Quando nossos valores e hábitos nos levam à beira da morte, instala-se a crise como a única solução para a sobrevivência, forçando-nos a ver essas alianças para soltá-las.

Nascemos fundida com a moral da família. Esta última dirige todas as emoções e ações da criança sem ter a menor liberdade ou capacidade de percebe-la.


Ao crescer, começamos a aderir conscientemente a uma das morais familiares, constituindo uma escala consciente de valores. Ao crescer mais, apenas alguns conseguem abandonar estes valores, abrindo-se ao presente, à criatividade e à todos os seres como são, cada um com sua peculiaridade, nem melhor nem pior.


Os valores, tanto explícitos como implícitos, apesar de ser um peso, nascem como consequência de um mito famíliar ou social criado por um antepassado com poder, necessário para esconder um dano. Esse ancestral é um perpetrador com cara de santo, que, com o seu poder impôs e transmitiu uma declaração de que protegia (os errantes são desprezíveis, por exemplo: Para fugir às suas responsabilidades pela morte de alguns trabalhadores, não querem pagar o devido) as gerações seguintes as quais vão seguir cegamente, por respeito ao ancestral tão "merecedor".

E quanto mais fiel estamos a um princípio, mais amarrados estamos ao passado, a esse perpetrador com cara de santo, e mais inadaptados para o presente.

Nascemos num mar dos valores e todo crescimento significa sair deste banho paralisante. 

Então, chega um momento em que percebemos a diferença entre o que foi e o que é, nos sentimos insatisfeitos, vemos que a vida nos chama, projetos, desejos e mudanças se vislumbram e desejamos com todas as nossas forças uma mudança, e, o nosso futuro é inserido em nosso hoje.

A força desse desejo felizmente provocará uma crise: Eu percebo que a mudança não vem até mim, mas eu tenho que ir até ela. Os valores são estáticos, ancorados no passado, você não pode mover-se e tem que ir sozinho para mudar, despojado de crenças e valores que se acumularam em nossa ultima etapa. A mudança não é compatível com os valores. Temos que escolher e soltar. Os valores são a mudança.

Esse é o papel de toda crise, provocar e poder perceber a diferença de nossos valores e hábitos.

Tudo é energia, nós somos energia. Mas a energia não tem um fluxo contínuo, só é acionado quando uma fase negativa é compensada com uma fase positiva e vice-versa. Somos um campo de energia que funciona como um ímã em forma de U. Este ímã tem um ramo de carga positiva e outra com carga negativa e, graças a essas duas polaridades existe o campo magnético do ímã. Em nossas vidas ocorre o mesmo. Estamos na força, somos energia cada vez que equilibramos a luz com sombra. A nossa sombra é tão necessária e benéfica como a nossa luz.

E, como podemos equilibrar? Juntá-las. Dizendo sim a ambas, ao mesmo tempo em que vivemos. Me responsabilizo pela minha alegria, apesar dos infortúnios. Eu levo minha sombra em meu coração. Eu lhe agradeço por estar aqui. Aceito para aprender algo dela. 

Nos carregamos de energia cada vez que dizemos Sim, e mais ainda quando chegamos a dizer Graças. Sim, e Graças a quê? A vida como ela é. Agradecer a vida como ela é, com o seu peso e sua dor, transforma tudo. A carga e a dor tornam-se oportunidades de servir e crescer, a vida se torna mais fácil, porque ela vai começar agradecendo a nossa entrega, e vai assimilando o êxito. Ao dizer Sim e Graças à vida como é, entramos numa dimensão espiritual, quero dizer em uma dimensão em que nos abandonamos ao movimento do espírito, permitimos que ele dirija nossas vidas.

Na crise, o movimento do espírito se desprega, esbanjando sua força e seu amor ao que quer ver e mudar.

Sucesso, o que significa?

Se nos apegamos ao sucesso conseguido, ou se só nos interessamos com o sucesso desejado, estamos esquecendo a primeira parte da equação, o dar, e o sucesso escorre de nossas mãos e não chega nunca.

Nossos agradecimentos a vida como é nos impulsiona a servi-la com todas as nossas forças, habilidades e amor. "O trabalho é a vida em ação. Viver é estar a serviço, viver é trabalhar, porque o trabalho nos coloca ativamente a serviço. Trabalhamos como vivemos "(Bert Hellinger)". Esta é a parte que nos corresponde. Em seguida, o meio ambiente, a sociedade, o mundo irá nos compensar com seu reconhecimento. Se você não obtém o sucesso esperado, não é por culpa do seu chefe, dos seus clientes, políticos ou quem sabe: o não êxito está em mim.

"Há apenas dois movimentos: um ir com a vida e um ir para a morte . O que não é mais é menos. Mais vai com vida, menos vai em direção à morte. O novo, a mudança vai com a vida, a rotina vai para a morte.

O trabalho cria vida. O trabalho é mais. "

O não êxito me diz que não vou para a vida, que eu não dou o que poderia dar, que alguma coisa de meu sistema interfere com a minha capacidade de estar presente e de dar.

Quando nos entregamos ao que há, a quem somos, como tal, abandonamos aqueles que nos disseram como somos: nossos pais. Tomamos nossos pais incondicionalmente, como eles são, com amor e gratidão ao passado, ao que se passou. 

Quando dizemos sim ao que há, renunciamos aos nossos valores, a nossas ilusões, ao futuro planejado que havíamos sonhado, a uma porção de imagens do passado. Então assim, avançamos para o mais em relação a vida como ela é, sem nos darmos conta, acerca do sucesso. Sucesso como tudo o mais, precisam de nosso Sim e Muito Obrigado, mas se cair na tentação de agarrá-lo, adeus sucesso... e o nosso, é a mudança, é o trabalho sobre si e para o outro.

Em Sistêmica observamos os acidentes, crises ou doença de todo tipo têm uma função muito clara: a de mostrar que algo precisa ser levado em conta. Além disso, o sistema atingiu o ponto de desequilíbrio que não permitirá que nenhum indivíduo siga com sua vida individual sem antes haver integrado esse "algo".

As dificuldades nascem com a finalidade de pôr em relevo algo inacabado, algo que não é levado  a cada pessoa envolvida no conflito e para os seus sistemas familiares. 

A crise serve como um espelho de uma situação que é difícil para nós reconhecermos e, portanto, permanece inacabada. 

As dificuldades nascem com a finalidade de pôr ênfase em algo inacabado, algo não assumido tanto por cada pessoa envolvida no conflito como por seus sistemas familiares. 

A crise serve como um espelho de uma situação que é difícil para reconhecer e, portanto, permanece inacabada. 

Qualquer crise não resolvida surge uma e outra vez, cada vez de forma mais nítida, até que ocorra a necessária mudança no sistema que está necessitando. E este objetivo pode atrasar gerações em mudar-se... 

Outro elemento-chave de reflexão é esta realidade: todo indivíduo está primeiro a serviço de sua espécie, o destino da espécie primeiro, sobre o destino do indivíduo. Que consequências isso tem para nós hoje?

A crise atual, a crise global é também uma crise de valores a serviço do crescimento da humanidade inteira. Pede para ser vista e honrada como a necessidade prioritária de cada ser humano hoje.

Repito o que disse anteriormente, para aplicar à Crise: quando nossos valores nos levam à beira da morte, a crise irrompe como a única solução para a sobrevivência, forçando-nos a ver essas alianças para liberá-las. É a sobrevivência da humanidade que está em jogo.

Primeiro nós devemos nos sentir participantes desta crise, e não ter medo, nem negá-la, mas olhar para ela com respeito, como envio do espírito. E começar a fluir com ela, com a mudança de paradigma, com a vida diferente - nem melhor nem pior - diferente, com o Sim e a Gratidão. Então, poderemos nos dedicar a nossa vida individual, também a partir do Sim e das Graças, caminhando ativamente para a mudança interior. Este caminhar para mais vida produz resultados mais rápidos , para não dizer imediatos. Novas portas se abrem. A alegria, a satisfação, as oportunidades, o reconhecimento, a abundância, entram e vêm nos incentivando para abrir-nos às mudanças.

Adiante!

Que você seja feliz!

Postado em Holistic Universo - Brigitte Champetier de Ribes
Diretora do Instituto de Constelações Familiares
(Traduzido de http://www.insconsfa.com/)
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domingo, 7 de agosto de 2016

Sobre a Mãe - Bert Hellinger - Avila (Espanha) fevereiro 2016

Parte 1
"Estive recentemente em um curso em Viena e de repente eu senti que as constelações familiares vieram de outro lugar. O mesmo sinto aqui. Dessa forma, levo todos vocês  a algo novo, certo?

Bem. Muito simplesmente, para o momento, alguém tem um assunto especial, pessoal, e que procura uma solução? Levante por favor a mão, aquele que tem um assunto.

Qual é o seu assunto?

Mulher 1: Meu relacionamento com o coração

B.HELLINGER: E o  que se passa com seu coração?

Mulher 1: Eu não  encontro um amor.

B.HELLINGER: Eu vi que quando você disse isso, que  estavas olhando para cima.  O amor, só se encontra abaixo.

Eu preciso de um representante por ela.

Um representante: Coloque-se aqui e deixe-se ser movida por algo de dentro, sem  intenção própria.

O que vemos?, Em vez de olhar para cima, ela olha para uma morta.

Não há nada para rir, é um assunto de morte.

Eu preciso de outra mulher (Mulher 2)

Bert MULHER 2: Fique na frente dela

Eu preciso de outra mulher (mulher 3)

Bert MULHER 3: Deite-se de costas ao seu lado.

A  MULHER 1: Você pode continuar a viver?

não

Preciso de mais cinco mulheres. Da mesma forma, deitem-se ao lado dela.

(A MULHER 1) Quantos filhos foram abortados?

MULHER 1: Não, nenhum


B.HELLINGER: e todos mortos, e ela (o representante da mulher 1) não tem coragem de  olhar lá. Deite-se você também, onde quiser.

Preciso de um homem (HOMEM 1). Man: deixe-se movido.

Preciso de outro homem (HOMEM 2). Siga o movimento.

Vários dos representantes que estão deitados no chão começam a gritar.

Aqui eu me pergunto quantas crianças estão aqui esquecidas e abortadas neste grupo? Quantos estão a espera para poder voltar?

E aqui estamos todos juntos, e agora nós tomamos em nossa alma todos os mortos que esperam (silêncio)

E sinto que são  muitas mortes da guerra civil na Espanha.

Posso fazer algo por eles? não

Eu apenas tomo a minha alma. E como eles estão, então? Quando não existiu manipulação para eles?

Eu vejo outra imagem estranha: as dificuldades que a Espanha está passando agora, vem do fato de que ainda estamos esperando  estes mortos.

Quem é que tem especialmente em seu próprio coração? Eu não digo, mas vou levá-los em minha alma, e agora quando eu olho em volta aqui, eles estão todos presentes.

Dirigindo-se aos participantes da constelação: Bem. Muito obrigado a todos.

Os participantes voltam para seus lugares.

Durante o desenvolvimento da constelação fomos capazes de observar como eles começaram a fazer as reconciliações. No final, alguns dos representantes, ficaram deitados no chão, abraçando uns aos outros.

Proponho agora formar pequenos grupos de quatro cada cinco pessoas, e trocarem o que os moveu a partir do que acabamos de ver.
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Aqui nas Novas Constelações, outras forças estão trabalhando e, desta forma, continuam com você e a leva para outro nível de amor.

O que acontece agora com as Constelações Familiares? com as Constelações Familiares, quando planejamos alguma coisa, ordenamos  algo que podemos entender, como pensamos que é a maneira correta.

As Constelações Familiares vêm de outro mundo; Como podemos, então corresponder à isso? Deixamo-nos ser guiados por uma constelação e ela vem de outro lugar; e, em seguida nos concentramos, e permitimos ser guiados por outra força, como vimos aqui também. Essas constelações familiares têm algo muito especial, se desdobram e de repente podemos sentir que somos um com muitos outros.

Fechem os olhos

Permaneçam alguns minutos com os olhos fechados, olhando para muitos mortos que estão à espera de vocês.

Como você se sente agora? Sente-se melhor?

Através das Constelações Familiares, eles nos esperam com muitas coisas especiais; Como? Com amor.


A maneira de fazer constelações que têm mostrado aqui, é uma forma diferente daquela que fazia antes, e é simples, muito simples; Eu só tinha que permitir que se sucedesse, e tinha pouco a fazer; e, no entanto, algo aconteceu. Esta forma de C. F. vem de uma outra dimensão, não provem da psicoterapia, por exemplo, é muito mais. Mesmo para aqueles que já praticaram as Constelações Familiares de diferentes maneiras, é simples, muito simples. Então, em um trabalho assim, o que posso fazer? Permitir que isso suceda, porque provem de uma outra dimensão do amor.

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Em uma Constelação que eu fiz, o cliente me disse que seu filho era esquizofrênico. Quando seu tempo de falar passou, ele ficou apenas presente nas Constelações, por um dia (clarificação do tradutor: era uma mulher), então depois daquele dia ele me disse que tinha recebido notícias de seu filho esquizofrênico, ele se sentia bem.

Não é uma constelação bonita? Outro mundo.

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E agora continuamos com a C.F, alguém tem uma pergunta?

Há uma mulher (mulher 1) sentado ao lado de Hellinger para constelar

Eu preciso de uma mulher. Sobe uma mulher ao palco (Mulher 2) e permanece de pé.

Você (referindo-se a mulher 1), se coloque na frente dela (Mulher 2).



Que representou a mãe aqui?

MULHER 1: Ela (a mulher 2)

B.HELLINGER: (para a mulher 1) Agora, ajoelhe-se.

Aos poucos, ele vai desenvolver um movimento de aproximação, a filha (mulher 1) a mãe (mulher 2). A mãe permaneceu em silêncio o tempo todo, permitindo  o caminhar para a sua filha. No final, a filha chega até a mae e se abraçam.

Bem, como você se sente agora? Vi que a princípio estavas confusa, porque aí, era você a grande. Agora, você é uma mulher.  E a mãe segue,  sendo mãe.

MULHER 1: Ok, porque eu queria constelar com ela (refere-se a sua mãe)


B.HELLINGER: Pede a mulher 1 para ficar em pé novamente: Ponha-se aí. Eu preciso de uma mulher para ser sua filha (mulher 3 sua filha e 1 sua esposa)

Também há um homem no palco ( homem 1)

Você é o pai dela (marido da mulher 1 e pai da menina 3)

Fale com a mulher 1: onde está o problema aqui? Com a menina? O problema é com o pai da criança. A menina está longe de você.

Você se aproximou dele (Man 1) como antes  já fizestes com a sua mãe,puro orgulho.

Para a menina tu estás perdida, e seu pai o mesmo; puro orgulho.

A filha olha para o outro lado, e o pai também se move para longe de você.

(...)

Fale com a mulher 1: Diga à filha: "Agora  me retiro"

Mulheres 1, diz a frase

Não serve. De todas as maneiras pediste para a filha. Você pode ver?

Deixo aqui, graças a todos.

Todos se sentam.

 Movimento interrompida com a mãe

Eu quero dizer algo sobre mães; nesta constelação: por um lado uma filha e, por outro lado a mãe, fiz uma observação notável, a filha não vai para a mãe.

Muitas vezes, a criança não vai para a mãe; em seguida, a filha está aqui (apontando para um lado da cena) e aqui a mãe (e aponta para o lado oposto da cena); e deixamos a criança se aproxime da mãe; e só com grande esforço, a filha pode dar um passo em direção à mãe, e, em seguida, um outro pequeno passo. O camilnho  da filha à mãe, às vezes leva uma hora inteira. Só então você pode chegar à mãe e minha observação é que ela teve uma experiência de separação da mãe; por exemplo, quando a menina  permaneceu muito tempo na clínica e não podia chegar à mãe, em seguida, logo, ao  chegar em casa, não pode se aproximar da mãe com o amor.

Então, a experiência de separação da mãe durante a primeira infância mais ou menos até 5 anos, faz com que a filha a não posa ( não consegue) se aproximar da mãe. A mãe não pode fazer nada.

Isto se vê, muitas vezes em uma família. Não que alguém seja ruim, não é que a mãe seja ruim, pelo contrário, ela espera sua filha. Mas a filha internamente, deixou a mãe.

Quando a filha consegue  chegar à mãe, vem a felicidade.

Agora vou lhe dizer uma coisa bonita.

Fechem os olhos.

Nos imaginamos que estamos de um lado e do outro lado se encontra a mãe, e, em seguida, esperamos, e em seguida, tentamos dar um pequeno passo em direção à mãe; isto só é conseguido com passos muito pequenos. Então, quando você chega à mãe, podemos ficar com ela toda a vida.

Quero dizer algo importante, Estão de acordo? Minha observação é que aquele que deixa de fazer este movimento, porque houve uma separação precoce da mãe, essa mulher, da mesma maneira, tampouco consegue se aproximar do parceiro. Ou seja, o movimento  amoroso de uma mulher por homem , seu parceiro,  só é alcançado se um movimento  amoroso ocorrer em relação a sua mãe. Onde você espera que nós ama?, Sempre esperando por nós com a mãe.

Quando sabemos algo  tão bonito sobre isso que  acabei de explicar, lhes expliquei também como se mudam as Constelação Familiar . Como mudar um facilitador, como transformar o amor da mãe do cliente ou  um clientee? Esse é o segredo da felicidade.

Perguntas sobre este?

Sobe  um homem ao palco

HOMEM: Me custa muito  ir para a mãe.

B.HELLINGER: Eu tenho um olhar externo, você quer ir para a mãe, sem pai; e essa é a grande perda.

Esta bem?

O homem balança a cabeça, e o público aplaude."

NOTA: Os textos citados transcrições são autorizados pelo mesmo Bert Hellinger sua formação e conferências. Alguns são trechos de seus livros. Cada texto tem fonte de referência.
( Tradução do site: http://www.insconsfa.com/arth_avila_feb_2016.shtml)

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