segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Você consegue sobreviver à tempestade



Você consegue sobreviver à tempestade
"Existem vários métodos simples para cuidar das emoções intensas. Um deles é a respiração abdominal. Quando forem tomados por uma forte emoção, como o medo ou a raiva, levem a atenção para o abdômen. Permanecer no nível do intelecto é perigoso, porque as emoções intensas são como uma tempestade, e ficar no meio de uma tormenta é  muito arriscado. No entanto, é isso que quase todos nós fazemos quando remoemos os problemas e sofrimentos na mente, deixando que os sentimentos nos esmaguem. Em vez disso, temos que nos estabilizar levando a atenção pra baixo. Focalizem a região do ventre e pratiquem a respiração consciente, dedicando integralmente sua atenção ao subir e descer o abdômen. Podemos fazer essa respiração sentados ou deitados.
Quando olhamos pra uma árvore durante uma tempestade, vemos que o topo da árvore é extremamente instável e vulnerável. O vento pode quebrar a qualquer momento os galhos altos. Mas quando examinamos o tronco, nossa impressão é diferente. Percebemos que a árvore é bem sólida e imóvel, e sabemos que ela conseguirá resistir à tempestade. Nós somos como a árvore. Nossa cabeça é como o topo da árvore e, por isso, durante a tempestade de  uma forte emoção, temos que levar a atenção para o nível do umbigo e começar a praticar a respiração consciente, concentrando-nos exclusivamente na respiração e no subir e descer do abdômen. Trata-se de uma prática muito importante porque ela nos ajuda a ver que, embora uma emoção possa ser muito intensa, ela fica conosco durante algum tempo e depois vai embora. As emoções não duram para sempre. Tenha certeza: se você se exercitar nessa prática nos momentos difíceis, você sobreviverá à tempestade.
Você precisa estar consciente de que sua emoção é apenas uma emoção. Ela vem, fica com você algum tempo e depois vai embora. Por que alguém deveria morrer por causa de uma emoção? Você é mais que suas emoções. É muito importante se lembrar disso. Durante uma crise, quando você inspirar e expirar, permaneça consciente de que a emoção ira embora se você continuar a praticar. Depois de ter êxito algumas vezes, você passará a confiar em si mesmo e na prática. Não vamos nos deixar dominar pelos nossos pensamentos e sentimentos. Vamos levar a atenção para o abdômen e inspirar e expirar. Não tenha medo e repita pra si que a tempestade irá embora.”

Este texto foi transcrito do livro “Aprendendo a Lidar com RAIVA. Sabedoria Para a Paz Interior” - Thich Natt Hanh
Ele é um monge Budista e indica em seu livro, maneiras muito simples de lidar com a Raiva.
A primeira vez que o li, senti vergonha por não praticar algo tão simples e de tanta eficiência. Ele me tocou profundamente e passei para as práticas indicadas. Elas foram e estao sendo de grande auxílio para mim.
Fiz muitas indicações à clientes e amigos e todos, sem exceção, ficaram da mesma forma encantados com o livro. Recomendo.
A edição está esgotada mas poderá ser encontrado no seguinte endereço:
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Carinho aos leitores
Tais

domingo, 20 de novembro de 2011

O que alcançam as terapias individuais, de família e as constelaçoes.

(A Família- Tarsila do Amaral)

Muitos problemas surgem porque nós nos agarramos, por assim dizer, ao próximo e ao restrito. Quando olhamos  para os nossos problemas, ou para os problemas num relacionamento, ou outro qualquer, então olhamos muitas vezes apenas para o estreito, o próximo, o nítido, e todo o contexto a que isso pertence, nos escapa.Entretanto, o estreito e o próximo só tem o seu significado e sua força na ligação com aquilo que os ultrapassa. Por isso, via de regra, a solução consiste em ir para além do estreito e do próximo para o distante, para o  amplo. Então, em vez de olharmos para nós mesmos, por exemplo, para os nossos desejos e para aquilo que vemos como nossos problemas ou como nossas feridas ou nossos traumas, olhamos para os nossos pais, para a família.
De repente, estamos ligados a algo mais, estamos ligados a muitos. Então, aquilo que experimentamos como algo nefasto ou que causa sofrimento tem seu lugar em um contexto maior.
     Mas quando olhamos somente a família, depois de algum tempo, a visão fica novamente estreita. Precisamos então ultrapassar com o olhar para além dela, e incluir de novo o todo em nossa atenção, percepção e também em nosso amor e abrir-nos. Então existe um caminho para fora daquilo que talvez pareça ser insolúvel na família.
     Existe, também  na psicoterapia, um desenvolvimento em direção à amplidão. Existe a psicoterapia que se dedica preponderantemente ao indivíduo, por exemplo, aos seus sentimentos. Aí, talvez, tudo seja desmembrado, entretanto o indivíduo não ultrapassa a si próprio.
     Existe tammbém a terapia familiar que inclui um contexto maior. Ela pode trazer soluções que não são possíveis na terapia individual. Contudo, a terapia familiar permanece ainda ilimitada.
    Então se pode ir além da terapia familiar, para algo maior. Isso se torna possível se nos deixarmos conduzir pelos movimentos da alma (Constelação Familiar), pois esses movimentos caminham em direção a algo maior.

Tenho sentido em minhas experiências como terapeuta, que no método fenomenologico(Constelaçoes Familiares) me exponho a algo, sem intenção, sem medo, esquecendo de tudo que sabia antes de me colocar frente ao cliente. Me exponho ao contexto, e , de repente, apreendo algo daquele sistema.
Quando trabalho com uma família me exponho a ela como é, sem intenção alguma, mesmo da ajuda... Quase sempre me recolho, e vejo para onde ir...mas naturalmente, não é sempre. Também permaneço limitada. Este é o método fenomelogico de trabalho.
Não se apóia em nehuma teoria e tampouco em experiências anteriores, mas se trabalha o momento. Isso não é facil, pois um processo terapêutico é sempre um risco.
O fenomenologico não tem querer, nem saber, nem temor. Olha-se apenas para aquilo que une, que se mostra como solução. Às  vezes a solução não é o que o cliente "quer"...mas é o real, o necessário naquele momento. O terapeuta necessita confiar naquilo que se mostra, mesmo que desagrade ao cliente.
Esta abordagem é , portanto, uma aprendizagem constante...inclusive para o terapeuta!
Um bom início de semana.
Tais

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Para refletir sobre nossa existência na terra


Me tocou profundamente este vídeo, mas não como uma explicação para a vida e a morte...e sim para refletir sobre nossa existência na terra!
     Começo a ver que vivo dividida entre duas realidades: por uma parte a realidade de minha existência sobre a terra, que me limita no tempo e no espaço, que me ameaça em minha existência e me tenta com outras possibilidades de satisfação; por outra, uma realidade de ser que está distante desta classe de existência. Uma realidade pela qual existe nostalgia, que nos chama, chama a nossa consciência, através de todos os infortúnios, das misérias e decepções, para nos levar a servir o Ser, a uma qualidade divina. Se tomo consciência do mundo apenas para subsistir nele, o Ser essencial morre. Inclusive se subsisto de uma maneira inteligente e razoável, não vejo o sentido de minha vida. Não tenho direção. Estou completamente orientado para a existência exterior, e isso me impede de tomar consciencia de meu Ser genuíno. Por outro lado, quando sinto e recebo a impressão de meu Ser, ele tras consigo a força das funções diferentes daquelas em que sempre vivo. Debaixo desta impressão mudo minha vida e me retiro de isolamento. O mundo me chama sem tomar em conta a voz interior. O Ser reclama sem tomar em conta as exigências da existência. São dois lados diferentes de um mesmo Eu, de um mesmo Ser. Necessitamos adquirir um estado de Ser no qual o Eu está cada vez mais aberto e obediente a ação de uma força essencial em nós mesmos, e ao mesmo tempo sermos capazes de expressar essa força, de permitir fazer sua obra no mundo...
     Quando há consciência - tudo é como precisa ser- sem nos rebelarmos contra aquilo que "nosso Ego" julga ruim.
As dificuldades são apenas degraus para nossa evolução. Através delas pode aparecer o SER, a centelha divina que há em cada um de nós.
Mas para isso é preciso uma busca interior, vontade para experimentar e coragem para aceitar.
As vezes reclamamos de algo e isso está aí apenas para "ser olhado" , e na nossa arrogância de sabermos o que é bom para nós, negamos...
Percebo e constato através de minhas experiências que tudo que nego, que não quero, fica muito maior e toma cada vez mais o controle da minha vida...enquanto a aceitação de tudo o que há ( do jeito que é, da forma que é, como é...) me libera, e cresço com a experiência.
Estou aprendendo  ser grata a tudo!!!
Através disto e de tantas outras buscas percorro também o caminho da consciência. Este é infinito...
Uma bom restante de semana para vocês.
Tais

domingo, 6 de novembro de 2011

Sobre a morte e morrer

Esta é a minha vovó materna ao completar 96 anos em agosto/11, juntamente com tia Ariadne que cuidou com tanto amor dela até o último instante. Obrigada tia...
Vovó partiu dia 1 de novembro/11 e ao ler esta crônica do Rubem Alves entendi exatamente o que tão bem expressou, pois foi assim que agimos com vovó - respeitamos o tempo real dela.
Queria também agradecer as tres cuidadoras da vovó Georgina; Maria Helena, Raissa e Lindaci. Elas cuidaram com Amor, eu sei!
Enfim a vovó descansou e deixou muitas boas lembranças além de ter oportunizado a minha vinda a este planeta, pois se não fosse ela e tantos outros antepassados eu não estaria aqui.
Minhas saudades, querida vovó!
Obrigada...
Tais

Sobre a morte e o morrer
Rubem Alves

O que é vida? Mais precisamente, o que é a vida de
um ser humano? O que e quem a define?


Já tive medo da morte. Hoje não tenho mais. O que sinto é uma enorme tristeza. Concordo com Mário Quintana: "Morrer, que me importa? (...) O diabo é deixar de viver." A vida é tão boa! Não quero ir embora...

Eram 6h. Minha filha me acordou. Ela tinha três anos. Fez-me então a pergunta que eu nunca imaginara: "Papai, quando você morrer, você vai sentir saudades?". Emudeci. Não sabia o que dizer. Ela entendeu e veio em meu socorro: "Não chore, que eu vou te abraçar..." Ela, menina de três anos, sabia que a morte é onde mora a saudade.

Cecília Meireles sentia algo parecido: "E eu fico a imaginar se depois de muito navegar a algum lugar enfim se chega... O que será, talvez, até mais triste. Nem barcas, nem gaivotas. Apenas sobre humanas companhias... Com que tristeza o horizonte avisto, aproximado e sem recurso. Que pena a vida ser só isto...”

Da. Clara era uma velhinha de 95 anos, lá em Minas. Vivia uma religiosidade mansa, sem culpas ou medos. Na cama, cega, a filha lhe lia a Bíblia. De repente, ela fez um gesto, interrompendo a leitura. O que ela tinha a dizer era infinitamente mais importante. "Minha filha, sei que minha hora está chegando... Mas, que pena! A vida é tão boa...”

Mas tenho muito medo do morrer. O morrer pode vir acompanhado de dores, humilhações, aparelhos e tubos enfiados no meu corpo, contra a minha vontade, sem que eu nada possa fazer, porque já não sou mais dono de mim mesmo; solidão, ninguém tem coragem ou palavras para, de mãos dadas comigo, falar sobre a minha morte, medo de que a passagem seja demorada. Bom seria se, depois de anunciada, ela acontecesse de forma mansa e sem dores, longe dos hospitais, em meio às pessoas que se ama, em meio a visões de beleza.

Mas a medicina não entende. Um amigo contou-me dos últimos dias do seu pai, já bem velho. As dores eram terríveis. Era-lhe insuportável a visão do sofrimento do pai. Dirigiu-se, então, ao médico: "O senhor não poderia aumentar a dose dos analgésicos, para que meu pai não sofra?". O médico olhou-o com olhar severo e disse: "O senhor está sugerindo que eu pratique a eutanásia?".

Há dores que fazem sentido, como as dores do parto: uma vida nova está nascendo. Mas há dores que não fazem sentido nenhum. Seu velho pai morreu sofrendo uma dor inútil. Qual foi o ganho humano? Que eu saiba, apenas a consciência apaziguada do médico, que dormiu em paz por haver feito aquilo que o costume mandava; costume a que freqüentemente se dá o nome de ética.

Dir-me-ão que é dever dos médicos fazer todo o possível para que a vida continue. Eu também, da minha forma, luto pela vida. A literatura tem o poder de ressuscitar os mortos. Aprendi com Albert Schweitzer que a "reverência pela vida" é o supremo princípio ético do amor. Mas o que é vida? Mais precisamente, o que é a vida de um ser humano? O que e quem a define? O coração que continua a bater num corpo aparentemente morto? Ou serão os ziguezagues nos vídeos dos monitores, que indicam a presença de ondas cerebrais?

Confesso que, na minha experiência de ser humano, nunca me encontrei com a vida sob a forma de batidas de coração ou ondas cerebrais. A vida humana não se define biologicamente. Permanecemos humanos enquanto existe em nós a esperança da beleza e da alegria. Morta a possibilidade de sentir alegria ou gozar a beleza, o corpo se transforma numa casca de cigarra vazia.

Muitos dos chamados "recursos heróicos" para manter vivo um paciente são, do meu ponto de vista, uma violência ao princípio da "reverência pela vida". Porque, se os médicos dessem ouvidos ao pedido que a vida está fazendo, eles a ouviriam dizer: "Liberta-me".

Dizem as escrituras sagradas: "Para tudo há o seu tempo. Há tempo para nascer e tempo para morrer". A morte e a vida não são contrárias. São irmãs. A "reverência pela vida" exige que sejamos sábios para permitir que a morte chegue quando a vida deseja ir. Cheguei a sugerir uma nova especialidade médica, simétrica à obstetrícia: a "morienterapia", o cuidado com os que estão morrendo. A missão da morienterapia seria cuidar da vida que se prepara para partir. Cuidar para que ela seja mansa, sem dores e cercada de amigos, longe de UTIs. Já encontrei a padroeira para essa nova especialidade: a "Pietà" de Michelangelo, com o Cristo morto nos seus braços. Nos braços daquela mãe o morrer deixa de causar medo.