domingo, 30 de setembro de 2012

A consciência pessoal



"Quando olhamos para uma consciência pessoal consciente, vemos que segue três necessidades. No fundo, é idêntica a essas necessidades.
           A primeira necessidade é a de pertencer. A consciência cuida desse pertencer. Se faço algo que coloca em perigo este pertencer fico com a consciência pesada, e isso me faz mudar o meu comportamento de tal modo que a pessoa possa tornar a pertencer. A  sensação de inocência significa aqui nada mais do que: Tenho a certeza de que posso pertencer. A sensação de culpa significa aqui nada mais do que: Receio ter colocado em jogo o meu pertencer. Essa é a primeira necessidade.
          A segunda necessidade é a do equilíbrio entre o dar e o tomar. Essa necessidade possibilita o intercâmbio entre os membros de um sistema. Por estar vinculado a uma necessidade de pertencer, via de regra, se expressa assim: Se recebi algo de bom tenho a necessidade de compensar. Mas quando me sinto pertencente e amo, dou um pouco mais do que recebi. Para o outro é a mesma coia, ele também dá um pouco mais e, assim, o intercâmbio cresce. Com isso, um relacionamento aprofunda.
          Mas essa necessidade de compreensão tem também um lado negativo: se alguém me fez algo de mau, tenho também a necessidade de fazer-lhe algo de mau. E porque me sinto com razão, faço, via de regra, um pouco pior do que ele me fez. Então, ele se sente também com razão, e volta a me fazer algo de mau e, assim, aumenta o intercâmbio no mal. Essa necessidade de justiça e de vingança é tão forte que a necessidade de pertencer é, frequentemente, sacrificada em seu nome.  Muitas discórdias e desavenças entre os povos também tem a ver com essa necessidade da consciência pessoal.
          A terceira é a necessidade  de ordem, isto é, que determinadas regras sejam válidas e devam ser obedecidas. Quem as segue sente-se consciencioso, e quem não as segue sente que precisa pagar por isso, por exemplo, com castigo. Essas seriam, portanto, as necessidades básicas da consciência pessoal consciente."


A fonte não precisa perguntar pelo caminho - Bert Hellinger

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Nas constelações familiares, mesmo que o cliente pouco tenha dito a respeito de seu tema, essas necessidades - quando em desequilíbrio - ficam tão claras que não é preciso acrescentar nada verbalmente. O cliente "Vê", e se aberto para isto, as mudanças naturalmente se farão.
Sempre devemos considerar o estado do constelado, pois muitas vezes eles precisam de tempo para processar e compreender o que viram. Mas a alma da família dele, sempre trabalhará para a melhor solução.
As vezes acontecem coisas que se modificam na família e o cliente pensa: que coincidência...
Mas isso é apenas a alma trabalhando pela reconciliação, seja ela qual for.
Semana que vem falarei sobre a consciência coletiva, encerrando este ciclo sobre o que atua em nossos destinos através das consciências.
Forte abraço!
Tais


domingo, 23 de setembro de 2012

Consciência e destino


"Destino é aquilo que alguém segue e, na verdade, frequentemente sem saber por quê. Quando se olha com exatidão, pode-se ver que o destino é determinado por uma consciência coletiva inconsciente que atua nas famílias. Essa consciência só pode ser reconhecida em seus efeitos.
A atuação de duas consciências, a coletiva e a pessoal, é que dá origem ao destino, e de um modo que não podemos controlar, se não entendermos a atuação desta consciência inconsciente.

O que atua em minha consciência?
A consciência é vivenciada como um sentido, através do qual percebemos diretamente o que é necessário para que pertençamos. É semelhante ao senso de equilíbrio: Logo que perdemos o equilíbrio, temos uma sensação de tontura, e essa sensação faz com que corrijamos, imediatamente, a nossa postura, para voltarmos imediatamente ao equilíbrio e ficarmos firmes. A consciência pessoal atua de forma semelhante. Tão logo alguém se desvie daquilo que é válido em sua família, em seu grupo, isto é, quando teme que através de seus atos coloca em jogo o seu pertencer, tem uma consciência pesada. A consciência pesada é tão desagradável que faz com que mude o seu comportamento de tal forma que possa pertencer novamente. Assim atua a consciência pessoal. Naturalmente, que é apenas uma de suas funções.
          A consciência coletiva é uma instância que não atua pessoalmente, mas coletivamente, isto é, é uma instância da qual participam igualmente vários membros da família. Essa consciência abarca os filhos, os pais, os irmãos dos pais, os avós, algumas vezes um ou outro dos bisavós e todas as pessoas que através de desvantagem ou prejuízo possibilitaram vantagem a outros do sistema. Dentro desse grupo ou desse sistema, a consciência coletiva atua como uma instância que vela para que nenhum dos membros seja excluído.
          Portanto, se um dos membros não é reconhecido, é difamado ou é esquecido, então essa consciência vela para que essa pessoas seja representada por outros membros da família. Isso significa, então,  o destino desse membro, sem que ele saiba disso. Portanto, quando um membro de uma  família é escolhido pela consciência coletiva para representar outro membro que foi excluído, então para esse membro que foi escolhido isso é um destino, sem que entenda as conexões.
          Quando se sabe como essa consciência coletiva inconsciente atua, pode-se libertar essa pessoas desse destino. Então, através da Constelação, acolhe-se a pessoa excluída na família ou grupo, reverenciando-a. Assim , ninguém mais precisa imitá-la."
A fonte não precisa perguntar pelo caminho- Bert Hellinger

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Na próxima semana detalharei um pouco mais sobre a Consciência Pessoal. Acho importante percebermos que as vezes somos tragados por algo em nossa vida e não conseguimos compreender o porquê.... 
A Constelação Familiar , neste sentido, é um caminho para esta compreensão levando a um apaziguamento interior. Nela fazemos a inclusão dos excluídos no sistema familiar.
Boa semana à todos!
Tais

domingo, 16 de setembro de 2012

Conselheiro




 "Quando o sono debruça meus pensamentos no travesseiro eles se acomodam lentamente e adormecem.
Dizem que o melhor conselheiro é o travesseiro e complemento a afirmativa, assegurando que, no que me diz respeito, uma boa noite de descanso ilumina o dia seguinte.
Ao acordar meus pensamentos se espreguiçam, formam fila e se dão as mãos. Enquanto sorvo as delícias de um café, eles silenciosamente aguardam para se manifestarem.
Então, um facho de luz adentra pela janela e clareia cada um deles ao nível de uma transparência absoluta e, o que me parecia intrincado e obscuro, preocupações e angústias, se esclarece instantaneamente. Os pensamentos se harmonizaram no repouso e em sincronia ocupam o espaço que lhes é devido e inerente. Um por um, eles começam a conversar comigo. Ouço atentamente seus argumentos. E resolvo equações de toda ordem.
Esses momentos matutinos têm especial significado para compor minha jornada diária. Parece existir um acordo de pacificação entre meus neurônios e minhas emoções de tal modo que à luz do amanhecer o que antes era hipótese se transforma em tese. Ou seja, o que era suposição se transmuda em proposição.
O “travesseiro” produz tais efeitos ao servir de apoio para nossos pensamentos. Aconselha, organiza, sereniza. Age com prudência, sabedoria e bom senso necessário. “Se conselho fosse bom não se dava, se vendia” é um dito popular que não se aplica aos conselhos do travesseiro porque ele os oferece gratuitamente, sem ônus algum.
Pois, em algumas situações da vida, nos sentimos como escreveu Amado Nervo: “Senhor, eu também tenho uma coroa de espinhos. A coroa dos meus torturantes pensamentos”.
Tantas e quantas vezes somos assolados por incertezas complicadas ao anoitecer que se tornam certezas simples ao amanhecer. Por essas e por outras, decisões não devem ser tomadas à noite. É ponderado resolver questões, após uma troca de ideias com o travesseiro, ao clarear do dia.
Desconheço as propriedades intrínsecas desse aparato de descanso, mas tenho constatado que são de grande e inestimável eficácia.
“Não há nada como um dia após o outro”. A noite escura acalanta a alma com cantigas suaves e recebe o dia com a suavidade da aurora.
Depende de mim, depende de ti, construir o dia com o equilíbrio das coisas ajustadas.
E ademais, “o que não tem solução, solucionado está”. Coloquem-se mãos à obra ao que pode, deve e merece ser resolvido.
O resto é superficial. Exceto o travesseiro."

Maria Alice Estrella - escritora

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Acordar um pouco mais cedo e relaxar é acrescentar qualidade ao nosso dia.
Tentar chegar ao silêncio, independente da cabeça sair passeando nos pensamentos, trás qualidade, percepção mais clara e compreensão daquilo que necessitamos "olhar". Sempre poderemos retornar "à nossa casa"... depende unicamente da disciplina e vontade de fazê-lo! 
Somente isso ( a disposição de colocar-se) já nos conduz ao necessário...
Que tal iniciar esta rotina? Experimentem...

domingo, 9 de setembro de 2012

Higiene da Alma


          "A higiene da alma é diferente da higiene da corpo, mas uma está relacionada com a outra. Faz parte da higiene da alma que ela saiba que está inserida num todo maior e que também o reconheça.
Em primeiro lugar, estamos ligados a família a qual pertencemos, então ao clã familiar e ao nosso meio-ambiente. Das Constelações podemos ver que a alma nos transcende, que estamos em uma alma e não uma alma em nós.
          Portanto, faz parte da higiene da alma submetermos a essa alma maior. Que nós, por exemplo, aprendamos a entender que essa alma maior nos governa para o bom e, quando mão entendemos as suas leis ou as desrespeitamos, para a doença, também."

            Nas Constelações Familiares atuam forças que não entendemos. Se vou explicar algo, isto tira a força do meu trabalho. Gostaria de revelar mistérios através das explicações, mas elas também continuariam sendo misteriosas...Ficar parada diante do mistério é a mais importante fonte de força para o terapeuta. A morte ou os mistérios dos destinos, de relações de vínculos que alguém assume sem saber, e que foi tomado a serviço de algo que não entende...isso é um limite e ficar parada diante dele é o grande trabalho, não suportável por muitos terapeutas.

          "Esse recolher-se e ficar no limite custa muita força, especialmente no início. Este vazio entre o mistério é difícil de suportar. Procuramos explicações para banir a ameaça do mistério.
          Quando alguém recebe um diagnóstico com relação ao seu estado, sente-se frequentemente melhor, mesmo quando o diagnóstico é falso, porque de repente tem uma explicação para algo inexplicável. Muitas religiões, por exemplo, têm a função de explicar o inexplicável ou revelar mistério ou para compreender o que fica, na verdade, oculto e incompreensível.
          A postura de ficar parado é a mais adequada ao mistério. Do respeito frente a esse mistério, algo flui do oculto. Muitas soluções ou palavras que emergem desse trabalho me são presenteadas , porque fico parado perante o mistério.
          Começo a constelar uma família sem que saiba para onde me leva. Dou o primeiro passo, então espero, chego a um limite, não sei como vai prosseguir e, de repente, através da postura de ficar parado, chega a mim, como um relâmpago, uma indicação de como agir. Frequentemente á tão inesperado que dá medo e, algumas vezes, até parece ser algo perigoso. Se, nesse momento, reflito:" Posso fazer isso ou não?" - e por assim dizer, interrogo o mistério - então ele se afasta imediatamente de mim e fico sem força.
          É verdade que se podem aprender certas regras sobre as constelações familiares, porque certos padrões se repetem. Posso utilizá-las porque as conheço. Mas se  se me deixo levar por elas, não estou mais em conexão com as forças mais profundas e talvez alcance muito pouco. O essencial que comove e transforma só pode ocorrer quando nos recolhemos.
Quando alguém senta ao meu lado e entra, imediatamente,  num sentimento profundo quando tomo a sua mão, isso não significa que que o simples fato de ter pegado a sua mão esteja atuando,, mas porque ele sabe que isso não me causa medo. Seu sentimento fica acolhido, porque não tenho intenção e porque estou internamente vazio.
          Nesse tipo de terapia trata-se dessas posturas, nem tanto de aprender como se faz isso ou aquilo. Porque o aprender não faz jus à riqueza da alma."

Trechos extraídos do livro -  A fonte não precisa perguntar pelo caminho- Bert Hellinger

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Às vezes, apos uma Constelação, o cliente me diz: "Não entendi nada"...
Sempre respondo que não é necessário entender. O que precisamos é confiar que a  a grande alma fará seu trabalho. A Constelação atua aos poucos, conforme nos é permitido.
Assistir/fazer uma constelação nos tira do julgamento e nos proporciona compreensão, que é completamente diferente.
Também é possível que alguém diga: "Para mim não mudou nada", e a pergunta a seguir é: "Você permitiu/colaborou?"
Percebemos muitas vezes nas constelações, a necessidade de que algo precisa ser feito ou modificado em nossa postura... e se isso não ocorre...ela não fará a mágica da mudança "sem um querer do constelado". 
Todo trabalho é feito com a diretriz para solução... temos que ter isso em mente. Assim como também devemos ter claro que acontecerá somente o necessário para aquele momento, sem julgamentos de que o que se mostrou é bom ou ruim. Às vezes é necessário que fique ruim para depois melhorar... Olhar para algo e ver que "não é bem assim que eu via ou imaginava", pede uma mudança de postura. 
A constelação não "se engana". Ela é um trabalho da alma...muito simples e verdadeiro!
Busquem conhecer este trabalho, pois dificilmente ela não provocará uma mudança em seu olhar!
Um grande abraço aos meus leitores e boa semana.
Taís

domingo, 2 de setembro de 2012

As sete etapas de mudança da consciência



 "O processo de percepção da mudança tem início quando compreendemos quem acreditamos ser. O conjunto de hábitos, atitudes e crenças que acumulamos em nós mesmos revela quem acreditamos ser. Os acontecimentos podem suceder-se continuamente, mas não há nenhuma mudança real em nós até que um desses acontecimentos realmente desafie a nossa percepção daquilo que somos. É bem possível simplesmente resistir, com a mesma determinação, até o próximo grande evento. Porém, assim que uma crença profundamente arraigada em nós próprios é 
realmente submetida a um desafio, começa o movimento ritmado da mudança. 
Podemos resistir ou participar desse movimento — geralmente é essa a ordem das opções — mas afinal acabaremos resolvendo o conflito entre o status quo e o desafio, tomaremos um novo rumo, suportaremos a necessária purgação dos velhos hábitos e, finalmente, acabaremos por entregar-nos inteiramente ao novo.  
Essa jornada, através dos sete estágios de mudança consciente, é o tema 

1. A primeira etapa é a forma. Esta é a crença fundamental que conservamos a nosso próprio respeito em qualquer área. Ela define os limites de nossa percepção, dita nossas opiniões e, o que é mais importante, instaura a nossa realidade pessoal. É nesse ponto que toda mudança se inicia. 

2. Com a segunda etapa, o desafio, inicia-se uma dinâmica no processo de mudança. Alguma coisa vai acontecer, ou então ficamos expostos a algo ou a alguém que altera o status quo, e a nossa Forma original não funciona mais. 

3. Para dentro desse vácuo flui a resistência, o terceiro e normalmente desconfortável ciclo de mudança, em que a nossa antiga maneira de ser e a nossa nova percepção se confrontam numa batalha de ambivalência e indecisão. A lógica, o 
condicionamento e a história argumentam em favor do passado, mas o empurrão mais forte se dá em direção ao novo. 

4. Ao fim e ao cabo, somos resgatados pelo quarto estágio — o despertar. Essa é a parte alegre do ciclo, quando ocorre uma ruptura frente à luta anterior. A essa altura, damos a guinada crítica, da indecisão para o novo ponto de vista. 

5. Em seguida vem o compromisso. Esse é o ponto do ciclo em que investimos todos os nossos recursos — tempo, dinheiro, energia — numa nova direção. Nesse estágio, defrontamo-nos Com uma série de escolhas que nos ajudam a deixar claro o nosso novo objetivo. 

6. A purificação é a próxima e inevitável etapa — aquela que nos toma inteiramente de surpresa. É o período em que ocorre a verdadeira transformação. Essa etapa freqüentemente é dolorosa. Antigas mágoas e medos reprimidos durante as fases anteriores do processo ressurgem para serem reconhecidos e, por fim, 
transformados. É tempo de morrer para o velho. É tempo de pôr à prova a nossa fé no novo. 

7. Finalmente, chegamos ao último estágio — a entrega. Esse é o ponto no processo de mudança em que de fato nos transformamos na nova crença. Esse estágio é caracterizado por síntese e integração. O novo se funde com o ser total e a forma antiga fica sendo apenas uma lembrança. 


 Quando os acontecimentos do mundo exterior desafiam as nossas crenças — a nossa forma — resta-nos a alternativa de nos recusarmos a mudar. Podemos negar o novo, defender o velho e nos agarrar tenazmente ao nosso conhecimento já atingido. 
Ou então podemos parar, prestar atenção e perguntar: 
"O que eu posso aprender com esse desafio? 
Como posso me tornar realmente consciente com isso?" 
Estamos sempre fazendo escolhas, consciente ou inconscientemente, que dizem respeito ao nosso mundo interior. Essas escolhas criam padrões que atraem certos tipos de experiências futuras. Quando decidimos pôr em prática os desafios que nos forçam a confrontar nossas idéias a respeito de nós mesmos, quando decidimos empregar acontecimentos reais como degraus de apoio, tendo em vista uma compreensão maior, optamos então pela mudança consciente."

As sete etapas de uma Transformação Consciente -  Karpinski, Gloria  D. - Editora: Pensamento  

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Com esta leitura podemos "abrir" algumas portas, nos avaliarmos 
(em que estágio estou?)...e talvez, a partir daí começarmos um verdadeiro processo de mudança consciente.
Uma coisa é certa: mais cedo ou mais tarde estaremos frente a necessidade da mudança, uma vez que estamos aqui para fazermos transformações e evoluirmos.
A vida não nos coloca frente às mesmas dificuldades  à toa...ela é tão sábia, que repete as situações para que vejamos com clareza ...
Uma boa semana
Tais