domingo, 29 de abril de 2012

O Luto


      Quando alguém morre e olhamos para seus efeitos, parece que os mortos se afastam lentamente de nós, como se ainda permanecessem em nossa proximidade por algum tempo.
Aqueles pelos quais não fizemos luto ou não respeitamos ou que foram esquecidos permanecem especialmente por muito tempo. Aquele dos quais não se quer mais saber de nada ou dos quais se tem medo permanecem especialmente por muito tempo.
      O luto é concluído quando cedemos à dor e através da dor respeitamos os mortos. Quando fazemos luto pelos mortos e os respeitamos eles se afastam. Então a vida para eles termina e eles podem ficar mortos.
      Tem um soneto de Rilke sobre Orfeu, Eurídice e Hermes. Nele se diz sobre Eurídice: “Ela estava em si. E a sua morte a completava como plenitude.”
      Estar morto é completude. Se tivermos esta imagem dos mortos, então a nossa postura perante eles é outra. Isto é válido também para os que morrem bem precocemente, também para as crianças notimortas. Nós temos aqui, talvez, a idéia de que elas perderam algo. O que poderiam ter perdido? O essencial permanece antes e depois. Dele emergimos através da vida e nele mergulhamos de volta, depois da vida.
      Se soltamos os mortos, eles atuam agradavelmente sobre nós, sem que nos importunem e sem que seja necessário um esforço especial de nossa parte. Aquele que, pelo contrário, faz luto por muito tempo, segura os mortos, embora eles queiram partir. Isto é ruim, tanto para os vivos quanto para os mortos. Freqüentemente encontramos um longo luto em casos onde alguém ainda está em dívida com o morto e não reconhece isso.
      Amantes não fazem luto por um longo tempo. Freud observou isso no Presidente Wilson. Quando ele se casou de novo, após um ano da morte de sua mulher, Freud escreveu: “Esse é um sinal de que ele amou a sua primeira mulher.”
Quando se amou e se fez luto, então a vida pode continuar e os queridos mortos concordam com isso.
Bert Hellinger – O Essencial é Simples
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Tenho percebido em minha experiência que a maioria das pessoas imaginam que o luto foi feito. Como imaginam isso?
Elas acham que aceitaram a morte do ente querido, e pensam com veracidade nisso...
Posso dizer que na maioria das vezes não fizeram o luto. E suas vidas ficam paradas, estacionadas naquele ponto - na morte do ente querido.
Através das Constelações Familiares, apresenta-se um tema muito diferente do luto, por exemplo: “Minha vida está estagnada e eu não durmo”.
A Constelação nos mostra um caminho... e se houver luto não elaborado, com certeza aparecerá de forma muito clara.
Eu passei por uma experiência de perda de um familiar e jamais imaginei que de minha parte, o luto não tivesse sido feito . E depois de trabalhado este tema na Constelação, senti um alívio muito grande, indescritível eu diria.
Muitas pessoas dizem: “Mas eu não quero esquecer meu familiar.” Aí, na Constelação, é possível ver de forma quase sempre clara, as conseqüências desta atitude.
Isto sempre é feito com muito amor e respeito pelos mortos, honrando-os e dando um lugar na família.
Tais

sábado, 21 de abril de 2012

Diferença lógica entre Religião e Espiritualidade.

 


"Não leia com o intuito de contradizer ou refutar, nem para acreditar ou concordar, tampouco para ter o que conversar, mas para refletir e avaliar." Sir Francis Bacon(1561-1626)


A religião não é apenas uma, são centenas.
A espiritualidade é apenas uma.

A religião é para os que dormem.
A espiritualidade é para os que estão despertos.


A religião é para aqueles que necessitam que alguém lhes diga o que fazer e querem ser guiados.
A espiritualidade é para os que prestam atenção à sua Voz Interior.
A religião tem um conjunto de regras dogmáticas.
A espiritualidade te convida a raciocinar sobre tudo, a questionar tudo.


A religião ameaça e amedronta.
A espiritualidade lhe dá Paz Interior.
A religião fala de pecado e de culpa.
A espiritualidade lhe diz: "aprenda com o erro"...
A religião reprime tudo, te faz falso.
A espiritualidade transcende tudo, te faz verdadeiro!
A religião não é Deus.
A espiritualidade é Tudo e, portanto é Deus.


A religião inventa.
A espiritualidade descobre.

A religião não indaga nem questiona.
A espiritualidade
questiona tudo.

A religião é humana, é uma organização com regras.
A espiritualidade é Divina, sem regras.



A religião é causa de divisões.
A espiritualidade é causa de
União.

A religião lhe busca para que acredite.
A espiritualidade você tem que buscá-la.

A religião segue os preceitos de um livro sagrado.
A espiritualidade
busca o sagrado em todos os livros.


A religião se alimenta do medo.
A espiritualidade se alimenta na Confiança e na Fé.

A religião faz viver no pensamento.
A espiritualidade faz Viver na Consciência.
A religião se ocupa com fazer.
A espiritualidade se ocupa com Ser.



A religião alimenta o ego.
A espiritualidade nos faz
Transcender.

A religião nos faz renunciar ao mundo.
A espiritualidade nos faz viver em Deus, não renunciar a Ele.

A religião é adoração.
A espiritualidade é
Meditação.


A religião sonha com a glória e com o paraíso.
A espiritualidade nos faz viver a glória e o paraíso aqui e
agora.
A religião vive no passado e no futuro.
A espiritualidade
vive no presente.

A religião enclausura nossa memória.
A espiritualidade
liberta nossa Consciência.


A religião crê na vida eterna.
A espiritualidade nos faz consciente da vida eterna.
 
A religião promete para depois da morte.
A espiritualidade é encontrar Deus em Nosso Interior durante a vida.

Texto é do Prof. Dr. Guido Nunes Lopes,
Graduado em Licenciatura e Bacharelado em Física pela Universidade Federal do Amazonas (FUAM, 1986), Mestrado em Física Básica pelo Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo (IF São Carlos, 1988) e Doutorado em Ciências em Energia Nuclear na Agricultura pelo Centro de Energia Nuclear na Agricultura da Universidade de São Paulo(CENA,2001).

terça-feira, 17 de abril de 2012

Palestra Vida e Educação do Ser

Caros amigos do blog
Faço parte deste Grupo há mais de 10 anos e sinto-me privilegiada de um dia ter tomado contato com ele.
Trata-se de um trabalho que podemos praticar em nossa vida cotidiana, sem precisar retirar-se dela.
Uma escola para a vida onde trabalha-se  mente, corpo e o sentimento.
Gostaria de convidá-los a repartir comigo esta grande oportunidade. Estarei lá para recebê-los.

O primeiro evento, no dia 18 no Biocentro, é uma palestra, Vida e Educação Hoje, no qual será apresentada a aplicação dos ensinamentos do Sr Gurdjieff à educação de crianças, jovens e adultos, a partir das experiências práticas coletadas nas escolas que seguem esta orientação, especialmente na Venezuela, Perú e Chile. Para tanto estarão conosco dirigentes da Fundação Etievan de Caracas, que coordena este trabalho para toda a América Latina.

O segundo, dia 21 na sede do Instituto em Curitiba, será uma vivência, Movimentos de Gurdjieff, uma rara oportunidade de experimentar um dos mais importantes aspectos do conhecimento tradicional com instrutores treinados na linha de orientação da Senhora Jeanne de Salzmann, que recebeu do Sr. Gurdjieff o encargo de preservar este importante aspecto do conhecimento.

George Ivanovich Gurdjieff, que viveu entre os fins do século XIX e meados do século XX, foi um buscador e um mestre - mestre de dança como dizia - trouxe para o ocidente importantes conhecimentos da tradição oriental e dedicou grande parcela de sua vida a desenvolver um sistema que permitisse aos homens e mulheres contemporâneos vivendo no mundo, com todas as suas exigências, buscar a realização do real sentido de suas vidas.

A Palestra será gratuita, bastando inscrever-se, para a Vivência será cobrada uma taxa de R$ 50,00.

Serão momentos especiais que gostaria de compartilhar com você.
Mais inforções sobre o Instituto Gurdjieff você encontra na página:
https://www.facebook.com/InstitutoGurdjieffCuritiba

Caso tenha interesse, é imprescindível sua inscrição  
http://www.formfacil.com/art1959/gurdjieff

A palestra ocorrerá no BIOCENTRO, na rua Padre Anchieta 1846 piso CS, às 20:00 h do dia 18 de abril.

A vivência na sede do Instituto Gurdjieff em Curitiba, dia 21 de abril das 09:00 h às 12:00 h. Nossa casa é na rua Soldado Giovanni dal Negro: transversal à rua Padre José Kentenich, logo após o Santuário de Nossa Senhora de Schoenstatt. A rua Padre José Kentenich começa na rua Eduardo Sprada na altura do número 2714 no Campo Comprido, como mostra o mapa abaixo.

domingo, 15 de abril de 2012

Algo sobre doenças psicossomáticas


      "Gostaria de dizer algo sobre doenças psicossomáticas.
Com relação a doenças psicossomáticas, muitos têm a idéia de que a doença vem da alma, e que vai embora quando se coloca a alma em ordem.
Eles consideram, com isso, a alma como algo que se usa para ficar saudável, como quando se toma um remédio e se fica saudável novamente. Mas a alma não se deixa ser usada para a saúde. Os seus objetivos são muito além disso. O importante é conquistar a alma para que nos ajude. Por exemplo, a medida em que a respeitamos e nos deixamos levar por ela e sua determinação, mesmo que esse conduzir seja através de uma doença.
      Muito frequentemente, a doença psicossomática é tratada como se não  se tratasse da alma e do corpo, mas do eu e do corpo. No entanto, isso não seria psicossomática, mas egossomática, poderia se denominar assim. Quando, por exemplo, se diz: "Isso é consicionado pela alma, por isso contenha-se", não queremos dizer a alma, mas o eu. À alma, submete-se. Esse submeter-se é algo bem humilde, e essa humildade cura.
      Isso vale para os terapeutas também. Que eles se afastem do que planeja e entre em sintonia com os movimentos do doente. Que sinta o movimento da alma, acompanhe esse movimento e faça justiça a eles frente às idéias e desejos do doente. Quando, então, a alma tem chance, existe algo que tem um bom efeito, Está-se com os pés no chão e se confia nas forças que vem de dentro.
      Frequentemente, clientes e pacientes vêm para o terapeuta  e dizem: ajude-me, constele agora a minha família para que fique novamente bem. Isso é um apelo ao imaginário do terapeuta, como se ele tivesse esse poder. Se o terapeuta cair nessa e agir de acordo com isso,  então a alma não vai vibrar, e o trabalho está fadado ao fracasso."

O essencial é simples- Bert Hellinger - Atman

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O principal aspecto a ser cuidado pelo Constelador é deixar seu querer, e obedecer aos movimentos da alma.
As vezes a solução não parece boa para o cliente e ele até apresenta "um certo desapontamento"... E , creia, até este desapontamento tem um objetivo que é da alma, do sistema, e não do terapeuta.
Essa postura precisa ser humilde...pois é a única forma de trabalhar a favor das soluções, não importando qual seja ela.
No início de minha jornada com os ensinamentos de Bert Hellinger foi muito difícil, pois estava acostumada com o saber do intelecto. Não imaginava que este saber pode conter muita arrogância.
Aos poucos, experimentando em minha vida , na formação ( que foi toda vivencial), fui compreendendo que "ceder ao que há" é sempre o mais  efetivo para meu sistema, para minhas aprendizagens.
Hoje olho para toda essa caminhada e agradeço a tudo, até mesmo as dificuldades, as dores, os sofrimentos - que afinal -  porporcionaram meu crescimento até aqui.
Obrigada...e que assim seja!
Meu abraço carinhoso aos leitores!
Tais

domingo, 8 de abril de 2012

A Casa de Hóspedes - Rumi




O ser humano é similar a uma casa de hóspedes
cada dia chega alguém novo à sua porta.

Uma alegria, uma decepção, uma mesquinhez,
um momento de consciência se apresentará
como visitante inesperado.

Dê-lhes boas vindas e entretenha-os a todos!
Inclusive se é uma multiplicidade de sofrimento
a que violentamente varre sua casa
e a esvazia de seus móveis.
Ainda assim, trata a cada hóspede honoravelmente,
já que poderá estar esvaziando-te
para um novo prazer.

Veja a porta de entrada e recebe com um sorriso
o pensamento obscuro, a vergonha, a malícia,
e convida-os a passar.

Seja agradecido com qualquer um que venha,
porque cada um foi enviado
como um Guia do Além.

Rumi  (Mestre Sufi do sec. XII)
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      Diariamente somos bombardeados por estímulos que nos direcionam a repelir o sofrimento, seja ele de qualquer natureza.
Se temos uma dificuldade, um problema, queremos imediatamente nos livrarmos dele.
      Se você tem lido as postagens anteriores, lembrará que tenho dado  grande ênfase aos ensinamentos que nos direcionam a receber este sofrimento como oportunidade de aprendizagem... E que tudo que queremos mandar embora, fixa-se com maior intensidade em nossa vida.
Assim como também se - ao contrário - os "tomamos com amor" ele chega, cumpre a que veio e, como tomado com amor, parte!
      Se você passar a observar a natureza, verá que o macro contém o micro, e que a recíproca é verdadeira...Assim também acontece com as dificuldades e com a felicidade - elas são iguais. E como iguais, devemos recebê-las, honrá-las e deixá-las em paz...assim cada uma segue seu caminho deixando-nos livres para as novas experiências!
      Uma linda semana à todos!
      Tais

domingo, 1 de abril de 2012

Conto Samurai


      Um guerreiro, um samurai, foi ver o Mestre Zen Hakuin e lhe perguntou: Existe o inferno? Existe o céu? Onde estão as portas que levam à eles? Por onde posso entrar?
      Era um guerreiro simples, singelo. Os guerreiros sempre são simples, sem astúcia em suas mentes, sem matemáticas.Só conhecem duas coisas:  vida e morte. Ele não havia vindo para aprender nehuma doutrina; somente queria saber onde estavam as portas, para poder evitar o inferno e entrar no céu. Hakuin lhe respondeu de uma maneira que somente um guerreiro poderia ter entendido.
      "Quem és? " lhe perguntou Hakuin.
      "Sou um samurai", respondeu o guerreiro. No Japão, ser um samurai é algo que dá muito prestígio. Quer dizer que és um guerreiro perfeito, um homem que não duvidaria um segundo em arriscar sua vida.
      "Sou um samurai, um chefe de samurais. Até mesmo o imperador me respeita", disse.
      Hakuin riu e contestou; "Um samurai, tu? Pareces um mendigo."
      O orgulho do samurai se sentiu ferido e esqueceu para que havia vindo. Sacou sua espada e já estava a ponto de matar Hakuin qundo este lhe disse: "Esta é a sua porta do inferno. Esta espada, esta ira, este ego, te abrem a porta".
      Isto é o que um guerreiro pode compreender. Imediatamente o samurai entendeu. Colocou novamente a espada em seu cinto e Hakuin disse: "Aqui se abre as portas do céu".
      O céu e o inferno estão dentro de ti. Ambas as portas estão dentro de ti. Quando te comportas de forma inconsciente, estás nas portas do inferno; quando estás alerta e consciente, estás com as portas do céu.
      A mente é o céu, a mente é o inferno e a mente tem a capacidade de converte-se em qualquer uma delas.  Porém a gente segue pensando que existem em alguma parte,  fora delas mesmas... O céu e o inferno não estão no final da vida, estão aqui e agora. A cada momento as portas se abrem... em um segundo pode-se ir do inferno ao céu, do céu ao inferno.

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      Como "sacar" o exatato momento em que podemos entrar no céu ou no inferno?
Apenas com um trabalho interior, uma busca de autoconhecimento que pode ocorrer de diversas formas; atraves de um terapeuta, uma religião, um amigo,  um grupo...
Para cada um é de uma forma. Mas o importante é que exista a busca para se ter uma presença e não se deixar levar pelas influências internas e externas, pois elas nos levam a reações em função do que está a nossa volta.
Algúem diz algo que não gosto e isso é o suficiente para estragar o meu dia...quanta escravidão, não?
Que tal empreender a sua busca para ter "um pouco" mais de liberdade?
Uma ótima semana para vocês, pois eu terei uma maravilhosa: estarei no Congresso Brasileiro dos Grupos Gurdjieff no Rio e Janeiro, onde o foco é sempre "apenas" o crescimento pessoal através do  autoconhecimento.
Tais