domingo, 31 de julho de 2016

Caminhos

"Quando seguimos numa certa direção, surgem caminhos. Progredimos neles à medida em que deixamos para trás aquela parte do caminho que já trilhamos. Contudo, o caminho trilhado permanece. Podemos retornar a ele – para buscar algo esquecido, para olhar melhor algo que não observamos bem, para visitar alguém que deixamos para trás ou, ainda, para buscar alguém e levá-lo conosco.

Nesse retorno, porém, podemos perder o antigo caminho. Então talvez fiquemos caminhando para baixo e para cima no caminho costumeiro e nos orientando por ele. Aí, em vez de nos fazer progredir, ele se torna uma armadilha, transformando-se em meta.

Alguns caminhos nos deixam extraviados. Depois de algum tempo, percebemos que nos extraviamos ou demos em becos sem saída. Para chegar à meta, precisamos, então, empreender o retorno até a encruzilhada onde nos desviamos para a direção errada.

Para muitas pessoas tal retorno parece bem difícil, sobretudo depois de terem trilhado por longo tempo o caminho errado. Então elas param e se orientam pelo que lhes resta, mesmo que não ofereça saída. Dessa maneira, o caminho, mesmo errado, torna-se um fim para elas.

Ao lado do caminho direto também existem desvios. Muitos deles, com a aparência de simples desvios, revelam-se mais tarde como os melhores caminhos, por nos proporcionarem perspectivas e experiências novas que, no caminho direto, ficariam escondidas ou inacessíveis.

Algumas pessoas, porém, ficam nos desvios por um tempo mais longo do que o conveniente. Passam a depender deles e fracassam, porque o caminho e meta se inter-relacionam em função de um tempo conveniente e limitado, e essa relação só é bem sucedida no tempo devido.

Frequentemente visamos a uma meta bem profissional, por exemplo – à qual se chega por um caminho predeterminado. Nesse caso, basta conhecer a meta para saber o caminho. Pode haver obstáculos a superar, mas o caminho já pode ser descortinado por nós.

Outras vezes, porém, seguimos por caminhos onde a meta e o fim nos permanecem ocultos. Um deles, o nosso caminho de vida; somente em retrospecto podemos reconhecer para onde ele nos levou. Essa meta é, por vezes, muito maior e mais ampla do que no início acreditávamos ou secretamente esperávamos. Muitas vezes, um caminho como esse nos leva a uma tarefa ou a um desafio que preferíamos ter evitado. Olhando para trás, reconhecemos, porém, que nesse caminho crescemos além de nossa própria estatura ou, mais precisamente, percebemos que nele fomos levados, impelidos e tomados a serviço por algo mais poderoso do que nós mesmos. Esse caminho nos leva à nossa meta verdadeira."
  Bert Hellinger
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Quando encontramos algum problema, o importante para a sua solução é o correto discernimento e a determinação para agir. Se a pessoa sabe qual é a melhor solução, mas fica demorando para agir, acaba perdendo a oportunidade. Mesmo a melhor das soluções, se não for executada na hora oportuna, acaba perdendo a oportunidade. mesmo a melhor das soluções, se não for executada na hora oportuna, não conseguirá bom resultado.
"Tomar a decisão é renunciar a algo."
Ao saber disso, que decidir por A significa renunciar a B, entendemos perfeitamente o que seja tomar decisão. Decidir "levantar cedo de manhã", significa renunciar a "dormir até tarde". Sem dúvida, é difícil tomar decisão. Quem não tem capacidade de decisão é aquele que não consegue renunciar a algo.
          Para desenvolver a capacidade de decisão, devemos formar o hábito de resolver rapidamente pequenos problemas que surgem no cotidiano. resolver rapidamente os pequenos problemas do dia a dia, tão logo surjam, não é tarefa tão difícil. Mas aquele que, ao se defrontar com um grande problema, fica adiando indefinidamente a tomada de decisão, é quem negligencia as tomadas de decisão rápidas diante de pequenos problemas do seu dia a dia. Em última análise, é aquele que não consegue abrir mão até de pequenas coisas. Ter sucesso é agarrar a oportunidade.
Capacidade de decisão não é inata nas pessoas. É plenamente possível ser desenvolvida com treinamentos. Pessoas sem capacidade de decisão, não conseguem decidir rapidamente, por possuir temor "Que farei se fracassar"? Oportunidade é agarrar aquilo que virá no futuro, portanto não se pode dizer que seja totalmente seguro.
É também, muitas vezes, uma insegurança para assumir o preço de ter tomado uma decisão...
Essa conscientização de ser responsável pelas suas ações, significa que a própria pessoa se responsabiliza por todo fracasso que sofrer...Portanto é muito mais penoso em comparação ao ato de responsabilizar o outro pelo próprio fracasso.
Existem muitas "vertentes" para reflexão, no simples ato de decidir por alguma coisa, ou não!
Boa semana
Taís

domingo, 24 de julho de 2016

Casamento, remédio para a insegurança?




"Conhecem-se, apaixonam-se, casam-se. É assim que acontece, certo? Hmm. E depois? Ouvimos sobre índices de divórcio, de terapia de casais e namoricos, mas também ouvimos falar da imagem perfeita de casamento feliz há 50 anos. Por que sentimos essa necessidade de nos casar, é por que pensamos que nos completa? Se eu quisesse ser cínica, poderia dizer que a instituição do casamento precisa ser protegido com promessas e contratos, porque é um acordo de limitação criado pelo homem, oriundo do medo, e, portanto, é frágil.

Sentimos a necessidade que o outro se comprometa, porque assim podemos controlá-lo e, dessa maneira, pensamos que ficará sempre conosco e isto nos faz sentir seguros. Muitas vezes, é a necessidade de aprovação pública associada com o casamento ou para viver esse conto de fadas, que nos fizeram engolir como canja de galinha, que como nos foi dito, curava os resfriados. Mas não quero fazer tudo parecer tão sombrio.

Em um casamento entre duas pessoas que se amam incondicionalmente, não há necessidade de amarrar a outra pessoa ou tentar controlá-la de alguma forma. O amor incondicional dá ao outro a liberdade de expressão que todos estamos desejando: a liberdade de ser nós mesmos.

Há maior amor do que isso? Se você realmente ama alguém, como você pode desejar que seja outra pessoa? Este tipo de matrimônio germina e frutifica entre duas pessoas que se apoiam mutuamente para alcançar o seu próprio potencial.

Nosso desejo de fazer que o amor do outro seja eterno vem da nossa necessidade desesperada de ser amados, mas esta necessidade não atendida continuará até que cheguemos a amar a nós mesmos. O desejo de controlar os outros vem de nossa falta de autoestima. Aprendemos a nos rejeitar tanto, que nos tornamos escravos da aprovação externa, o nosso senso de valor próprio depende quase inteiramente das opiniões dos que nos rodeiam.

Isso é assim mesmo, incluso para as pessoas aparentemente bem-sucedidas e poderosas, porque se a sua confiança está em seu sucesso ou prestígio público, onde eles vão se essas coisas desaparecem? Esta é a razão pela qual a perda é geralmente um grande mestre: com a perda, somos confrontados com a nossa própria sensação de vazio. Se ainda não estiver preenchido com nossas distrações e vícios, o oco interior fica aberto e visível; é impossível ignorá-lo por mais tempo. Portanto, temos duas opções: podemos tentar escondê-lo de novo, reconstruir o que perdemos ou substituí-lo por alguma outra forma de distração, ou podemos decidir finalmente assumir a responsabilidade por nossa própria insatisfação e começar a fazer o trabalho necessário para encontrar plenitude interior.

O casamento não é uma cura para a insegurança. O único remédio verdadeiro para a incerteza é o amor de si mesmo -além dos medos e dúvidas da mente- e do desenvolvimento de uma consciência do valor subjacente que é o nosso próprio ser, o que eu chamo de amor-consciência. O verdadeiro amor, o amor incondicional, rompe todos os limites, crenças e ideias. É a natureza ilimitada de ser, é a própria vida.

Como passar de amor condicional para o amor incondicional? Como podemos saber se nossos

relacionamentos são baseados na necessidade ou algo mais profundo? Aqui eu compartilho alguns dos indicadores comuns de dependência mútua. Pergunte a si mesmo se você faz essas coisas em seus relacionamentos, e depois leia minhas sugestões sobre como mudar estes comportamentos para uma forma mais amorosa de interação.

Cenário: Você mente para o seu parceiro/a?As mentiras vão desde pequenas coisas (sim, querida, eu amo a sua caçarola de frango) até as mais importante (estou trabalhando até tarde hoje), mas as mentiras são um sinal de um relacionamento baseado na necessidade de receber a aprovação de outro.

Solução: Seja honesto.
O amor é sempre verdadeiro. A mentira vem do medo. Se você quer um relacionamento verdadeiramente amoroso, a verdade é a única opção. Sempre.

Cenário: Você está tentando controlar e mudar o seu parceiro/a?
A necessidade de modificar o outro vem de suas próprias expectativas sobre como você acha que deve comportar-se para você se sentir apoiado e amado. Isto vem de não assumir a responsabilidade por sua própria segurança.

Solução: Largue isso.
Quando você olha para a manipulação ou estiver exagerando, pare. Fique no momento presente e pensa interiormente: "Eu posso deixar isso passar". Vá para dentro e se concentre em amar a si mesmo. Assim, a necessidade de controlar o seu parceiro/a irá desaparecer.

Cenário: As conversas sempre se transformam em discussões?

Solução: Ouça.
Quando o seu parceiro/a estiver falando, realmente ouça o que ele/a diz, especialmente se você discorda ou se ele/a o/a deixa com raiva. Você verá que as coisas que você menos quer ouvir são as únicas que podem ajudá-lo/a a crescer.

Não é preciso concordar com ele/a para ouvir, e pelo fato de ouvir você não está concordando automaticamente com ele/a, mas você está aberto para receber o que ele/a tem para lhe mostrar. Quando você escuta, você aprende mais sobre a outra pessoa, mas o mais importante, você aprende mais sobre si mesmo.

Cenário: Você se sente ressentido/a?
Se você não expressar seus sentimentos abertamente com o seu parceiro/a, o ressentimento começa a crescer dentro de você e logo retorna para detonar por coisas menores e tolas. Se você achar que, durante uma discussão, traz novamente à tona a lista de tudo aquilo pelo que você se sente ressentido, você não está expressando o suficiente.

Solução: Seja vulnerável.
Um relacionamento verdadeiramente amoroso vai resistir ao teste da verdade. Seja honesto sobre o que você sente e em breve você vai ver a verdadeira natureza de seu relacionamento. Diga ao seu parceiro/a o que você sente. Não tente mudá-lo/a, você está expressando com o objetivo de ser totalmente transparente, para mostrar exatamente como você é. Reconheça o medo e permita-se senti-lo. Ao fazer isso, você vai começar a liberar a carga emocional que causa o ressentimento e substituí-lo com amor.

A coisa maravilhosa sobre essas recomendações é que só tem uma pessoa para trabalhar: você! Não caia na armadilha de pensar, "Eu não posso compartilhar meus sentimentos com ele, porque nunca escuta" ... ou "Eu vou ser honesto
com ela, só se ela é honesta comigo " ... Uma vez que você tomar a decisão de honestidade e transparência sobre a necessidade de aprovação ou de manipular o seu parceiro/a, tudo começará a mudar.

Se o seu relacionamento está baseado em duas pessoas que realmente se amam, vai se tornar mais íntimo, mais satisfatório. E se o amor se foi, então, provavelmente, acabará em breve. Mas quando você enfrentar a verdade, pergunte a si mesmo: "você realmente quer passar a vida com alguém que não ama você?" A verdade é que, quando você começar a ser honesto o suficiente para enfrentar essa realidade, você estará no caminho para se amar. E você vai descobrir que isto compensa demais a perda de uma relação que era em última análise insatisfatória."


por Isha
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"O casamento é uma loteria" - frase que ouvimos com frequência, este dito popular confirma o que todos sabemos: que a grande maioria dos casais, após o entusiasmo inicial, encontra problemas e vive insatisfeita.
Expressar o amor é uma arte extraordinária. Estabelecer contato com esse amor que se tem, bem no fundo, exige grande honestidade consigo e com o outro também. Exige, alem disso,  um conhecimento de si mesmo, porque se não me conheço, só pretendo ser o que não sou e estou ocupado em apresentar uma imagem irreal de mim. Dessa maneira, não posso atender às necessidades, ao chamado desse amor, desse sentimento.
Esse sentimento profundo é o mesmo em todos. É a única coisa que  realmente pode unir os seres, e , portanto, o que pode unir o casal. E se conseguimos abrir-nos uns aos outros, veremos que ele é igual para todos no que diz respeito ao esforço que nos pede. Esse sentimento para com o outro é, em todos, da mesma natureza e da mesma qualidade.
O exercício de dar e receber igualmente, exige do casal a busca de uma relação não de mente para mente, mas de coração para coração.
Tais

domingo, 17 de julho de 2016

A verdadeira medida do Amor

"Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário os honestos, simpáticos e não fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo a porta.

O amor não é chegado a fazer contas, não obedece à razão. O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo, por conjunção estelar.

Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem e é fã do Caetano. Isso são só referenciais.

Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca.

Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera.

Você ama aquela petulante. Você escreveu dúzias de cartas que ela não respondeu, você deu flores que ela deixou a seco.

Você gosta de rock e ela de chorinho, você gosta de praia e ela tem alergia a sol, você abomina Natal e ela detesta o Ano Novo, nem no ódio vocês combinam. Então?

Então, que ela tem um jeito de sorrir que o deixa imobilizado, o beijo dela é mais viciante do que LSD, você adora brigar com ela e ela adora implicar com você. Isso tem nome.

Você ama aquele cafajeste. Ele diz que vai e não liga, ele veste o primeiro trapo que encontra no armário. Ele não emplaca uma semana nos empregos, está sempre duro, e é meio galinha. Ele não tem a menor vocação para príncipe encantado e ainda assim você não consegue despachá-lo.

Quando a mão dele toca na sua nuca, você derrete feito manteiga. Ele toca gaita na boca, adora animais e escreve poemas. Por que você ama este cara?

Não pergunte pra mim; você é inteligente. Lê livros, revistas, jornais. Gosta dos filmes dos irmãos Coen e do Robert Altman, mas sabe que uma boa comédia romântica também tem seu valor.

É bonita. Seu cabelo nasceu para ser sacudido num comercial de xampu e seu corpo tem todas as curvas no lugar. Independente, emprego fixo, bom saldo no banco. Gosta de viajar, de música, tem loucura por computador e seu fettucine ao pesto é imbatível.

Você tem bom humor, não pega no pé de ninguém e adora sexo. Com um currículo desse, criatura, por que está sem um amor?

Ah, o amor, essa raposa. Quem dera o amor não fosse um sentimento, mas uma equação matemática: eu linda + você inteligente = dois apaixonados.

Não funciona assim.

Amar não requer conhecimento prévio nem consulta ao SPC. Ama-se justamente pelo que o Amor tem de indefinível.

Honestos existem aos milhares, generosos têm às pencas, bons motoristas e bons pais de família, tá assim, ó!

Mas ninguém consegue ser do jeito que o amor da sua vida é! Pense nisso. Pedir é a maneira mais eficaz de merecer. É a contingência maior de quem precisa.”
Martha Medeiros

domingo, 10 de julho de 2016

Constelações Sistêmicas

Aceitar pai e mãe, incluir os excluídos, separar o que está misturado, quebrar padrões negativos repetitivos, dar e receber com equilíbrio, harmonizar o masculino e o feminino, honrar a família e ter permissão para seguir e ser feliz!

Às vezes, estamos fora de nosso verdadeiro lugar em nossas famílias, em um papel que não é realmente o nosso; como por exemplo, irmão que toma o lugar de pai, filha que toma o lugar de mulher do pai (tudo isso no inconsciente) , mãe que se comporta como filha da filha; filhos que tomam as crenças e o fardo dos pais para si, ficando assim impossibilitados de seguir seu próprio caminho. 

Repetição de padrões negativos, doenças psicossomáticas, disfunções sexuais, filhos que não "crescem" por terem medo de não serem mais amados pelos pais, cônjuge que não se independe da influência dos pais depois de se casar, identificação excessiva com algum ente querido que já morreu impossibilitando a pessoa de olhar para seu trabalho e sua vida,etc. Tudo isso influi na disponibilidade ou não do indivíduo para uma vida saudável e próspera. 

A Constelação Sistêmica Familiar quebra os círculos viciosos. Revela os mecanismos inconscientes do nosso comportamento e as influências externas. Quando essas influências se mostram nas constelações, o indivíduo recupera seu poder de fazer escolhas, se torna mais livre e produtivo. As consultas podem ser realizadas individualmente ou em grupo. 

A Constelação Familiar foi desenvolvida por Bert Hellinger que elaborou suas inerentes "ordens do amor". Gunthard Weber e outros a estenderam para constelações em contextos organizacionais e em outros contextos. Matthias Varga Von Kibéd e
Insa Sparrer desenvolveram estes conceitos mais além, em "Constelações Sistêmicas de Estrutura" e forneceram uma experiência metodológica e teórica. Bernd Isert criou um método holístico que reúne estes conceitos e métodos da PNL e cinesiologia. 

A meta do trabalho de constelação é resolver envolvimentos, separar misturas e incluir partes do sistema anteriormente excluídas, a fim de permitir que o cliente alcance a integração em um nível mais elevado do que antes. 
É uma filosofia capaz de identificar a origem de muitos dos "males" que nos afligem e, através da energia do amor, desatar nós e abrir novas possibilidades para o futuro. Este trabalho se baseia na existência de uma consciência familiar que "rege" nossos destinos. Cada vez que uma das ordens desta consciência é quebrada, ela age no sistema familiar, através de seus membros, "exigindo" uma compensação. 

Uma destas ordens é o direito ao pertencimento: todos, no sistema familiar, têm o mesmo direito de pertencer. Isto implica que, cada vez que alguém é excluído do sistema, normalmente por questões morais, a consciência familiar escolhe um membro de uma geração posterior ao excluído para que tenha um destino semelhante e difícil. Crianças abortadas, criminosos, alcoólatras, doentes mentais, prostitutas, filhos ilegítimos, todos se enquadram neste grupo de excluídos. Somente quando estas pessoas são reconhecidas e incluídas no coração da família, aquele que estava identificado com o excluído pode seguir seu próprio destino livremente. 

O trabalho sistêmico vem a partir da concepção da vida, do fluir no desenvolvimento natural. Estamos inseridos dentro de um grande sistema contínuo, de diversos elementos que se interagem e de certa forma são interdependentes uns com os outros. Nenhum organismo é um sistema estático, fechado ao mundo exterior; e sim um sistema aberto, onde há uma constante troca de informações entre os mais diversos níveis. 

Não temos como falar de constelação familiar sem falar da visão sistêmica. 

Nascemos dentro de um sistema familiar, que existe há muitos anos e onde não sabemos direito o seu histórico por completo. Foram gerações atrás de gerações, com muitas histórias, acontecimentos, e situações felizes e trágicas. Herdamos através dos nossos pais e ancestrais toda a carga morfogenética (morfo=forma) e não damos conta dos padrões, das crenças e até mesmo das repetições de estórias dentro da nossa família. 

Outra ordem, a de precedência, significa que quem vem antes dá e quem vem depois recebe; quem vem primeiro tem prioridade. Quando alguém toma o lugar de outro que o precede, o sistema familiar entra em desequilíbrio.
Um filho que assume "ares" de pai, um irmão caçula que se arroga direitos de primogênito, um filho que toma para si os problemas dos pais e os coloca em julgamento, são alguns perturbadores desta ordem. Durante a Constelação Familiar, estas dinâmicas ocultas afloram de maneira surpreendente.

“O trabalho de constelação familiar é uma oportunidade de identificarmos de forma consciente o que está acontecendo com o sistema familiar, podendo assim resolver os conflitos a partir da escolha interna de cada um”.
A constelação sistêmica pode ser realizada em grupo (workshop) ou individualmente com utilização de bonecos ou figuras. A terapia se dá através da reunião do terapeuta, do cliente e de um grupo de pessoas que são convidadas a representar membros da família do cliente. A sessão tem início quando o cliente manifesta a questão que quer trabalhar e escolhe representantes para seus familiares. Neste momento, instala-se no ambiente um "campo" que traz à luz aquilo que está atuando em seu sistema familiar. A melhor analogia é o fato de que, a todo instante, milhares de ondas de rádio cruzam o espaço sem que possamos acessá-las. Assim que um aparelho de rádio é ligado e uma determinada freqüência é escolhida, passamos a ouvir imediatamente sua programação. No caso das constelações familiares, o membro da família é o responsável por "autorizar" que a freqüência de sua família seja sintonizada e possa ser captada no ambiente. A partir de como os representantes se sentem e se movimentam, é possível perceber os emaranhados com clareza e dar início à sua dissolução. 

Podemos fazer Constelação para ajudar em conflitos familiares (pais, filhos, irmãos, tios, avós), conflitos entre casais, dificuldade em lidar com perdas de parentes, pessoas queridas ou parceiros, dificuldade em relacionar-se de uma forma geral, dificuldade em comunicar-se, problemas de saúde, conflitos entre sócios, funcionários e clientes, problemas financeiros, entre outras coisas. 
Fonte: Karla de Araujo
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O que eu poderia acrescentar com relação a Constelação Sistêmica Familiar e Organizacional?
Em minha experiência clínica os resultados são sempre voltados ao crescimento do cliente, mesmo que este seja oposto ao que ele desejava ou viera buscar.
Estando aberto e realmente querendo um mudança, o constelado busca a realização daquilo que seu inconsciente mostrou como necessário. Às vezes,  alguns dizem que não cumprirão nada daquilo que foi mostrado e não concordam de maneira alguma... e até dizem "não sou desta maneira que foi mostrado". Mas , na verdade, não tenho dúvida alguma de que o que se mostrou é a realidade de seu inconsciente.
Então, resultados bons ou maus, na visão do cliente, é muito relativo. Para sua constelação sempre serão indicações adequadas ao que necessita...
Posso dizer que de repente estamos parados num ponto de nossa vida, onde não compreendemos o porque, mesmo passado por terapia, e a constelação nos mostra claramente. Vai da decisão de cada um e a forma de olhar e receber os resultados
Boa semana
Tais

domingo, 3 de julho de 2016

Terapeuta: auxiliando a olhar para o que incomoda

"Estivemos ontem em mais um belo trabalho de cura, através da constelação familiar sistêmica. Desta vez, em Formosa, Goiás. Casa cheia, duas constelações intensas… dois clientes desistiram no dia… Coisa que sabemos que acontece, afinal, muitas vezes a pessoa não está ainda preparada para olhar para o conteúdo que irá emergir das profundezas do inconsciente coletivo. E tudo bem: a desistência faz parte! E é muito louvável que somente as pessoas que estão prontas – mesmo sem saber! – para olhar para suas sensações internas, participem do trabalho. Constelação também é “uma caixinha de surpresas”!

A constelação familiar me ensina e meditar ativamente. Estar presente, enquanto diversos sentimentos, sensações mentais, emocionais, físicas e energéticas vão se mostrando. Às vezes, estoura um desconforto no grupo. Outras vezes, o falatório quer dominar. Ainda em outros momentos, peso, tristeza e dor se mostram… O que quero dizer com isso é que aprendo a aceitar as coisas como elas chegam. Tudo o que acontece. Esse é o meu treino meditativo. Ao sustentar inúmeras situações que o grupo – no caso do atendimento em grupo, ou a pessoa – no caso do atendimento individual, não consegue encarar, abro espaço para a inclusão. E a inclusão abre espaço para a cura.

Talvez o grande exercício da constelação familiar sistêmica seja olhar. Olhar para aquilo que ninguém quer olhar. Olhar para uma perda. Uma dor. Uma traição. Um assassinato. Uma violência. Um abandono. Olhar até para o amor – que muitos não conseguem. E quando digo “olhar”, estou dizendo “sentir”. Olhar com o corpo, a alma, tudo! Quantas vezes passamos situações na vida e simplesmente reagimos, sem olhar.

Vejo pessoas se separando, ficando com raiva uma da outra, mas efetivamente não olham o que está incomodando. Não olham para a dor de ser abandonado, traído, sentindo-se usado e também manipulando. Em outros casos, pessoas perderam entes queridos, tiveram abortos, viram seus filhos adoecendo e falecendo, e não olham para esta profunda tristeza. Às vezes, alguém é enganado num negócio ou relação, por alguém muito próximo. E não olha para o sentimento da confiança rompida. Para a sensação de ter servido “de palhaço”. E também não vê a sua responsabilidade em ser traído, afinal, uma parte da pessoa necessitava desta traição, para ver a sua existência validada.

Sim! Você não entendeu errado. Eu disse que uma parte da pessoa precisa da traição. Precisa da dor. Da perda. Do abandono. Se você olhasse calmamente para sua psique, veria inúmeros “eus”, funcionando, cada um querendo uma coisa. Cada um seguindo uma regra, e influenciando a sua vida, as suas relações, o seu comportamento e o seu pensamento. Mas estes “eus” se escondem de diversas formas, para não serem encontrados. Eles sabem que, quando tomamos consciência de quem somos, a maior parte deles perdem suas funções, e deixam de ter domínio sobre nós. Segundo a constelação familiar, estes “eus” são marcados por situações do passado familiar, onde pessoas e fatos que não temos a menor ideia, foram esquecidos. Nós acabamos nos aliando a estas pessoas e fatos do passado, e sem saber, repetimos as dores vividas antes. Repetimos por amor. Para honrar as pessoas e fatos esquecidos. É a tal historinha de querer ajudar aqueles que achamos injustiçados, mais fracos. É uma programação, e ela age inconscientemente. Por isso dizemos constelação sistêmica. Um sistema atua sobre nós.

Quando buscamos uma relação afetiva saudável, honesta, que traga prazer, esbarramos na programação interna que mostra nossos pais não se amando verdadeiramente, traindo, mentindo, engando. Nossos avós, idem. Os diversos amantes também pululam, energeticamente, no nosso sistema que comanda nossos pensamentos, atitudes e emoções a respeito dos relacionamentos afetivos. Os filhos abortados, os filhos ilegítimos, os amores rompidos, tudo isso influencia nossa psique, e nos faz atrair, em primeiro lugar, as dores, os conflitos e perdas, antes que estejamos verdadeiramente preparados para uma relação livre e em paz… Isto é só um exemplo, que é muito comum, mas não significa que aconteça com todos.

Da mesma forma, podemos entender que, quando partimos rumo a um empreendimento, uma carreira, uma vocação, iremos nos defrontar com os medos: pobreza, incompetência, enganos, traições, julgamentos, excesso de responsabilidade, falta de força, etc. Aquilo que está inconsciente aflora, quando queremos o nosso sucesso. E somente após “olharmos” com o corpo, a alma, o coração, para aquilo que aflora, estaremos prontos para tomar posse do nosso verdadeiro sucesso. Da nossa verdadeira saúde. Da nossa verdadeira relação.

Precisamos das pedras do caminho, para fortalecer nossas pernas. Precisamos das nuvens, para saber apreciar o céu azul e a noite estrelada. Após você conseguir passar pelas sensações desagradáveis, você as verá amorosamente. Como saborosas e profundas lições deixadas por uma inteligência maior, que a todo instante nos acompanha, nos orienta, nos ensina e ampara.

Quando estamos trabalhando com terapia, seja em grupo ou individualmente, estamos a serviço desta inteligência. E ela nos preparou para que possamos auxiliar as pessoas a olharem para aquilo que elas não conseguem olhar. Está nos convidando a abrir nossos sentimentos e sair da cabeça racional, que busca explicações o tempo todo. Explicações que de nada servem, porque nenhuma explicação nos leva ao caminho maior de todo ser humano: o amor incondicional. O terapeuta se verá também provocado, porque suas próprias negações surgirão. Quando trabalhamos com constelação sistêmica, todos nós estamos sendo curados. Todo curador, em algum momento, tem que ser “objeto da cura”. Tem que receber o apoio e auxílio de outros curadores. E mesmo após estar “pronto” para o trabalho, será muitas vezes confrontado com o que não aceita. Verá pontos dentro de si onde não consegue manifestar o amor. Talvez manifeste o ódio. A discriminação. A raiva. A exclusão. A loucura. A insegurança. O ciúme. A avareza.

O que podemos fazer com isso? Observar: este ódio é meu. Esta discriminação é minha. Esta raiva e exclusão são minha responsabilidade. Alguém, que não tenho domínio nem conhecimento, está apresentando estas lições no meu caminho, e me auxiliará a integrá-las em meu coração. Assim funciona o trabalho de cura. Sou provocado o tempo todo. E quando não caio na provocação, quando consigo dar um passo e me afastar da sensação que quer me engolir, vejo que tudo é parte do processo. Tenho que dar conta de algo intenso, mas é para isso que fui chamado a ser terapeuta. Este é o meu destino. E este destino é muito grande. Eu me rendo, humildemente a ele. E permito até que ele me fragmente em milhares de pedaços, para que eu posso servi-lo com mais isenção e integridade. Assim é nossa sina: curamos para curar. Somos curados e curamos. Talvez, em algum momento, perceberemos que até essa cura que tanto nos apegamos, são somente nuvens.

O sol continua brilhando, sempre, no céu azul."
Alex Possato
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O Alex sempre impecável naquilo que escreve...Obrigada!
   Como Consteladora que sou, penso que preciso ser livre o suficiente para deixar de tudo sem esperar respostas quando trabalho. Compreender que não saber, deixar tudo de lado, é a forma mais elevada de pensar, e que se viesse uma resposta ela seria falsa. Preciso aquietar-me sem responder e aprender a ver, ver sem julgar, sem pensamentos, sem palavras. Ver é um ato extraordinário que exige uma atenção desconhecida. É o fator que libera, que agrega um espírito novo, um pensar novo. A atenção é a energia essencial do homem. E a energia só pode aparecer quando eu me ocupo constantemente de ver, de escutar, de perguntar-me, nunca de saber. 
Devemos dar uma atenção total a pergunta que nos ocupa. A atenção  não será total se buscarmos uma resposta. A atenção total é o processo de meditação.
   Através da vigilância e da meditação, a natureza do pensamento poderá me revelar, assim como poderá revelar também a forma em que ele atua. Se reconheço com todo o meu ser  que "eu não sei", já não conto com a memória para encontrar a resposta. e, nesse momento, e somente neste momento, chego a ser livre de meus condicionamentos, da prisão de minha memória, e pode haver ali a percepção direta, com a indicação necessária para a constelação.
   Nossa... se for escrever sobre tudo o que se passa... ocuparia paginas e páginas . Boa semana e muito obrigada por prestigiar meu blog.
Tais