domingo, 30 de novembro de 2014

Uma mente aberta

"É muito interessante aprender o que significa aprender. Aprendemos com um livro, ou com um professor, matemática, geografia, história; aprendemos a localização de Londres, Moscou ou Nova York. Aprendemos como uma máquina funciona, ou como os pássaros constroem seus ninhos, cuidam dos filhotes e outras coisas. Pela observação, pelo estudo, aprendemos. Esse é um tipo de aprendizagem.
          Mas não existe também outro tipo de aprendizagem? - o que vem pela experiência? Quando vemos um barco no rio, com suas velas refletindo nas águas calmas, não é uma experiência extraordinária? E, então, o que acontece? A mente guarda uma experiência desse tipo assim como guarda o conhecimento, e na manhã seguinte saímos para ver o barco, esperando ter o mesmo tipo de sensação - uma experiência de alegria, essa sensação de paz que surge tão raramente em nossas vidas. Então, a mente está diligentemente estocando as experiências; e é esse estoque de memória que nos faz pensar, não é? O que chamamos de pensar é a resposta da memória. Tendo observado o barco no rio e sentido a sensação d alegria, guardamos a experiência como memória e depois desejamos repeti-la ; e o processo de pensar continua, não é?
          Vejam, muito poucos de nós sabem como pensar. A maioria apenas repete o que leu em um livro, o que alguém contou ou nosso pensamento é resultado da própria experiência limitada. Mesmo quando viajamos pelo mundo e passamos por inúmeras experiências, encontramos várias pessoas diferentes, ouvimos que elas têm a dizer, observamos seus hábitos, religiões, maneiras, e retemos a lembrança de tudo aquilo - do que resulta o que chamamos de pensar. Comparamos, julgamos, escolhemos e, por meio desse processo, esperamos descobrir alguma atitude razoável em relação à vida. Mas esse tipo de pensamento é muito limitado, confinado a uma área muito restrita. Pode-se ter uma experiência ao ver um barco no rio, um corpo sendo levado para um crematório ou uma mulher de uma aldeia carregando um fardo pesado - todas essas impressões estão ali, mas somos tão insensíveis que elas não nos penetram nem amadurecem, e é somente por meio da sensibilidade a tudo que nos rodeia que acontece o início de um tipo diferente de pensamento, que não é limitado pelo nosso condicionamento.
          Se vocês se agarrarem a algum tipo de crenças, verão tuo através daquele preconceito ou tradição em particular; não terão contato com a realidade."
Já notaram os carregadores de lixo reciclável conduzindo cargas pesadas pela cidade? Quando notam o que acontece com vocês, o que sentem?  Ou será que veem com tanta frequência que não experimentam mais nenhuma sensação, porque se acostumaram à cena? "E mesmo quando observam alguma coisa pela primeira vez, o que acontece?  Vocês, automaticamente, traduzem o que viram segundo seus preconceitos, não é assim? Vivenciam de acordo com o condicionamento, como um comunista, um socialista, um outro "ista". Porém, se não pertencem a nenhuma dessas classes, e, portanto, não olham através da tela de nenhuma crença e têm realmente um contato direto, então notarão uma ligação extraordinária que existe entre vocês e o que observam. Se não têm preconceitos, tendências, se são abertos, então tudo se torna extraordinariamente interessante, demasiado vivo.
Daí a importância, enquanto jovens, de notarem todas essas coisas. " E depois de adultos, se não receberam este tipo de educação, buscar a reeducação, no desenvolvimento de um trabalho interior de percepção de si... Quando temos a necessidade e a ouvimos, a oportunidade aparece em nossa vida e, o principal- a enxergamos.
"Observem apenas, sem criticar, o homem transportando o lixo, notem a insolência do rico, o orgulho dos ministros, das pessoas arrogantes, daqueles que pensam que sabem muito - simplesmente observem, não critiquem. No momento em que criticarem, deixarão de ter um relacionamento, uma vez que já terão  erguido uma barreira entre vocês; porém, se apenas observarem, então terão um relacionamento direto com as pessoas e com as coisas. Se puderem observar de modo atento, perspicaz, porem sem julgar, sem concluir, descobrirão que seu pensamento se tornará surpreendentemente penetrante. Então estarão aprendendo a todo instante.
          À sua volta existe nascimento e morte, luta por dinheiro, posição, poder, o processo interminável do que chamamos vida; e vocês não se perguntam algumas vezes, mesmo quando ainda bem jovens, o motivo de tudo isso? Vejam, muitos desejam uma resposta, queremos que nos digam o motivo; por isso escolhemos um livro político ou religioso, ou pedimos à alguém que nos indique algum. Mas ninguém pode afirmar, porque não é algo que possamos entender por meio dos livros, nem seu significado pode ser resumido, ao seguirmos alguém, ou por intermédio de alguma prece. Vocês e eu precisamos compreendê-las por nós mesmos - o que poderemos fazer somente quando estivermos vivos, alertas, atentos, observando. Interessados em tudo à nossa volta.  
          Muita gente é infeliz porque não há amor nos seus corações. O amor surgirá quando não houver barreiras entre você e o outro, quando encontrarem as pessoas sem julgá-las, quando somente virem o barco e aproveitarem a beleza do que veem. Não deixem que preconceitos prejudiquem a percepção a observação de como as coisas são; simplesmente observem, e descobrirão que com a simples observação e conscientização que tiverem das árvores, dos pássaros, das pessoas caminhando, trabalhando, sorrindo, acontecerá alguma coisa dentro de vocês.
Sem essa realização extraordinária dentro de vocês, sem o surgimento do amor em seu coração, a vida possui pouco significado, e por isso é importante "a busca de um conhecimento interior, da satisfação de observar e amar o simples,  diferente, mas observar...verdadeiramente.
 Pense Nisso - J. Krishnamurti - com adaptações
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Quanta beleza podemos aprender no decorrer de nossa vida...ou simplesmente passar "em brancas nuvens". É uma escolha, mesmo que inconsciente.
Tive um Mestre e um grupo que , durante muitos anos, me deram o direcionamento para trabalhar neste sentido. É um trabalho lento, de muita disciplina e dedicação. Primeiro observar-se e aceitar como somos, pois ao perceber a realidade algo muda internamente...e já fomos transformados. Depois, e aos poucos, nossa visão do outro passa a ser mais amorosa, uma vez que podemos perceber que também - através de um "sofrimento voluntário" - já fomos assim... já cometemos os mesmos erros, julgamentos etc... e a amorosidade/respeito pela dor que isso causa... provoca respeito pelo outro!
É como num círculo amoroso, onde vamos compreendendo que somos todos um, originados de um mesmo Pai. Espalha-se a compreensão, o respeito, a ajuda mútua.
Sonho?????? Não... é só começar e assistir em si e a sua volta, as mudanças positivas.
Tais


sábado, 22 de novembro de 2014

A Indignação


"Quando nos tornamos indignados sobre uma situação qualquer, parece que estamos do lado do bem e contra o mal, do lado da justiça e contrário à injustiça. Parecemos então ser aquele que intervém entre o agressor e sua vítima de modo a impedir um mal maior. Contudo, pode-se também intervir entre eles com amor, e isso seria, com certeza, melhor. Assim, o que o indignado quer? O que ele realmente obtém?

O indignado se comporta como se ele próprio fosse uma vítima, embora não seja. Ele assume o direito de exigir uma reparação do agressor embora nenhuma injustiça tenha sido feita, pessoalmente a ele. Ele assume a tarefa de advogado das vítimas, como se ele tivesse dado a ele o direito de representá-las; e fazendo assim, deixa as verdadeiras vítimas sem direito.

E o que faz o indignado com esta pretensão? Ele toma a liberdade de fazer coisas más aos agressores sem medo de qualquer consequência ruim para sua própria pessoa; pois suas más ações parecem estar a serviço do bem, e assim elas não temem qualquer punição. De modo a manter sua indignação justificada, tal pessoa dramatiza tanto a injustiça sofrida pelas vítimas quanto as consequências das ações da parte culpada. Ela intimida as vítimas a verem a injustiça pelo mesmo modo com ela mesma vê. De outro modo, caso as vítimas não concordem, tornam-se suspeitas e alvo de uma indignação justificada, como se elas mesmas fossem agressores.

Da perspectiva da indignação é difícil para as vítimas deixar seu sofrimento ir embora, e é difícil para os agressores deixarem sua culpa ir embora. Se às vítimas e aos agressores for permitido encontrar uma resolução e uma reconciliação por seus próprios meios, elas podem se permitir, uma a outra, um novo começo. Mas se a indignação entra em cena, tal resolução é muito mais difícil, pois o indignado, geralmente, não fica satisfeito até que o agressor tenha sido completamente destruído e humilhado, mesmo que isto, ao ser feito, intensifique o sofrimento das vítimas.

A indignação é em primeiro lugar uma questão de moralidade. Isto quer dizer que o indignado não está realmente preocupado em ajudar outra pessoa, mas comprometido com uma certa demanda para a qual ele se proclama o executor. Deste modo, ao contrário de alguém que ama, tal pessoa não conhece nem contenção, nem compaixão.

"Nós estamos liberados do mal quando podemos, serenamente, deixá-lo ir."
Bert Hellinger
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O perdão e a gratidão é o antídoto mais perfeito que a Natureza nos proporcionou contra a doença, os sofrimentos e as infelicidades. Isso é muito simples quando conseguimos compreender... e todas as outras ilusões são dissipadas após essa compreensão.
Por que os seres humanos nunca estão satisfeitos? Não é porque buscam a felicidade e acham que por meio de uma mudança constante serão felizes? 
Saem de um emprego para outro, de um relacionamento para outro, de uma religião ou ideologia para outra, achando que por intermédio desse movimento contante encontrarão a felicidade; ou, então, escolhem uma estagnação da vida e permanecem nela. Certamente o contentamento é algo bem diferente. Ele acontece somente quando vocês se veem como são, sem qualquer desejo de mudança, sem qualquer condenação ou comparação - que significa que vocês apenas aceitam o que veem e vão dormir...
Mas quando a mente não fica mais comparando, julgando e avaliando - portanto, apta para ver o que acontece a cada momento sem desejo de mudar -, nessa percepção está o eterno.
Sempre com a busca interna...pois sem ela achamos que sabemos tudo! Tenho refletido sobre isso...
Taís

domingo, 16 de novembro de 2014

A Alegria de Viver!!


O Que está contente sente-se em sua plena força vital.
Quanto mais se Alegra, tanto mais.

A alegria é a fonte da juventude de nossa vida, o que dá alegria, dá vida. Na alegria estamos na sintonia mais profunda com nossa vida, e com a natureza que nos circunda. 

Como podemos encontrar Alegria??

Quando estamos abertos e amplos para a beleza que nos rodeia.
Quando a tomamos em nosso coração e em nossa alma com gratidão e amor.
Quando a cuidamos e a nutrimos.
Através de nossa Alegria floresce, e nós com ela.
As pessoas alegres a irradiam, sua alegria é contagiosa, atraem as outras pessoas, nos dá gosto estarmos próximos a elas.

Como começa nossa alegria??

Começa com um olhar amável, este olhar alcança outros imediatamente, então, também seu olhar torna-se amável. Com esses olhares nos experimentamos enlaçados uns com os outros. As vezes os olhares são breves, como ao passar, no entanto, sentimo-nos mudados. Vivemos mais animados, essas alegrias, ainda que sejam pequenas... têm um grande efeito. As vezes basta uma palavra amável, quando é acompanhada com um sorriso, o efeito é ainda maior! Penetra na alma, através dela, nos abrimos e ampliamos tanto interior como exteriormente.

O começo da Alegria é o Tomar. 

O Tomar agradecidos, a gratidão devolve nossa alegria ao doador.
Gratidão plena, porque a vida e outros seres humanos nos têm dado tanto, com ela, transborda nossa alegria e dá riqueza a outros, riqueza de Alegria.
Tudo o que nos torna estreitos, afoga a alegria, porque a Alegria nos amplia.
A Alegria nos mantém vivos, tudo o que está a serviço da Alegria, está a serviço da vida e a transmite, porque a Alegria é Amor.
Diante de tudo, a Alegria é pacífica, é puro prazer pela vida.

Esta Alegria é próspera consegue reunir a muitos, por exemplo:

Em um casamento, com o amor de um homem e de uma mulher, com seu íntimo amor recíproco, a alegria alcança seu ponto culminante e torna-se frutífero.
Esta Alegria é leve, aparece como uma brisa vaporosa, sem nenhuma gravidade.
As vezes se volatiliza, então voltamos a capturá-la e a tomá-la. A sujeitamos toda uma vida. Tudo o que conseguimos fazer, nos dá alegria, sobretudo se conseguimos o amor.
O amor a um parceiro, o amor a uma criança. E olhando para trás, o amor a nossos Pais.

Quando o amor a nossos pais e o amor que deles recebemos vão dar um escuro segundo plano, o regressamos a claridade.
De crianças, recebemos deles o amor mais profundo, mais íntimo ainda do que o amor entre homem e mulher.O que sucede conosco se esse primeiro amor volta a brilhar e com ele a alegria que ali se sentiu?
Em todas as relações posteriores, o brilho de sua Luz se tornará diferente.
Começa a brilhar novamente com uma alegria mais clara e com ele, nosso prazer pela vida.

O que significa a Alegria de viver afinal das contas?

Permitimos a vida que se alegre em nós, então, ha vida em nós, celebramos um eterno enlace nupcial, um enlace nupcial criador, com alegria por tudo que nos é dado.
Bert Hellinger - Seguindo Pegadas
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Minha mãe sempre dizia "É preciso ser grata a tudo que temos"...mas acho que compreendi isso somente na maturidade. Pude perceber e sentir o quanto a falta de gratidão entorpece nossas vidas.
Não importa o que seja - se aos meus olhos são coisas ruins ou boas - devo agradecer. 
Ao acordar o agradecimento já precisa me acompanhar...afinal não estou viva? Não ganhei de graça a minha vida? 
Agradecer aos pais, pois independente de quem foram ou são...eles propiciaram a minha vida, a ganhei através deles. Meus olhos são perfeitos? Agradeço...
Tenho onde morar? Agradeço...
E mesmo que eu tenha dificuldades, agradeço...tomo tudo com amor... e uma mudança surpreendente vai acontecer!
Inicialmente não é muito fácil, mas com persistência conseguiremos e as mudanças começarão a acontecer.
Quando Deus criou o mundo ele viu que tudo estava muito bom...e criou o homem para desfrutar de tudo isto! 
Anormal é a doença, a pobreza, a infelicidade. Tudo tem um porquê e somos nós mesmos, com a nossa mente, que criamos nosso dia-a-dia.
Pense nisso. Para mim muitas coisas mudaram para melhor depois que compreendi essa Verdade!
Boa semana
Taís

domingo, 9 de novembro de 2014

Problemas! Evitar ou enfrentar?


                           Problema resolvido!
"A maior contradição que já encontrei na vida, em relação à característica evidente e inegável de nossa existência de que aqui estamos para nos desenvolver, evoluir, nos tornar mais conscientes, etc, é justamente o fato de que na maioria das vezes nós só despertamos e crescemos mediante eventos traumáticos como acidentes, doenças, dificuldades financeiras, ou mesmo sentimentais. 

Quando está tudo bem conosco, quando nosso dia a dia segue uma rotina clássica e bem definida, nossa tendência é ficar cada vez mais inconscientes, no piloto automático. Quando tudo vai bem, nossa criatividade tende a diminuir, nós refletimos menos, pensamos menos, enfim, vamos nos apagando através da acomodação. Quando digo “nós” digo a maioria das pessoas, grupo dentro do qual me coloco Há, evidentemente certos tipos de pessoas, cujo gênio forte e incansável aliado a uma grande energia interna não as deixa estagnar. Mas convenhamos, são poucas. 

Já a maioria, definitivamente vive na contramão da vida. Fugimos dos problemas como o diabo foge da cruz. Não conseguimos, ou não queremos enxergar que é sob dificuldades que exigimos ao máximo nossa capacidade para resolvê-las, e daí sempre saímos com um saldo positivo de superação, vitória, auto-descoberta, auto-confiança, EXPERIÊNCIA, etc. 
É na tempestade que o marinheiro se forma A adversidade desperta em nós capacidades que, em circunstâncias favoráveis, teriam ficado adormecidas.
 Horácio 
Anos atrás eu acompanhava o programa Flip This House, na A&N. Era um programa americano em que o empresário comprava casas a preços baixíssimos, as reformava e as vendia a preço de mercado. E num determinado episódio, o empresário entrou numa casa para avaliar o que precisava ser feito nela e dizia: A cada problema que encontro, sei que é mais dinheiro que ganho. Quanto mais problemas uma casa tiver, mais estou ganhando. E seguia seu caminho pelo interior da casa apontando as rachaduras e outras avarias e dizendo: Aquilo ali é dinheiro, ali tem mais dinheiro, aqui tem mais dinheiro… Descontando o leve exagero, a mensagem era clara. Eu havia acabado de ver o que era de fato uma atitude positiva. 
Se o vento soprar de uma única direção, a árvore crescerá inclinada

O hábito de reclamar e se esquivar das dificuldades nos está tão arraigado que achamos super normal reagir assim. Já observou a imensa energia que gastamos com o hábito de reclamar? E a boa vontade, a pró-atividade, onde ficam? Quando é que vamos viver nossos dias com o pensamento pronto de que é de dificuldades que é feito o material de nosso progresso? Será que isso é possível? O que você acha?"
Ronaud Pereira
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Se queremos manifestar nossa natureza original maravilhosa, não devemos nos ater ao aspecto fenomênico e viver reclamando constantemente. É preciso reconhecer mentalmente, com firmeza, o aspecto verdadeiro maravilhoso e agradecer com postura mental alegre, positiva. Se você está doente busca a saúde, de nada adianta viver reclamando da doença e do sofrimento. Reclamações e queixas só servem para encobrir a natureza original maravilhosa e contribuem para que você fique combalido.
A explicação é simples: o ser humano foi feito para ter mais vigor e saúde quando está com boa disposição mental e se sente alegre e satisfeito. Quando estamos com a mente tomada pela tristeza ou quando vivemos reclamando de tudo, é inevitável ter má disposição física, e até perdermos o apetite. Obviamente isso afeta a saúde do organismos todo.  Tudo na vida - não só a saúde, como também o trabalho e o ambiente familiar - vai muito bem quando se vive com a mente alegre e animada. Para isso, você deve ter uma disposição mental alegre e ser capaz de agradecer e emocionar-se.
Muitos perguntam; como fazer isso se minha vida é uma droga? 
A lei mental é certa. Tudo começa na mente....penses e realizarás! Então ser grato a tudo o que há parece ser a chave. 
Aconteceu algo que na sua visão é ruim? Agradeça pois já foi, ja aconteceu... Agora, se continuas a reclamar...olha o negativo criando uma nova onda para a repetição.
Parece muito simples...e é!!!!!!
Uma boa semana positiva e de agradecimento à todos vocês.
Tais

sábado, 1 de novembro de 2014

Vontade e Destino – Os Mortos e o Luto



"Abordarei a seguir, de uma perspectiva pessoal, alguns aspectos do trabalho com constelações familiares que podem ser socialmente desafiadores. Deixo ao leitor discernir o que nisso é realmente novo e leva a novos modelos da ajuda, e o que apenas provoca os espectadores, embora já goze, de longa data, de aceitação geral.


A constelação familiar
Para o nosso entendimento de processos psíquicos, a vivência de constelações é de fato desafiante. Até mesmo consteladores experientes se surpreendem sempre com o que nelas observam e experimentam. Como é possível que os representantes se sintam, falem e apresentem sintomas como os membros da família, embora não os conheçam e disponham de pouca ou nenhuma informação sobre eles? Para esse fenômeno ainda não temos explicação, muito menos uma explicação científica. Mas nos espantamos, descrevemos os processos e procuramos, às vezes, imagens ou modelos que os façam aparecer como compreensíveis e comunicáveis, sem postular explicações precipitadas.



Talvez a explicação mais simples seria esta: o cliente exterioriza sua imagem interna, e a posição dos representantes reproduz uma certa estrutura de relacionamento que está arquivada em nosso aparelho de percepção, com sua respectiva dinâmica. Mas como se explica que os representantes sintam coisas tão diversas em constelações de configurações semelhantes ou mesmo idênticas? Por que razão surgem nas constelações processos que tocam emocionalmente o cliente e fazem sentido para ele, mesmo quando o terapeuta escolhe e coloca os representantes, ou quando se coloca apenas uma pessoa - para não falar das chamadas “constelações invisíveis” -?

Uma teoria bem aceita entre os círculos de consteladores é a de Ruppert Sheldrake e seus “campos morfogenéticos”. Entretanto, mesmo ela, só nos fornece, até o momento uma explicação de caráter mais metafórico. Mas a falta de uma explicação científica para um fenômeno observável não prova a inexistência desse fenômeno. As observações de uma “participação psíquica” para além das informações comunicadas são tão numerosas e tão independentes da experimentação dos consteladores individuais que também pode ser útil a observação atenta de pessoas externas à “cena”. 

Por exemplo, um representante coloca de repente as mãos nos ouvidos e diz: “Não estou escutando nada” e o cliente que colocou as pessoas diz, estupefato: “Meu irmão, quando era pequeno, ficou soterrado na guerra e desde então ficou surdo”. O que acontece num caso como este? 

Outro exemplo: O representante do irmão de uma cliente é introduzido na constelação dela, e a representante da cliente exclama: “Não tenho mais o antebraço”, e a cliente exclama, espantada: “Meu irmão teve de amputar o antebraço aos vinte anos depois de um acidente”. O que explica este caso? 

Mais um exemplo: Numa constelação, o representante do avô da cliente leva ambos os braços ao rosto. Perguntado sobre o que acontece, responde: “Algo me atinge os olhos e me arranca a cabeça”. Com efeito, esse avô, quando mostrava à sua tropa como desarmar uma granada, a fizera explodir por descuido e ela lhe arrancou a cabeça. E não foi dada informação prévia sobre esse fato. 

Tais exemplos poderiam prosseguir indefinidamente. Naturalmente, tais observações dramáticas não constituem a regra nas constelações, porém são suficientemente freqüentes para gerar confiança no que se manifesta nelas. 

Um professor que veio participar de um grupo com ceticismo, escreveu posteriormente numa carta: “... Embora me pareça haver muito de verdade na forma de ver o mundo como uma união de almas, na necessidade de intervir reconciliando e de proporcionar a cada criatura seu lugar condigno, parece-me um mistério que pessoas estranhas fiquem disponíveis e caiam em bloco sob o feitiço de pessoas inteiramente desconhecidas, comportando-se como elas. Minha própria constelação atestou isso, na medida em que os representantes agiram de um modo incrivelmente “autêntico”, inclusive em alguns detalhes que não puderam perceber de nossa conversa preliminar, por exemplo, a reação de minha filha...” Todos os consteladores conhecem declarações e surpreendentes concordâncias como esta, mas essas experiências não constituem provas. Seria preciso sermos cegos se pretendêssemos simplesmente ignorar esses fenômenos que questionam nosso entendimento atual de processos de informação. 

Explicar os fenômenos das constelações como frutos de sugestão pelo constelador ou como uma espécie de mágica de grupo ou mesmo como charlatanismo seria igualmente precário. Presume-se que, dentro de prazos previsíveis, os cientistas irão examinar em que medida o recurso à constelação será válido para a pesquisa socio-psicológica e para os processos terapêuticos, e irão desenvolver novas teorias, talvez fundamentadas, sobre essa difusão de informação em contextos anímicos e comunicativos. Também em muitos domínios das ciências naturais a teoria freqüentemente se segue à observação. A falta de uma teoria não significa ainda, que estamos nos movimentando em áreas esotéricas. Além do mais, muitas teorias até aqui não confirmadas da moderna física, por exemplo, a teoria dos universos paralelos, fazem um efeito bem mais espetacular e “esotérico” do que o que observamos nas constelações. 

Os mortos
Num filme amador, perguntaram a um curandeiro do Nepal, quem procurava um médico em caso de necessidade, e quem vinha até ele. O curandeiro respondeu que os que tinham doenças comuns procuravam um médico, e aqueles sobre quem pesava a maldição de algum morto vinham até ele. O encontro com os mortos, a quem somos existencialmente ligados, toma um grande espaço nas constelações.

Sem constrangimento, os consteladores tomam pessoas vivas para representar mortos, para que possa ser esclarecido, com seus efeitos, um envolvimento cego ou um seguimento amoroso para a morte. Acontecem então impressionantes encontros entre vivos e mortos, e são iniciados curtos diálogos que ajudam a união de corações, a paz recíproca e a liberação mútua. Será um fantasma?

Nada sabemos sobre a existência dos mortos em torno de nós ou num outro mundo. Porém, todos sabemos que um laço entre vivos e mortos permanece na alma para além da morte. Falamos com mortos, lembramo-nos deles nos cemitérios ou em discursos, continuamos a amá-los e a temê-los como se não tivessem morrido. Nossas questões existenciais, em sua maioria, abordam, além do amor, a morte. E quem olha em torno com certa atenção pode perceber diariamente como a morte e os mortos sobressaem em nossa vida. 

O trabalho das constelações retoma, de uma forma não mágica e realizável pelo homem moderno, antigos ritos xamânicos em favor da paz entre vivos e mortos. Como é tocante quando numa constelação, uma mulher adulta se deita nos braços da mãe que perdeu quando criança em virtude de um acidente! As emoções da criança, talvez bloqueadas pela carência e pela dor, passam a fluir, e o amor e a despedida podem ser agora realmente vividos. Como se sentem aliviados os representantes de mortos que são reconhecidos pela primeira vez como pertencentes à família, ou dos que, porque honrados em seu sofrimento, se livram de uma maldição! Como se sentem liberados os representantes de criminosos ou de vítimas quando sua condição de culpados ou de vítimas já pode ficar com eles, e os vivos renunciam a se intrometer nisso! Como se sentem redimidos os representantes de mortos quando se sentem acolhidos entre outros mortos e já podem realmente ser acolhidos na “grande morte”! 

Não é de hoje que tendemos a reprimir a morte e as ligações carregadas de dívidas que por amor, medo ou dor mantemos com os mortos e com as histórias de suas vidas. Isso já é, de longa data, conhecido pela psicoterapia. No decurso de nossa evolução cultural, perdemos o acesso a muitas formas rituais e sociais de superação da morte e de respeito pelos antepassados. Mesmo sem as constelações familiares, e muito tempo antes delas, existe um profundo anseio de lidar com o morrer, a morte e os mortos de uma forma liberadora e pacificadora. E para isso, as pessoas sempre precisaram de um apoio, por exemplo, através de um sacerdote ou com a ajuda da psicanálise ou da assistência ao morrer. Nesse ponto, o trabalho das constelações assume uma necessidade profunda e supre talvez uma lacuna de rituais e de luto coletivo. 

Além disso, as constelações abrem a perspectiva para o enquadramento psíquico maior do encontro com a morte e com os mortos na alma. Elas fazem ver o fato individual enquanto enquadrado no contexto e na história da família, ou de um grupo de camaradas que viveram juntos coisas terríveis na guerra, ou no destino comum de perpetradores e vítimas, e sempre transcendendo a morte. Ou elas abrem a alma para a “grande morte”. Isto só parece estranho e até mesmo absurdo quando é encarado de longe e não no contexto da contemplação e da experiência imediata. Para os clientes envolvidos e os participantes de grupos, o encontro entre vivos e mortos geralmente se realiza como que naturalmente e é muito emocionante e curativo. E mesmo que não saibamos ao certo o que acontece nas constelações nos domínios fronteiriços dos vivos e dos mortos, podemos perceber o seu efeito e nos apoiar nisso. Neste particular, as constelações atuam como uma “cura de almas”. 

A reconciliação 
A palavra grega therapêuein significa, em sua acepção original, “servir aos deuses”. Embora em nossa época a terapia seja vista de uma forma profana, nela permanece algo do sentido primitivo da palavra, na medida em que, decaídos de uma ordem ou abandonado uma opinião e um bel-prazer que nos prejudicam, retornamos a uma ordem saudável. Em nosso linguajar coloquial, exprimimos isso com as palavras: “Preciso pôr alguma coisa em ordem”. Os conflitos da alma surgem quando forças contrárias nos dividem inconciliavelmente e conservam-se em oposição irredutível em nós ou entre nós. A psicoterapia é sempre um trabalho de mediação e reconciliação, embora várias tendências terapêuticas tenham enveredado pelo caminho oposto, enfatizando a auto-afirmação, uma perspectiva unilateral da autonomia pessoal, a separação e a luta, por exemplo, contra os pais, os destinos funestos ou as pessoas consideradas más.

Bert Hellinger, ousando chegar a limites extremos, trilhou imperturbavelmente um caminho que pode abrir dimensões novas (ou retomar antigas, de uma nova maneira) para a solução de conflitos e o trabalho de reconciliação. 

Os passos para a reconciliação, embora basicamente simples, geralmente nos parecem difíceis. O procedimento inicial faz com que os perpetradores reconheçam o mal que fizeram às vítimas. Precisam assumir as conseqüências de suas ações e encarar as vítimas e seus sofrimentos. Um segundo procedimento induz as vítimas a encarar os perpetradores e a aceitar sem reservas sua ligação de destino com eles. A vítima precisa abandonar a atitude de se julgar melhor e de se colocar, mesmo perdoando, acima do perpetrador. Num terceiro procedimento, tanto as vítimas quanto os perpetradores e os descendentes de ambos honram o acontecimento funesto. Reconhecendo suas oposições, todos eles, em sua condição de vítimas ou de perpetradores e com seus sentimentos de vingança e de expiação, se entregam a uma força maior que é “indiferente” para com bons e maus, assim como o sol brilha sobre ambos, e a morte os trata com igualdade. 

A dificuldade de aceitar criminosos em condição de igualdade e em sua dignidade humana é uma experiência comum para os consteladores. Um exemplo: Uma mulher contou que sua mãe, quando era jovem, foi violentada e quase morta. Confrontada na constelação com o representante do perpetrador, essa mulher gritou para ele, cheia de ódio: “Eu mato você!”. Quando o terapeuta observou que sua frase fôra a mesma do agressor diante de sua mãe, ela ficou profundamente impressionada. Ela viera ao grupo porque os homens sempre a abandonavam, alegando terem medo dela. Vê-se como é difícil conceder ao criminoso um lugar na própria alma e no sistema familiar, e reconhecê-lo como equiparado à sua mãe. Às vezes, as próprias vítimas são mais capazes de fazer isso do que seus amorosos descendentes, que não dispõem dos mecanismos de elaboração da pessoa envolvida, e por isso ficam entregues à indignação ou ao desejo de vingança e de cega compensação. 

Outras vezes é mais fácil para os descendentes, devido ao maior intervalo de tempo, atuar na reconciliação, ajudando as almas do agressor e da vítima a se encontrarem face a face e a se reconciliarem. Às vezes, só resta aos atingidos o esquecimento e, reconciliados ou não, o assentimento e a reverência diante do destino que os associou como vítima e agressor. E aos pósteros, só resta às vezes a reverência diante dos antepassados, reconciliados ou não. Talvez eles possam se tornar “permeáveis” a algo maior no que toca ao efeito do destino de vítimas e agressores, para que esse efeito possa ser abolido nessa realidade maior. 

É o próprio processo da constelação que determina como iniciar a reconciliação ou o que é preciso observar em cada passo. O terapeuta limita-se a olhar e a escutar a alma do cliente e de sua família, abrindo espaço, com suas poucas intervenções, às forças que resolvem os conflitos e atuam de forma reconciliadora. Seja qual for o caso, abuso ou assassinato de filhos, trapaça financeira, paternidade clandestina, traição, atrocidades de guerra, extermínio de judeus ou terrorismo de qualquer espécie, as constelações mostram uma força incrivelmente reconciliadora e liberadora, em que pesem as imperfeições e as tentativas frustradas, superficiais ou mesmo traumáticas dos consteladores. 

Acusar de anti-semitismo ou de tendências fascistas esses procedimentos das constelações é uma atitude absurda e degradante. Que, depois de homenagear as vítimas, também se encare a dignidade dos perpetradores e as fronteiras imprecisas entre criminosos e vítimas, é uma atitude que choca muitas pessoas, e os próprios consteladores enfrentam dificuldades na presença de graves injustiças. Mas quem lê as publicações mais recentes percebe também a manifestação de um novo empenho, não somente para que sejam honradas as vítimas e seu destino, mas também para que os criminosos sejam considerados como seres humanos e seja respeitada sua dignidade. Foi um rabino judeu que afirmou: “Não haverá paz até que o último judeu faça a oração dos mortos por Hitler”. Embora Bert Hellinger e os consteladores não estejam sozinhos nesse trabalho de reconciliação que honra tanto as vítimas quanto os criminosos, o significado do “amor aos inimigos” dificilmente é experimentado no domínio da psicoterapia e do aconselhamento de forma tão sensível como nas constelações. 

Entretanto, não existem realmente diferenças objetivas entre bons e maus? E a observação de que tanto as vítimas quanto os criminosos estão a serviço de um destino maior, não abre ela as portas para a arbitrariedade e a injustiça no comportamento humano? Não podemos dizer que temos sempre uma resposta para isso, mesmo abstraindo de destinos concretos. Muitas vezes, porém, um primeiro passo importante para a reconciliação e a paz, apesar das oposições e mesmo da luta pela própria causa, que freqüentemente é necessária, é reconhecermos o adversário como igual a nós e não nos considerarmos melhores do que ele. 

Diariamente experimentamos que a realidade costuma ser maior do que nossa vontade. Mesmo quando criamos uma realidade, nem sempre podemos controlar as conseqüências de nossas ações. Um dos efeitos profundos do trabalho das constelações é que nos ajuda a confiar no desenvolvimento do sentimento humano, para além da culpa e das incriminações, renunciando a flagelar nossos semelhantes como desumanos. Só entramos em sintonia com a realidade quando também reconhecemos o funesto e o terrível como fazendo parte dela, e lhes damos um lugar. Muitos desenvolvimentos positivos recebem sua força e seu direcionamento desse reconhecimento e respeito pelo terrível." 

Jakob Robert Schneider

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"O solo é Deus, as raízes são os antepassados, o tronco simboliza os pais, e os ramos e as folhas são os descendentes". a Vida de Deus flui e atinge os descendentes quando estes agradecem aos pais - ao tronco - e agradecem às "raízes", através da oração aos antepassados.
Minha mais sincera homenagem aos antepassados de todos àqueles que leem este blog...

Tais