domingo, 27 de dezembro de 2015

Uma dieta diferente para seu Ano Novo

O fim do ano está aí e sempre prometemos começar uma dieta no ano que vem. Que tal essa dieta?

Dieta dos Relacionamentos
"Você deve pensar, essa emagrece? Certamente mais que emagrecer, as pessoas estejam precisando fazer dieta dos relacionamentos. O que é isso? Como se faz? Vou tentar explicar, pois uma coisa é certa, você perde peso do que você carrega na vida. E não há emagrecimento melhor. Do que adianta você emagrecer, ficar bonita diante do espelho, mas no seu interior se sentir pesada?

Sabemos que quando o corpo acumula peso além do normal, é conseqüência do acúmulo de coisas variadas (açúcares, gorduras, etc) que precisam ser eliminadas, pois fazem mal a saúde. Então, logo pensamos em fazer dietas para emagrecer.

Sofremos o que for preciso para perder alguns quilinhos. As pessoas
falam de tantas dietas: da lua, da sopa, jejum, do líquido, da USP e assim por diante. Mas também podemos pensar na dieta dos relacionamentos.

A dieta dos relacionamentos está relacionada às impurezas (sentimentos negativos, ódio, vingança, mágoa, inveja, egoísmos, etc), aos conflitos internos e das relações, do respeito às diversidades, da escalas de valores, o ego como produtor de impurezas em nossa vida. Certamente você deve ter alguém que um dia lhe deixou uma mágoa e que você gostaria de conversar e até hoje está engasgada e sempre ela vem no seu pensamento, incomoda, e você não teve a iniciativa de procurá-la. Não sabe o porquê do acontecimento, ou talvez saiba, mas por orgulho, não queira ir atrás.

Pare para pensar. Nada será resolvido, nada será passado a limpo, mesmo que seja para terminar uma amizade, uma relação, mas um peso ficará entre vocês. Então procure essa pessoa, converse e perca alguns quilos, mesmo que termine por aí.

Acho que todas as páginas de nossa vida devem ser viradas. Se alguma ficar dobrada, essa certamente ficará pesada e fazendo mal para nós mesmo. Não se preocupe com o que o outro irá pensar. Pense que você quer tirar essa impureza de dentro de você. Liberte os sentimentos negativos de dentro de você, saiba
perdoar, não guarde ódio, não tenha inveja, não passe por cima das pessoas, não seja egoísta, não pense em somente si próprio, não seja negativo, mal humorado. Esses pesos, além de tudo, trazem doenças para seu organismo.

Como fazer? Esse é um treino que devemos ter paciência, pois levamos anos adquirindo esses pesos e não podemos querer perdê-los rapidamente. Devemos lembrar todo dia, em cada atitude. Assim como colocamos um objetivo de quantos quilos queremos perder, devemos colocar esses objetivos e lembrá-los sempre. Cairemos de vez em quando, mas voltaremos a eles e seguiremos. É treino e paciência. É ter consciência de que não somos os donos do mundo, apenas pensamos ser.

Mas mexer com essas coisas, talvez não seja fácil. Porém, quando conseguimos, a sensação que temos é que perdemos muito mais quilos do que nas dietas para perder peso.
Isso só é possível através da abnegação. Abnegação não significa ódio a si mesmo, auto desprezo ou rejeição do ego. É a recusa em deixar que os interesses ou as vantagens pessoais governem o curso da vida de uma pessoa. E nada como o começo do ano, quando prometemos coisas novas em nossas vidas, até mesmo o famoso regime, mas nunca pensamos na dieta dos relacionamentos.

Pense nisso para 2016 em sua vida, ou melhor, para o resto da sua vida. A dieta dos relacionamentos restabelece a energia do amor. Assim como precisamos eliminar as impurezas que afetam o corpo, precisamos também eliminar as impurezas que afetam as nossas relações, Não deixe que os interesses ou vantagens pessoais governem o curso da sua vida. Aprendi com uma pessoa o seguinte: "ninguém pode ver os laços que nos unem, mas todos podem ver as intrigas que nos separam”. O ego é o maior produtor de impurezas da nossa vida. Para se satisfazer ele precisa se alimentar da gordura da realização dos nossos interesses e do açúcar da aparência de quem não somos.

Eu já estou fazendo a minha e sinto-me muito melhor. Que tal, iniciar esta dieta para uma melhor qualidade de vida? Então, comece agora."

Cristina Fogaça (com adaptações)
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Quando nos olhamos no espelho, sempre vemos marcas que o tempo se incumbe de nos ofertar; machucados por um acidente qualquer, linhas que o próprio tempo deixa, olhos que exprimem sofrimento, alegria, tristeza, satisfação, decepção, enfim, vemos a matéria, ou seja, o resultado de nossa vida em forma física... isso, vemos em nós mesmos e podemos ver nos outros... mas a alma... ah... isso somente nós podemos ver e sentir, quando se trata de nós mesmos.
Olhe para dentro de si e tente lembrar o que foi feito de bom ou ruim;procure repetir as coisas boas, muitas e muitas vezes...
Erros?
Aprenda a lição que eles trouxeram para não repeti-los...
Acontecimentos ruins involuntários, esqueça e pense que no futuro virão muitas coisas boas e que você será forte para enfrentar quaisquer situações complicadas ou embaraçosas que possam aparecer.
Seja positivo, afinal há o livre arbítrio e é você quem decide como quer viver a sua vida.
Escolha o melhor!
Desejo a você um ano novo repleto de saúde, paz, felicidade, amor e prosperidade.
Tais

domingo, 20 de dezembro de 2015

Uma mensagem sistêmica de Natal

"Jesus dizia: amai aos vossos inimigos. Onde estão os seus inimigos? Será o meliante que lhe espreita numa viela escura? Ou o colega de trabalho invejoso, que está prontinho para lhe puxar o tapete? Quem sabe seja aquele cunhado irresponsável, que sempre lhe pede dinheiro emprestado e nunca paga? Talvez o político que você acabou de eleger, e que, sem pudores nenhum, você mesmo diz, de boca cheia: corrupto!?

Olhamos para o mundo e vemos inúmeras razões para temer o outro ser humano. Ou pelo menos, para desconfiar, e então, criar um muro de repulsa e indiferença. Um mestre espiritual, Prembaba, diz que a indiferença é a maneira mais sutil do ódio… Pois é… Em maior ou menor intensidade, odiamos o outro ser humano, pois ele pode nos ferir, nos magoar, nos furtar, nos enganar, discordar das nossas verdades, zombar e caçoar, nos rebaixar.

Para que tapar o sol com a peneira? O convívio social é isso mesmo: pessoas em constante atrito, e por ignorância, competição.
E isso ocorre também, e principalmente, nas relações familiares, nas relações mais íntimas. É onde nos achamos mais vulneráveis, porque não esperamos que aqueles que mais amamos, num ambiente onde queremos nos sentir protegidos, possam nos ferir, nos tirar o chão. E eles tiram. Papai desvaloriza meu trabalho. Mamãe protege mais o meu outro irmão. Irmãzinha sacaneia e mente para me colocar pra escanteio. Marido diz que me ama, mas não é capaz de me ouvir vinte minutos, sem querer dizer o que é certo ou errado pra mim – e assim mostrando que me acha sempre errada. Mulher evita, só de birra, a relação sexual, pois sabe que isso me deixa enfurecido. De onde vem este conflito? Por que temos tantos “inimigos” a nos confrontar, o tempo todo, no nosso ambiente mais íntimo?

A guerra e a paz está em nosso sistema familiar
Herdamos, emocionalmente, muitas situações de conflito, originárias do nosso sistema familiar. Olhe para trás, e somente naquilo que você sabe, e veja quantas separações, quantas traições, quantos filhos fora do casamento, quantos abortos, quanta mentira no relacionamento familiar, quantas dores, quantos desfalques, atos abomináveis e até desumanos… tudo isso faz parte de você. Tudo isso é energia que pulsa em seu íntimo. Por mais que, conscientemente, você negue ser um assassino, um depravado, uma mãe irresponsável, um pai que abandona o filho, um trabalhador fraco e covarde, estas energias fazem parte do seu sistema familiar. E foram justamente estas energias, e a força vital que lhe trouxe a esta vida, que o mantém vivo, sobrevivente, com força para superar tudo isso e fazer algo bom da sua própria vida. Por isso, costumo dizer que todos estes fatos são bênçãos, dádivas divinas, verdadeiros tesouros que o universo nos provê, nos preparando para a luta do dia-a-dia.

O inimigo está em seu próprio sistema familiar. Perdoar ao vosso inimigo é reconhecer que você é igual às coisas mais abomináveis que combate, pois se elas lhe incomodam tanto, é porque você sabe, inconscientemente, que fazem parte de si. É amar a si mesmo, do jeito que você é, com todas as virtudes mas, principalmente, com todas as mazelas. Sem a máscara do bonzinho, do espiritualizado, do evoluído. E também sem a máscara do coitado, do sofredor, da vítima.

Convido você a celebrar este Natal com estes olhos compassivos para si, para seus pais, avós e todo o sistema familiar. Ame ao inimigo que está em você. Permita que ele exista. Permita que a criança interna, ferida e desprezada, seja vista, reconhecida, e acariciada. Permita que os seus sentimentos de rejeição, abandono, desprezo e dor existam. Eles fazem parte. Deixe que a força crística, simbolizada pelo Natal, tome posse desses sentimentos, e os transmutem em aceitação, acolhimento, apreço e prazer. Se você realmente capta o sentido destas palavras, é porque um grão de amor em seu coração vibrou, e deseja espalhar aceitação e honestidade em si e em seu próprio sistema familiar. É porque a mentira e as máscaras sociais que você utilizou para se proteger e mostrar que não tinha tanta dor, mágoa e raiva em si estão caindo, desnudando alguém absurdamente humano. Um ser humano. Com tantas e tantas e tantas histórias, conflitos, superações, quedas… Um ser humano que foi, vezes e vezes, da manjedoura à cruz. 
Da santa ceia aos pregos cravados em suas próprias mãos. Do olhar amoroso às súplicas ao Pai, buscando perdão àqueles que não entendem o que fazem. Buscando perdão a si mesmo, que não entende o que faz. Sim, você viveu tudo isso. Se não nesta vida, com certeza nas vidas anteriores, vividas pelos seus antepassados, que na realidade, são você. Você foi anjo e demônio. Culpado e inocente. Vítima e agressor. Mestre e aluno. Desprezível e admirável. Simplesmente, você foi um ser humano. Na medida em que a força crística se derrame sobre a verdade pura, honesta e simples, de quem você é, que o seu sistema familiar também possa ser abençoado. E que você possa viver, realmente, em estado de comunhão natalina. Sentar à mesa da sua família, e olhar aos seus irmãos, pai e mãe como iguais. Marido, como igual. Esposa, igual. Filho, idem. Nem melhor, nem pior. Olhar ao seu passado e dizer: sim, foi assim. E eu respeito e reverencio.

E quem sabe, neste reconhecimento total de ser somente um humano, você também vislumbre o seu lado divino. Quem sabe Cristo lhe dê a graça de mostrar-se em si mesmo, no momento em que você deixar a necessidade de ser quem você não é, e simplesmente ser quem você é. Quem sabe Jesus nasça, em seu coração, aqui e agora. Se isto ocorrer, olhe-o nos olhos, e diga: feliz Natal. Se isso não ocorrer, mesmo assim, segure seu coração em suas próprias mãos, e diga: feliz Natal. Eu me abençôo, do jeito que sou."
Alex Possato
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Quero em especial agradecer aos seguidores de meu Blog, aos clientes do consultório e das Constelações e aos meus amigos pessoais. Foi um ano de muito trabalho e muita colheita.
Muito Obrigada!

Também é tempo de refazer planos, reconsiderar os equívocos e retomar o caminho para uma vida cada vez mais feliz. Teremos outras 365 novas oportunidades de dizer à vida, que de fato queremos ser plenamente felizes. Que queremos viver cada dia, cada hora e cada minuto em sua plenitude, como se fosse o último. Que queremos renovação e buscaremos os grandes milagres da vida a cada instante.
Natal é hora simbólica de renascer, de florescer, de viver de novo. Aproveite este Natal que está chegando para agradecer, agradecer e agradecer! Não importa como foi 2015...agradeça...já passou!
Gratidão à todos vocês!
Tais

domingo, 13 de dezembro de 2015

O que você perde com o fim do sofrimento?

O que você perde com o fim do sofrimento?
Possivelmente, tudo o que ganha com o seu sofrimento. O difícil é reconhecer que ganha alguma coisa com o sofrimento. Mas ganha, isso é certo. São os ganhos secundários, que estão ocultos, que não têm aparência de ganhos, que não são facilmente verificáveis e mais ainda, que você esconde até se si mesmo pois parecem mesquinhos e egoístas demais. Qualquer situação implica em ganho, primário ou secundário. Quando o evento em si aparenta uma perda, acaba encobrindo o ganho. Por isso, o sofrimento não é visto como vantajoso para quem sofre.

Tem gente que desenvolve doença para ficar de licença saúde, especialmente se detesta o que faz e vive reclamando da sua insatisfação. Aqui fica claro o ganho. E seguindo a mesma lógica, podemos verificar outros ganhos subjacentes em nossas vidas, em menor ou maior grau. O mais importante é reconhecer que sempre há um ganho, por pior que seja a situação. Reconhecimento, atenção, amor, cuidado, privilégios, compensações, vantagens sobre os outros, etc. são algumas das formas desses ganhos.

Conforme o grau de dependência emocional, psíquica, física ou espiritual, mais difícil é reverter o processo. Com uma identidade já instalada, a pessoa se vê mergulhada dentro de aspectos com os quais está identifica e isso passa a fazer parte de seu roteiro pessoal. Quando chega alguém e pergunta: como vai?
Logo ela responde seu rosário de reclamações e clichês mentais de difícil dissolução. Muitos podem ver o sofrimento de fora e perceber a necessidade de algumas mudanças. Mas a pessoa envolvida dificilmente enxerga quando está identificada com a dor. A dor transforma-se em sua roupa psicológica, seu personagem, sua forma de se apresentar ao mundo.

E às vezes para sair desse emaranhado é preciso ir ao mais fundo dos abismos, depois que toda a esperança se foi, depois que nenhuma receita de bolo funcionou. Talvez nesse momento chegue o impulso real da mudança, a força de vontade, o abandono de si mesmo, a desistência do controle, da manipulação, da autopiedade. Quando culpa e culpado se fundem, tanto faz. Já não faz diferença onde tudo começou, tampouco se um dia terá fim. Quando surge um movimento novo, de apenas viver sem se lamentar, olhar e agradecer, desfrutar do que está acontecendo sem se ocupar com o vir a ser. Aqui ocorre a dissolução, o desapego, a entrega, o fim do sofrimento.

Aí o que você perde com o fim do sofrimento tem um sabor diferente, pois algo começa a preencher o vazio de sentido que permeava a vida. Você já não se importa se os parentes e amigos vão te dar menos atenção já que sua doença terminou. A face revelada é outra e o sentido também. Você pode de verdade se alegrar com outras coisas que não dava importância antes. Pode também desligar-se da tomada da intencionalidade negativa que te conduzia à avenida do lamento e escolher andar por outra rua, com outras cores e aromas. A vingança oculta se desfaz e você quer apenas amar e ser feliz, independente de circunstâncias e pessoas. O sofrimento fica para traz, como marcas num caminho necessário para chegar onde chegou. Valeu, todo aprendizado é válido, mesmo que seja por meio da dor. O importante é a cura, a mudança, a consciência alcançada.
Diante dessa possibilidade, vale a pena perder tudo!
Valeria Bastos
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Se alguém esticar o braço para fora da janela de um prédio e soltar um objeto, é evidente que esse objeto cairá no chão, em conformidade com a Lei da Gravidade. Assim como a lei da física atua na queda dos corpos, as leis da ciência mental na terapia promovem a cura da doença.
A mente possui o poder de atrair e concretizar os pensamentos que combinam com seus próprios pensamentos, como também o de rejeitar, neutralizar e anular os pensamentos contrários. A doença é a concretização de pensamentos que propiciam o seu surgimento. Se a doença fosse algo puramente físico, sem nenhuma relação com a mente, não seria possível realizar terapias com a aplicação da ciência mental.
Tenho lido a respeito dessa ciência,  procurado aplicar em meu dia a dia, e estou surpresa com os resultados!
Uma boa semana à todos .
Tais

domingo, 6 de dezembro de 2015

Estamos num estado de sonambulismo?

"O maior impedimento para descoberta de um espaço interior, a principal barreira à descoberta daquele que tem a experiência, é nos tornarmos tão subjugados pela experiência que acabemos perdidos nela . Isto significa que a consciência está desorientada em seu próprio sonho. Somos arrebatados por todo pensamento, toda emoção e toda sensação a tal ponto que, na verdade, nos encontramos num estado de sonambulismo. Esta tem sido a situação normal da humanidade por milhares de anos.
Embora não possamos conhecer a consciência, somos capazes de nos tornar conscientes dela como nós mesmos. Temos como senti-la diretamente em qualquer situação, não importa onde estejamos. Podemos senti-la aqui e agora como nossa verdadeira presença, o espaço interior em que as palavras aqui escritas são percebidas e se transformam em pensamentos. Ela é o Eu Sou subjacente. Por exemplo, as palavras que você está lendo e nas quais está pensando são o primeiro plano, enquanto Eu Sou é o substrato, o pano de fundo implícito em cada sensação, pensamento ou sentimento.

A RESPIRAÇÃO
Podemos descobrir o espaço interior criando lacunas no fluxo do pensamento. Sem elas, o pensamento se torna repetitivo, desprovido de inspiração, sem nenhuma centelha criativa - e é assim que ele é para a maioria das pessoas. Não precisamos nos preocupar com a duração dessas lacunas. Alguns segundos bastam. Aos poucos elas irão aumentar por si mesmas, sem nenhum esforço da nossa parte. Mais importante do que  fazer com que sejam longas é criá-las com frequência para que nossas atividades diárias e nosso fluxo de pensamento sejam entremeados por espaços.

Certa ocasião alguém me mostrou a programação anual de uma grande organização espiritual. Quando examinei, fiquei impressionado pela rica seleção de seminários e palestras interessantes. A pessoa perguntou se eu poderia recomendar uma ou duas atividades. "Não sei, não. Todas elas me parecem muito interessantes. Mas eu conheço esta: tome consciência da sua respiração sempre que puder, toda vez que lembrar. Faça isso durante um ano e terá uma experiência transformadora bem mais forte do que a  participação em qualquer uma dessas atividades. E é de graça."

Tomar consciência da respiração faz com que a atença\ão se afaste do pensamento e produz espaço. É uma maneira de gerar consciência. Embora a plenitude da consciência já esteja presente como o não-manifestado, estamos aqui a levar consciência a essa dimensão.
Tome consciência da sua respiração. Observe a sensação do ato de respirar. Sinta o movimento de entrada e saída do ar ocorrendo em seu corpo. Veja como o peito e o abdômen se expandem e se contraem quando você inspira e expira. Basta uma respiração consciente para produzir espaço onde antes havia a sucessão ininterrupta de pensamentos. Uma respiração consciente( duas ou três seria ainda melhor) feita muitas vezes ao dia é uma maneira excelente de criar espaços na sua vida. Mesmo que você medite sobre sua respiração por duas horas ou mais,  o que é uma prática adotada por algumas pessoas, uma respiração basta para deixá-lo consciente. O resto são expectativas ou lembranças, isto é, pensamentos. Na verdade, respirar não é algo que façamos, mas algo que testemunhamos. A respiração acontece por si mesma. Ela é produzida pela inteligência inerente ao corpo. Portanto, basta observá-la. Essa atividade não envolve nem tensão nem esforço. Além disso, note a breve suspensão do fôlego - sobretudo no ponto de parada  no fim da expiração - antes de começar a inspirar de novo.

Muitas pessoas tem a respiração curta, o que é natural. Quanto mais tomamos consciência da respiração, mais sua profundidade se estabelece sozinha.
Como a respiração não tem forma própria, ela tem sido equiparada ao espírito - a Vida sem uma forma específica - desde tempos ancestrais. "O Senhor Deus formou, pois , o homem do barro da terra, e inspirou-lhe nas narinas um sopro de vida; e o homem se tornou um ser vivente." A palavra alemã para para respiração - atmen - tem origem no termo sânscrito Atman, que significa o espírito divino que nos habita, ou o deus interior.

O fato de a respiração não ter forma é uma das razões pelas quais a consciência da respiração é uma maneira muito eficaz de criar espaços em nossa vida, de produzir consciência. Ela é um excelente objeto, não tem contorno nem forma. O outro motivo é que a respiração é um dos mais sutis e aparentemente insignificantes fenômenos, a "menor coisa", que, segundo Nietzsche, constitui a "melhor felicidade". Cabe a você dividir se vai ou não praticar a consciência da respiração como uma verdadeira meditação formal. No entanto, a meditação formal não substitui o empenho em criar consciência do espaço na sua vida cotidiana."
O despertar de uma nova consciência - Eckhart Tolle
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Ao tomarmos consciência da respiração, nos vemos forçados a nos concentrar no momento presente - o segredo de toda a transformação interior espiritual. Sempre que nos tornamos conscientes da respiração, estamos absolutamente no presente. Percebemos também que não conseguimos pensar e nos manter conscientes da respiração por muito tempo. A respiração consciente suspende a atividade mental . No entanto, longe de estarmos em transe ou semidespertos, permanecemos acordados e alerta. Não ficamos abaixo do nível do pensamento, e sim acima dele. E, se observarmos com mais atenção, veremos duas coisas - nosso pleno estado de presença sem a perda da consciência - são, na verdade, a mesma coisa: o surgimento da consciência do espaço.
Quando passei pela experiência de fazer um curso atras do outro (e algo me dizia que não era por ai), abri um espaço para encontrar algo que me desse este espaço para sentir aquilo que eu necessitava...e assim surgiu o Grupo Gurdjieff, e, por 20 anos, aprendi a respirar, parar, e olhar para mim. Graças a este trabalho interior, hoje me sinto um pouco mais livre para escolher, para ter uma presença em momentos decisivos.
Nas Constelações Familiares me ajudou a ter percepção daquilo que está presente no "campo" e poder "trabalhar e sentir" o necessário naquele momento para meu cliente.
Vamos respirar? Agora, neste momento...1...2...
Uma excelente semana à todos. Bom dia!
Tais

domingo, 29 de novembro de 2015

Adoção e gratidão aos pais!


"Uma questão que veio à tona no primeiro módulo do nosso Curso de Formação em Constelações Sistêmicas foi a questão da adoção. Como se vê a adoção nas Constelações? Porque a criança/pessoa adotada necessita reconhecer os pais biológicos?


Qual o nível de interação da criança com seus pais adotivos? A adoção é uma questão polêmica e são muitas dúvidas que envolvem esse tema. Resolvemos então comentar um pouco mais.

Na constelação trabalhamos com três níveis de consciência: a consciência pessoal, a consciência sistêmica/coletiva e a consciência espiritual. Fazendo uma analogia, podemos pensar em três níveis de vínculo: o vínculo pessoal, o vínculo sistêmico e o vínculo espiritual.

No nível do vínculo pessoal a criança adotada, tem um vínculo maior com os pais adotivos, pois a criança está sendo cuidada pelos seus novos pais. Podemos também chamar esse vínculo de psicológico. Psicologicamente essa criança está mais conectada com os pais adotivos.

Percebemos porém que em um nível sistêmico a criança adotada está mais fortemente ligada aos seus pais biológicos, mesmo que não os tenha conhecido. Se observarmos uma constelação onde colocamos a criança junto com seus pais biológicos e os adotivos, essa criança mostra um forte vínculo com seus pais biológicos. Esse vínculo é tão forte que a criança pode até mesmo repetir o destino desses últimos. Podemos dizer que os filhos adotados são leais ao seu sistema de origem.

As observações mostram que os problemas com os filhos adotados, principalmente as adoções que são mantidas em segredo, inicia-se no final da adolescência. A solução para a família que adotou passa pelo reconhecimento dos pais biológicos, colocando-os no seu coração e olhando-os com amor, sem julgamento e sem críticas à sua conduta. Os filhos adotivos dessa forma se tranquilizam e aceitam sem revolta o amor e os cuidados dos pais adotivos.

Outro exemplo que mostra a força do vínculo sistêmico é o aborto. Em muitas constelações quando olhamos para os pais e seu filho abortado, vemos que mesmo não tendo participado da vida dos pais fora do útero, esse filho se vincula profundamente a seus pais. Podendo o aborto gerar diversos problemas e conflitos, inclusive a separação do casal.

No terceiro nível, o espiritual, a criança está além dos vínculos, além da família. Ela pode escolher seu próprio caminho. E esse caminho passa pelo reconhecimento e agradecimento à família que lhe acolheu – os pais adotivos, bem como um reconhecimento e um agradecimento, talvez ainda mais profundo, aos pais que lhe deram a vida. Ela então, está livre para seguir seu caminho individual e buscar a sua felicidade e realização."

Guilherme Ashara
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E interessante observar que os problemas tornam-se os mesmos com filhos legítimos, quando não existe a gratidão acima mencionada.
Independente do que nossos pais biológicos tenham feito de suas vidas, nós, os filhos, devemos ser gratos.
Por quê?  Porque recebemos a vida deles... e isso não tem preço, não tem como pagarmos. É gratidão...sempre!
E nas constelações podemos observar com muita clareza, que muitas questões emaranhadas na vida do cliente estão intimamente ligadas aos seus pais, quase sempre!
Este trabalho é uma oportunidade muito amorosa de "vermos"o nosso inconsciente manifestado.
Ao honrar os pais podemos seguir, fluir na vida.
Encerrando 2015, estaremos Constelando no próximo dia 15 de dezembro ( Capitao Souza Franco 881, cobertura às 19:30)
Boa semana
Tais

domingo, 22 de novembro de 2015

Pedir ajuda, você sabe?


"Como é difícil pedir ajuda às vezes. Aprendemos tanto com a autossuficiência e o individualismo que perdemos o jeito de pedir ajuda. Sentimos vergonha e acanhamento, ou sentimos orgulho mesmo. Orgulho para o outro não saber o que você está passando, ou para a sua imagem não ficar arranhada.


Construímos autoimagens idealizadas de nós mesmos e nos identificamos com elas. Imagens de uma pessoa que se resolve bem, lida bem consigo mesmo e com suas dificuldades. Talvez a imagem de uma pessoa forte, que todo mundo pode contar com ela para o que der e vier. A imagem de alguém que entende de tudo e tem solução para tudo. A imagem de alguém que não se deixa abater pelas circunstâncias da vida, ou de alguém que sempre se virou sozinho e nunca teve apoio e agora é que não vai ter.

O fato é que essas imagens vão sendo estruturadas ao longo da vida e a pessoa se torna refém delas. Não consegue mais se desvencilhar de tais comportamentos que confirmam essa imagem e quando uma situação acontece, atua aquele personagem automaticamente. Enquanto isso, vai se fechando mais e mais em seu casulo de autossuficiência solitária e quando menos percebe, cadê o apoio das pessoas? Claro, todo mundo sumiu, ninguém nem pensa que você precisa de ajuda para alguma coisa. Parece até um afronta lhe perguntar: quer ajuda? A resposta é sempre a mesma: não, está tudo bem...

O orgulho, que está encoberto pela imagem de autossuficiência é uma das características do eu inferior que mais nos causa problema. Quando estamos submetidos a ele, encobrimos muitos sentimentos como o medo, a vergonha, o complexo de inferioridade, o não saber das coisas, a impotência, o fracasso, a insuficiência, as perdas, os recalques, os vícios, a incompetência, a vaidade, a humilhação, a exclusão. Mas, como é muito difícil encarar essas emoções que machucam demais, a couraça do orgulhoso começa a se formar para se proteger. Então, o orgulhoso nunca pede nada, nunca precisa de nada e sempre é melhor que o outro em tudo.

Conhece alguém assim? Se conhece, veja bem como ele atua e procure perceber o que ele esconde. Se esse alguém é você, faça uma lista das coisas mais difíceis de encarar em si mesmo, aquilo que mais o ofende, causa-lhe raiva ou o deixa triste. Pergunte-se quando esse sentimento surgiu na sua vida, faça uma retrospectiva, vá longe, lá na infância, perceba como isso foi reforçado ao longo dos anos. Peça de verdade para ir à origem dessa dor, ir ao núcleo, onde você sentiu que perdeu algo importante e a partir dali começou a forjar um novo eu para lidar com aquela dor. Ao chegar ao núcleo, perceba a promessa que você se fez e observe se até hoje você está agindo de acordo com ela. Nesse momento, terá duas opções, continuar no seu casulo ou sair dele e deixar o passado pra lá. Você escolhe.

Se resolver abandonar a casca, olhe para as pessoas amigas que lhe ofereceram ajuda e você se negou a receber. Comece a ver o outro lado agora, exercite esse pedido, abra-se para a troca, para se doar também. Veja como é bom, como é agradável sentir o apoio e dar apoio. Como é caloroso e nos dá um senso de acolhimento e pertencimento. Como sentimos que estamos juntos, unidos, fazendo parte. Como o estado de separação se dissolve e a ideia de eu melhor que outro se revela ilusória e transitória. Perceba o ciclo da vida, um dia lá, outro dia cá. Veja que nada permanece igual o tempo todo. Hoje você dá, amanhã você pede. É um fluxo, a vida segue esse fluxo, tudo no universo segue esse fluxo da interdependência das coisas. É bom não resistir a isso, é bom fluir com a vida. Fica mais leve, mais fácil, mais gostoso. Vamos exercitar?"
Valeria Bastos
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Existem outros "amores" e não podemos confundir autossuficiência com ele...

Um homem que  ama a si mesmo respeita, e um homem que se ama e respeita a si próprio respeita os outros também, porque ele sabe, assim como eu sou, assim são os outros. Assim como eu gosto de amor, respeito, dignidade, assim como os outros. Ele se torna consciente de que não somos diferente . Na medida em que os fundamentos estão em causa, nós somos um.

O homem que ama a si mesmo desfruta do amor portanto, torna-se tão feliz, que o amor começa a transbordar, começa a alcançar os outros. Tem que chegar! Se vive o amor, tem que partilhar. Pode ir amar a si mesmo para sempre porque uma coisa ficará absolutamente clara para si: que se ama uma pessoa, você mesmo, é tão tremendamente extasiante e belo, quanto mais êxtase está esperando por si, se começar a partilhar o seu amor com muitas mais pessoas!
Vamos nos amar...e o caminho é amar seu próximo! Com certeza, assim, desaparecerá a necessidade de omitir o "pedido de ajuda". Quanto mais conheço a mim mesmo, mais conheço meu próximo. 
E paradoxal...mas é verdadeiro.
Tais

domingo, 15 de novembro de 2015

Por que atraímos relacionamentos destrutivos?

"Os padrões comportamentais são estruturas complexas e imprevisíveis que se formam a partir de repetições compulsivas e, muitas vezes, inconscientes. Pensamentos, palavras e ações expressos de maneira irrefletida, sistemática, sem intenção, ocorrem a todo instante e nem sempre condizem com o nosso real sentimento e desejo.

Ao reagirmos negativamente a atitudes de outras pessoas sem darmos conta disso, dizermos o que não queremos de fato ou ferirmos e magoarmos alguém de quem gostamos, estamos nos deixando levar por mecanismos internos de reação a algo que já foi experimentado muitas vezes. A tendência é seguir o primeiro impulso e soltar a carga sem pensar, o que acaba tendo um peso ou conseqüência além do que a situação enseja.

Quando se está atento e já se conscientizou desse comportamento desequilibrado, vem o arrependimento, a culpa, a auto-punição, dor e sofrimento, mas é tarde. No entanto, quando estamos excessivamente identificados com a máscara e mentimos para nós mesmos, fingindo não sentir, o problema e o culpado são sempre os outros. O orgulho fala mais alto e não voltamos atrás nem para refletir um pouco sobre nossos atos e emoções descontroladas. É mais fácil, claro, e preferimos seguir o caminho do menor esforço, daquele velho e conhecido jeito de ser.

Esse é um drama humano – samsara - ciclos de vida e morte. E não se trata apenas da morte que se passa no fim da vida física. São as pequenas mortes de todos os dias: as mortes do ego, da esperança, do desejo de ser feliz, do amor próprio, da auto-imagem idealizada, dos sonhos! Tudo isso maltrata, dói e fere a alma profundamente. Uma vez ferida, percorre incessantemente inúmeras vidas em busca de curar as dores que se agigantam, sem fim.

Esses ciclos parecem infindáveis e, na verdade, são mesmo! A menos que a personalidade atual decida conscientemente se enfrentar para romper e liberar padrões doentios da alma, repetirá outros tantos processos semelhantes. A lei de causa e efeito rege o caminho do Ser com sabedoria e isenção. O resultado das nossas ações nos retorna na mesma freqüência e intensidade, seja em que tempo for, nesta ou em outra vida. E como vivemos padrões antagônicos - ora de vítima, ora de algoz - na tentativa insana de nos livrarmos do sofrimento, não é garantido vivermos situações felizes e harmoniosas num outro tempo.

Mas, afinal, por que atraio relacionamentos destrutivos? Para confirmar a crença de que não mereço ser feliz? Para me punir? Para assumir o papel de vítima e ganhar a atenção de outras pessoas? Para me vingar de algo inconsciente? Como forma de aprendizado, crescimento e oportunidade de autoconhecimento? Sim, pode ser uma dessas respostas ou algumas delas, combinadas entre si. E isso tem a ver, necessariamente, com vidas passadas? Certamente, pois carregamos conteúdos inconscientes que são reprisados como pensamentos, palavras e ações, do lixo que ficou armazenado internamente no psiquismo.

Nossa mente nos leva de um lado para outro e estamos à mercê dela. Há alguma dúvida disso? Se refletirmos um pouco sobre a vida que levamos e o nosso jeito de ser chegaremos à conclusão de que há algo obscuro e abstrato em nós que não conseguimos enxergar com clareza. Como se alguns sentimentos e emoções de repente não fizessem sentido e não soubéssemos exatamente de onde vêm e como cessá-los; parecem mais fortes que nós. E não fazemos ainda por não conseguirmos transmutar as cargas pesadas de ontem e do quantum energético originado, de maneira consciente e voluntária, sem auxílio de um recurso terapêutico."
Valeria Bastos
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Através da Constelação Sistêmica Familiar, quando o inconsciente se manifesta através dos representantes escolhidos no grupo, a fenomenologia mostra - nem sempre de maneira compreensiva - a origem do "emaranhamento familiar". Através do que "se mostra" podemos via Leis do Amor, criadas por Bert Hellinger, deixar a a alma buscar a melhor solução.
É bem verdade, que às vezes a solução apresentada não é aquela que o cliente deseja, mas com certeza é a melhor para aquele sistema.
Por isso dizemos que o Constelador é o menos importante na solução, pois não é ele que "sabe" a resposta...mas sim o sistema do cliente. Nós apenas facilitamos o trabalho.
Ao olhar para àquilo se mostra, o cliente percebe o que precisa ser "tomado, respeitado ou modificado", e assim, continuar sua vida... sem julgamentos e mais comprometido com o processo de autoconhecimento e crescimento.
Obviamente não existe mágica em se tratando de cura e transformação pessoal, especialmente relacionado a processos profundamente enraizados no inconsciente humano e planetário. 
Ficar no passado , nos julgamento, nas histórias que nos contam só atrasa a nossa evolução. Feita a Constelação será necessário deixa-la...e aguardar o que virá! 
Tais

domingo, 8 de novembro de 2015

Curando as Feridas do Aborto

"Até mais de uma década atrás, eu era, como a grande maioria da nossa sociedade, totalmente ignorante no que diz respeito ao aborto, numa perspectiva sistêmica.

Somente com a entrada da Constelação Familiar na minha vida, pude começar a perceber os efeitos que um aborto causa para o próprio feto, para os pais e para toda a família.

Quando tive a oportunidade de reviver dezenas de casos de aborto - inclusive alguns meus - através das Constelações Familiares pude sentir o quanto aquelas "almas" ainda estavam ligadas a seus pais. No meu caso particular, pude sentir cada uma delas e pude finalmente me reconciliar com as mesmas e, por conseguinte com o meu próprio coração.

Caso você tenha provocado algum aborto, aproveite a leitura desse artigo para incluir esse ser abortado no seu coração e curar assim essa ferida que provavelmente ainda está aberta no seu peito.

Bert Hellinger, o criador da Psicoterapia Sistêmica Fenomenologia, conhecida também como Constelação Familiar Sistêmica, não tem nenhuma vinculação religiosa, mas é a meu ver um ser religioso que busca a espiritualidade em cada fenômeno que a ele se apresenta. Ele teve "insights" preciosos a respeito do aborto e suas consequências.

Tomei conhecimento das Constelações Sistêmicas através de uma amiga - a terapeuta alemã Mimansa que desde cedo vem acompanhando o trabalho de Bert Hellinger e suas descobertas incrivelmente reveladoras. Tive a oportunidade de trazer a Mimansa para dar seu primeiro workshop em Fortaleza em 1997. E fiz minha formação básica com outro alemão – o médico e psicoterapeuta Bertold Hulsamer, entre 1999 e 2000, na Índia. Tive também a felicidade de ser o primeiro constelador a atuar aqui no Nordeste do Brasil.

Quando vi pela primeira vez a colocação nas Constelações de filhos abortados, pude perceber que o mal maior é causado não somente pelo ato de abortar, mas pela exclusão e tentativa de esquecimento daquele filho rejeitado.

Os pais, principalmente a mãe, ficam ligados sistemicamente a esse filho abortado, até mesmo negando a sua existência, inconscientemente eles estão conectados ao mesmo. E o que é mais grave, os pais olham na direção dos filhos mortos prematuramente e inconscientemente dizem: "eu sigo você meu filho querido". Isso significa que eles iniciam uma caminhada na direção à morte, ao fracasso, à doença ou à separação.

Os filhos vivos por sua vez, sentem a "ausência" dos pais e percebem inconscientemente que um deles, ou os dois, querem desaparecer. O olhar dos pais fica perdido no horizonte. Então, por amor, os filhos vivos dizem internamente: "Antes eu do que você, querido pai ou mãe".

E se esse desejo inconsciente de substituir os pais na caminhada em direção à morte não for interrompida, pode ocasionar uma seqüência de mortes e/ou doenças, geração após geração, até o momento que tudo isso seja trazido à luz. E esse padrão destrutivo será interrompido quando pudermos incluir no coração todos os que morreram, foram excluídos ou esquecidos, inclusive os filhos abortados.

Bert Hellinger em seu livro "A fonte não precisa perguntar pelo caminho" nos elucida essa questão do aborto: "Crianças abortadas têm sempre um efeito especial para seus pais. Nisso existe, frequentemente, a dinâmica de que a mãe ou o pai dessa criança abortada queira segui-la, também, na morte. Ou expiam, quando mais tarde não se permitem estar bem, por exemplo, não têm ou não encontram mais outro companheiro. Ou, se têm um relacionamento, se separam. Isso seria muito pior para a criança abortada se soubesse do efeito do seu destino".

Em outro parágrafo Bert fala da reconciliação e da cura: "A dor e o amor reconciliam a criança com o seu destino". 

Nas minhas palavras: É necessário assumir a dor e a responsabilidade ou sentimento de culpa para que o amor suprimido volte a fluir na interação com o filho abortado e na vida dos sobreviventes. Toda essa compreensão me ajudou a curar feridas de peso e culpa que eu carregava sobre mim. Os passos que dei são os mesmos que qualquer pessoa pode dar: reconhecer os abortos, incluir meus filhos abortados no coração; reverenciar a mãe ou o pai e assumir a sua parte da responsabilidade.

Pude, durante e depois de cada vivência, sentir o amor expandindo em meu coração, uma leveza e um desprendimento que invadiu todo o meu ser.

Bert também nos dá dicas preciosas de como continuar nosso processo de cura, ele diz: "E é importante que a força que vem da culpa possa fluir para algo bom em homenagem a essa criança, por exemplo, no cuidar generosamente de outros. Isso atua de volta na criança. Então a criança não se foi. É acolhida novamente pelos seus pais, participa de sua vida e fica reconciliada. Isso seria uma boa solução para todos".
Namastê!
Guilherme Ashara
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Quando se sente amor, pelas crianças abortadas, aceitando-as e dando um lugar, abrem-se as portas da liberação para o abortado, para seus pais e irmãos. É um ato de amor de valor imensurável.

Caso você tenha fracassos, depressão, ou sentimentos que levam à autodestruição, busque um terapeuta que trabalhe com Constelações Familiares e comprove o quanto de cura pode se alcançar. É bem verdade que muitas pessoas procuram soluções mágicas e instantâneas...mas não funciona assim!
É necessário processar internamente tudo que foi "constelado", e, aos poucos, ir sentindo aquilo que deve ser "olhado", "tratado"e modificado por si mesmo(a). 
Boa semana
Tais


domingo, 1 de novembro de 2015

Amor que cura e amor que adoece

"Alice, (*) 30 anos, chegou a meu consultório com a seguinte queixa: “não consigo completar aquilo que começo, já comecei faculdade e parei no meio e meus relacionamentos não duram muito”.

Concordamos em trabalhar durante três meses, sendo um atendimento por semana. No terceiro atendimento ela quis desistir, seguindo o seu padrão de não dar continuidade a nada. Só aceitou continuar porque já haviam sido reveladas questões profundas sobre a sua dificuldade.

Primeiro ela tinha um pai ausente. Ele passava freqüentemente dias e até semanas fora de casa. Ela tinha muitas dificuldades com o pai e começou a perceber também o quanto de raiva acumulara em relação ao mesmo.

Um segundo ponto importante é que a mãe tinha uma personalidade dúbia: uma hora era contra o pai e seus atos suspeitos e outra hora aceitava a situação e pedia aos filhos que também o aceitassem.

Ficou claro na terapia que a filha absorvera os sentimentos da mãe. Por amor e com dó do sofrimento da mesma, ela tomou para si toda a raiva e a dor que a mãe acumulara durante toda a sua vida.

É possível assumir sentimentos alheios? Como isso se dá?

O terapeuta e filósofo alemão Bert Hellinger - criador do método das Constelações Familiares – em seu livro "A fonte não Precisa Perguntar pelo Caminho", descreve esses sentimentos e os chama de sentimentos adotados. Ele afirma: “ ...os sentimentos adotados
nascem como efeito de uma identificação.” E exemplifica: “Se eu estivesse identificado com o irmão do meu pai, então sentiria como ele; e não poderia vê-lo, porque na identificação sou como ele”.

Pois é, durante toda a vida Alice representou um papel que não lhe pertencia. Ela assumiu, além dos sentimentos da mãe, ações da mãe, como por exemplo, decidir como seria o relacionamento dos seus pais. A mãe, na inconsciência da situação, pedia rotineiramente conselhos à filha e até delegava responsabilidades à mesma de se comunicar com o pai e exigir uma mudança de postura do mesmo.

O que você acha que pode acontecer se assumo os sentimentos ou a responsabilidade de alguém?

No caso da Alice, ela começou a se dar conta da tremenda carga que carregava nos ombros. Percebeu também que suas investidas para se relacionar com alguém nunca se sucederam porque ela agia com os namorados da mesma forma que sua mãe agia com seu pai, isto é, com total desconfiança. Ela chegou a declarar que não confiava em ninguém. Mostrei que ela não confiava nos homens por sentir a vibração de traição do pai e não confiava nas mulheres porque sua mãe a traiu, usando-a inconscientemente e colocando-a contra o pai, durante toda a vida.

Alice também se sentia absolutamente frágil e insegura em todas as situações de sua vida. Sugeri que isso provavelmente eram também sentimentos tomados da mãe.

Então, ela fez a pergunta mais lógica e esperada: “como posso sair dessa situação e recuperar minha força e minha dignidade”?

O primeiro passo é descobrir que papéis e sentimentos dos outros você está tomando para si. Isto acontece normalmente em situações familiares onde o filho assume o papel do pai ausente ou a filha assume o papel da mãe que por algum motivo não ‘olha’ para o marido e para a família.

Acontece também em casos nos quais a mãe, por exemplo, casa novamente e leva um filho para o novo casamento: esse filho pode
assumir o papel de parceiro da mãe, não dando espaço para a mãe no seu novo relacionamento.

Reconhecidos os papéis, então, os pais, energética e verbalmente, se colocam diante dos filhos como pais e expressam algo como: “agora eu assumo minha vida e meu relacionamento e decido tudo com meu parceiro/a. Você (falando para o filho/a) é somente o filho/a. Por favor, não interfira mais no meu relacionamento e nas minhas decisões”.

Esse posicionamento resgata profundamente a força que os pais tinham entregado aos filhos e, ao mesmo tempo, retira um peso tremendo dos ombros dos mesmos.

Um caso pessoal:

Lembro que quando tinha cerca de vinte e um anos já trabalhava e ganhava um bom salário. Meu pai trabalhava em outra cidade. Por ser o filho homem mais velho que continuava morando na casa dos pais, fui ‘requisitado’ para assumir o papel de homem da casa, isto é, o papel do pai.

Assumi esse papel por algum tempo, mas num impulso decidi não querer mais esse peso e essa responsabilidade para mim. Saí de casa. Bendito impulso que me levou a descobrir minha vida por conta própria, a tomar minhas decisões e assumir a responsabilidade por meus erros e acertos.

Assumindo por amor...

É importante também compreender que os filhos assumem esses papeis por amor aos pais e os pais permitem inconscientemente. Esse amor entre pais e filhos, nessa situação, é o ‘amor que adoece’. Reconhecido esse padrão inconsciente e resgatando nossos verdadeiros papéis damos espaço para o ‘amor que cura’.

E isto está acontecendo agora com Alice. Ela começou a compreender e aceitar o seu papel de filha. Aprendeu também a aceitar e reverenciar as decisões e o destino dos pais.

Ela começou a ver sua família como semente do seu amor, mas também compreendeu que a mesma família pode ser a raiz de todas as suas neuroses.

O final feliz dessa história ainda pode levar algum tempo, mas certamente, Alice já deu um passo tremendo para uma vida familiar mais harmônica e honesta e uma vida pessoal feliz, equilibrada e aberta para relacionamentos amorosos mais profundos e duradouros.
(*) Alice é nome fictício."
Guilherme Ashara 

domingo, 25 de outubro de 2015

Amar aos pais - como eles são!


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"Bert Hellinger, um teólogo, filósofo e psicoterapeuta alemão, criador de uma nova abordagem de psicoterapia sistêmica, desenvolveu um trabalho revolucionário que tem amplas implicações para o aconselhamento de casais, acompanhamento de crianças, pedagogia, consultoria de empresas, dramaturgia, política e solução de conflitos sociais.

Ele trouxe um novo olhar para nossa forma de viver nossos vínculos e relacionamentos.

Na reflexão de hoje, trazemos um pouco do que ele fala sobre nosso relacionamento com nossos pais. Para ele, nós continuamos, mesmo quando adultos, levando conosco a criança que fomos e, levando também os julgamentos, as reivindicações e as acusações aos nossos pais.

Para Bert, não há como seguir na vida de forma saudável e com sucesso, se não abrimos mão disso tudo, tomando nossos pais como eles são, como pessoas bem normais, que fizeram o que foi possível. Tomar a eles e tomar a vida do jeito que foi e do jeito que chegou até nós.

Sinta o que aconteceria na alma se você imaginasse crianças dizendo para seus pais: ”Aquilo que vocês me deram, primeiramente, não foi correto, e segundo, não foi suficiente. Vocês ainda me devem.”

O que estas crianças têm de seus pais quando sentem as coisas desta forma?
Nada.

E o que os pais têm de suas crianças?
Também nada.

Tais crianças não conseguem se separar de seus pais. Sua demanda e suas acusações os prendem de tal forma a seus pais que, apesar de estarem vinculados, é como se não tivessem pais.

O “não” que estas crianças dizem a seus pais, acaba sendo dito para elas mesmas, pois, todos nós somos nossos próprios pais (somos a continuação biológica deles). E então elas se sentem vazias, carentes e fracas. (Vale aqui relembrar que quando falamos crianças, podemos nos referir a pessoas de 5, 10, 15, 30, 50, 70 anos. Todos nós somos as crianças que fomos um dia, pois elas continuam a viver dentro de nós).

Esta é a segunda ordem do amor: que as crianças tomem de seus pais, aquilo que estes possam dar, da forma que vier, sem nenhuma exigência adicional, pois, o que eles deram já foi suficiente e permitiu que a vida chegasse até nós."
Ana Garlet, Coaching e Consteladora Sistêmica do Ipê Roxo.

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Outro exemplo clássico de desrespeito da ordem de chegada é quando ocorre a separação do casal e um dos dois casa-se novamente. 
Os novos companheiros, nova esposa ou esposo, entram para a família como segundos na ordem de chegada. Quando se observa que esses se comportam de forma a querer mandar em tudo e modificar muita coisa, falar mal dos ex-companheiros, isso traz muito desequilíbrio para o atual casal. Geralmente, os filhos, se existirem, não aceitam. A primeira esposa ou esposo, gostemos ou não, sempre farão parte da história daquela família e daquele relacionamento afetivo. Eles devem ser respeitados, independentemente do que aconteceu anteriormente.

É como se a família tivesse uma alma própria e se alguém é severamente desrespeitado ou não reconhecido, todo o sistema sofre. Como no corpo humano se um órgão está doente todo o sistema sentirá.


Quando não aceitamos os pais do nosso cônjuge também estamos desrespeitando aqueles que chegaram primeiro do que nós na família. Dessa forma, não aceitamos uma parte do nosso cônjuge e isso acaba desequilibrando a relação.

O mesmo acontece quando não aceitamos nossos pais como eles são. Eles chegaram primeiro e merecem ser respeitados. Quando queremos modificá-los, perdemos força na vida.
Boa Semana
Tais

domingo, 18 de outubro de 2015

Prazer e dor - a eterna gangorra da Vida


"Como lidar com isso que parece tão difícil de mudar? Essa dinâmica na vida de experimentar prazer e dor, inclusive, nas mesmas situações. Em um momento nos alegramos, é tudo o que queremos; em outro, queremos fugir, acabar com tudo, desaparecer. A mesma pessoa, o mesmo vínculo é capaz de nos causar essas emoções tão antagônicas e não conseguimos deter esse processo. Prazer e dor são energias conflitantes, que se reforçam mutuamente. Quanto mais prazer, mais apego ao que gostamos. Isso leva inevitavelmente ao medo e ao sofrimento de perder esse “bem precioso”. Uma vez que nada dura para sempre, é questão de tempo. A mudança chega e traz a dor com ela, pois as circunstâncias da vidas mudam a todo momento e não podemos detê-las. Aí vem a aversão, a fuga, o não querer sentir, a raiva, as compulsões e tentativas de se livrar daquilo que nos machuca. 

Um dia amor, outro dia ódio, um dia alegria, outro tristeza. E vamos seguindo nessa gangorra da vida, nesses altos e baixos, sendo arrebatados pelos ventos e tempestades emocionais, sem conseguir atracar em lugar seguro. Quanto mais a intenção de conter essa dinâmica, mais preso se torna a ela. Como esse mecanismo é parte da vida, do fluir e contrair, do nascer e morrer de todas as coisas, é impossível dominá-lo e tentar deter. O que nos resta é aceitar o que vem, aceitar o que vai. Assim como as ondas do mar, contemplar a natureza da vida e encarar os fatos com mais naturalidade ao invés de querer mudar o que é. Isso traz um profundo sentimento de paz interior. Aceitar as coisas como são é sinal de amadurecimento emocional e espiritual. Abrir mão do controle e do desejo de ter as coisas do seu próprio jeito é uma forma de exercitar a tolerância e aceitação dos movimentos da vida, do ritmo e escolha do outro, do jeito de ser de cada um, do tempo de despertar que está ao alcance de todos, apesar de ser muito distante para a grande maioria.

Isso é um fato: nossa condição humana revela exatamente onde estamos. Não há a quem cobrar essa fatura pois somos nós que nos colocamos onde estamos. Transferir o problema para o outro é ilusão e perda de tempo. O problema é interno e cabe a cada um olhar, entender, assimilar, reconhecer e transmutar. É um eterno caminhar, pois a consciência tem graus infinitos; a cada passo, um novo desafio, pois eles são muitos. Querer saltar os obstáculos da vida para fugir da dor não resolve. Eles permanecem guardados, arquivados e virão à tona no devido tempo. E o que é pior, chegam causando estragos! O que se reprime, torna-se sombra. Àquilo que resiste, persiste. Essa combinação da sombra com as repetições dos padrões comportamentais e emocionais formam cristalizações difíceis de serem dissolvidas. Por isso dizemos o que queremos, mas não praticamos essa intenção. Há uma tremenda distância entre entender mentalmente o problema e o que precisa ser mudado e a mudança em si. De teoria o mundo está cheio. O treinamento vai além das palavras, rótulos, repetições verbais. Um passo, depois outro, pensar diferente, fazer diferente, ser diferente, sentir, falar e agir diferente. Assim a mudança acontece. Falar apenas, não adianta.

Daí, se a mesma situação surgir, veja claramente as emoções e sentimentos que ela causa. Se é prazer, desfrute-o no momento presente, viva-o, sinta-o, mas não pense no outro dia, como será, o que vai acontecer depois... Você não tem o outro dia, você só tem o agora. Então, fique aqui com ele, sem querer fugir. Se conseguir fazer assim, boa parte do sofrimento desaparece. Muito da dor tem a ver com a mente projetada no passado ou futuro, querendo respostas e garantias de que o que é bom vai durar para sempre e o que é ruim nunca mais vai acontecer. Isso é ingenuidade, pois o controle não existe quanto se trata da existência. Nem ao menos conseguimos controlar nossa própria respiração. A maioria do tempo ela acontece alheia à nossa vontade. Quando dormimos, nem ao menos nos damos conta que respiramos e temos um coração batendo. Estamos literalmente sonhando o tempo todo. E dentro do sonho, também sonhamos que não vamos sofrer, que vamos atravessar o rio da ignorância para a sabedoria sem passar pelas tormentas e angústias que fazem parte do despertar. Se a tristeza chega, ela traz em si um ensinamento. Então, aceite-a também pois ela pode ser uma bela amiga quando lhe revela algo importante a respeito de si mesmo. Sinta a dor sem preferências, sabendo que assim como os bons ventos passam, as tempestades e tormentas também vão passar. Nada dura para sempre, lembra?

Aceite o que vem, aceite o que vai. Ontem lá em cima, agora aqui em baixo. É assim, um eterno surgir e desaparecer. Vida e morte juntas, no mesmo momento. É tão natural isso quando olhamos a natureza, as árvores, o mar, o rio, o sol, a lua. Somos tudo isso também, não somos algo separado de tudo o que nos cerca. E contemplando a trajetória do sol desde o alvorecer ao entardecer, é possível perceber a naturalidade desse movimento. Assim também pode ser conosco. Brilhar, aparecer, crescer, apagar, desaparecer e voltar a brilhar. Não prazer, não dor, não apego não aversão. Apenas aquilo o que é, no aqui e agora."
Valeria Bastos
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Quando algo que consideramos trágico acontece, nós ou resistimos ou nos resignamos. Há pessoas que se tornam amargas ou muito ressentidas, enquanto outras se mostram mais solidárias, sábias e afetuosas. A resignação significa a aceitação interior do que aconteceu. Ficamos abertos à vida. A resistência é uma contração interior, um endurecimento da concha do ego. Permanecemos fechados. Seja qual for a ação que adotemos num estado de resistência interior (que podemos também chamar de negativismo), ele criará também mais resistência externa, e o universo não estará do nosso lado, a vida não nos beneficiará. Se as persianas estiverem fechadas, o sol não conseguirá entrar. Quando nos submetemos internamente, ou seja,  no momento em que nos entregamos, uma nova dimensão da consciência se abre. Caso uma ação seja possível ou necessária, essa atitude será alinhada com o todo e apoiada pela inteligência criativa,  a consciência incondicional com a qual nos unificamos num estado de receptividade interior. As circunstância e pessoas então se tornam favoráveis, cooperativas. Coincidência acontecem. Se nenhuma ação for possível, repousaremos na paz e no silêncio interior que acompanham a resignação. Descansaremos em Deus.
Tais

domingo, 4 de outubro de 2015

Sofrimento consciente

Se você tem filhos pequenos, ofereça-lhes toda a ajuda, orientação e proteção que estiver ao seu alcance. Contudo, mais importante ainda é: dê-lhes espaço - espaço para que possam existir. Você os trouxe ao mundo, mas eles não são "seus". A crença "Eu sei o que é melhor para você" pode ser adequada quando as crianças são muito pequenas; porém, à medida que elas crescem, essa ideia vai deixando de ser verdadeira. Quanto mais expectativas você tiver em relação ao rumo que a vida delas deve tomar, mais estará sendo guiado pela sua mente em vez de estar presente para elas. No fim das contas, seus filhos cometerão erros e sentirão algum tipo de sofrimento, assim como acontece com todos os seres humanos. Na realidade, talvez eles estejam equivocados apenas do seu ponto de vista. O que você considera um erro pode ser exatamente aquilo que seus filhos precisam fazer ou sentir. Proporcione o máximo de ajuda e orientação, porém entenda que às vezes você terá que permitir que eles falhem, sobretudo quando estiverem se tornando adultos. Pode ser que às vezes você também tenha que deixá-los sofrer. A dor pode surgir na vida deles de repente ou como uma conseqüência dos seus próprios erros.

Não seria maravilhoso se você pudesse poupá-los de todo tipo de dissabor? Não, não seria. Eles não evoluiriam como seres humanos e permaneceriam superficiais, identificados com a forma exterior das coisas. A dor nos leva mais fundo. O paradoxo é que, apesar de ser causada pela identificação com a forma, ela também corrói essa identificação. Uma grande parte do sofrimento é provocada pelo ego, embora, no fim das contas, ele destrua o ego -mas não até que estejamos sofrendo conscientemente.

A humanidade está destinada a superar o sofrimento, contudo não da maneira como o ego imagina. Um dos seus numerosos pressupostos errôneos, um dos seus muitos pensamentos enganosos é: "Eu não deveria ter que sofrer." Algumas vezes, essa idéia é transferida para alguém próximo a nós: "Meu filho não deveria ter que sofrer." Esse pensamento está na raiz do sofrimento, que tem um propósito nobre: a evolução da consciência e o esgotamento do ego. O homem na cruz é uma imagem arquetípica. Ele é todo homem e toda mulher. Quando resistimos ao sofrimento, o processo se torna lento porque a resistência cria mais ego para ser eliminado. No momento em que o aceitamos, porém, o processo se acelera porque passamos a sofrer de modo consciente. Conseguimos aceitar a dor para nós mesmos ou para outra pessoa, como um filho ou um dos pais. Em meio ao sofrimento consciente existe já a transmutação. O fogo do sofrimento transforma-se na luz da consciência. 

O ego diz: "Eu não deveria ter que sofrer", e esse pensamento aumenta nossa dor. Ele é uma distorção da verdade, que é sempre paradoxal. A verdade é que, antes de sermos capazes de transcender o sofrimento, precisamos aceitá-lo."
Eckhart Tolle
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Muitos filhos guardam ressentimentos dos pais. A causa disso costuma ser a falta de autenticidade do relacionamento. O filho tem um profundo desejo de que o pai e a mãe estejam presentes como seres humanos, e não como papéis, não importa com que grau de consciência essa interpretação esteja sendo feita.Podemos estar realizando tudo o que é certo e da melhor forma possível para nosso filho - e, ainda assim, fazer o melhor não é o bastante. Na verdade, fazer nunca é suficiente se negligenciamos o Ser. O ego não sabe nada do Ser, porém acredita que acabaremos sendo salvos porque "fazemos". Quando estamos sob seu domínio, acreditamos que, realizando mais e mais, vamos acabar acumulando "feitos" suficientes para nos sentir completos em determinado momento no futuro. Não, não vamos. Tudo o que conseguiremos com toda essa ação será nos perder de nós mesmos. A civilização inteira está desorientada por fazer aquilo que , por não ter raízes no Ser, se torna inútil.
Como levamos o Ser para a vida de uma família atarefada, para o relacionamento com nossos filhos? A chave é lhes dar atenção.
Uma atenção desvinculada de alguma maneira de fazer ou avaliar.
"Ja fez a sua lição? Coma tudo. Arrume seu quarto. Escove os dentes. Faça isso. Pare de fazer aquilo. Vamos logo, apronte-se."
A outra atenção é muito diferente disto. Enquanto observamos, escutamos, tocamos ou ajudamos nossos filhos, permanecemos atentos, calmos, inteiramente presentes - tudo o que queremos é aquele instante como ele é. Dessa maneira damos lugar ao Ser. Nesse momento se estamos presentes, não somos nem pai nem mãe, e sim a atenção, a calma, a presença que está escutando, olhando, tocando e até mesmo falando. Somos o Ser por trás do fazer.
Tais